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Polí­tica

Foto: Antônio Gonçalves

O equilíbrio entre a preservação dos recursos hídricos e a produção agropastoril no Estado do Tocantins foi apontado pelo deputado Paulo Mourão (PT), durante o "Encontro das Águas", promovido pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), como algo necessário no processo de combate à crise hídrica atual, sem comprometer o futuro do setor produtivo. “`Para produzir precisamos da sustentabilidade”, asseverou o deputado que defendeu ainda investimentos na promoção desse equilíbrio ambiental.

Segundo o parlamentar, a demanda por alimento só aumentará nos próximos anos, sendo que sem água não há como ter produção. Paulo Mourão destacou a necessidade de se fazer um estudo das bacias hidrográficas do Tocantins, através da UFT, para direcionar investimentos com fins de preservação. Para o deputado, a sociedade tem que se sobrepor ao poder político exigindo ações concretas. “Precisamos sair do discurso e colocar as ações em prática, se não vamos perecer”, alertou.

A ideia do evento para debater o que fazer para preservar os mananciais do Tocantins surgiu de reunião ocorrida dia 30 de agosto, intermediada por Mourão, entre representantes da Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins (APROEST) e o reitor da UFT, Luiz Eduardo Bovolato. Na ocasião, Paulo Mourão pediu apoio técnico-científico para a universidade, no sentido de buscar soluções para a crise hídrica, enfrentada pelos rios Formoso e Javaés, responsáveis por abastecer a produção agrícola da região do Vale do Araguaia.  “Na ocasião, eles vieram nos consultar para saber o que poderia ser feito para amenizar a crise hídrica no Estado do Tocantins, foi quando decidimos pela realização de um debate entre Governo do Estado, setor produtivo, comunidade acadêmico e a sociedade”, lembrou o pró-reitor da Propesq, Raphael Pimenta.

Segundo Raphael, a proposta é debater o tema durante todo o dia de hoje, de forma integrada entre acadêmicos, produtores rurais e a sociedade e ao final do encontro será elaborada uma carta de recomendações sobre as medidas a serem tomadas de imediato para resolver a questão da crise hídrica, bem como medidas a longo prazo. O reitor da UFT enfatizou que “os recursos hídricos têm que ser pensados coletivamente” e que “a academia tem muito a contribuir com a investigação científica e segurança das decisões”, frisou Luiz Eduardo Bovolato.

O encontro teve a participação do juiz de Direito da comarca de Cristalândia, Wellington Magalhães que destacou o papel do judiciário como construtor de um grande diálogo ambiental. “Como representante do judiciário espero contribuir de alguma forma”, declarou. O juiz considerou ainda salutar que o debate ocorra na academia. “As transformações passam pela universidade”, observou.

A secretária estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luzimeire Ribeiro de Moura, participou da abertura do encontro, quando falou de forma genérica das ações do governo na pasta e enalteceu o debate. “Não tem como fortalecermos políticas ambientais sem haver discussão com o setor produtivo, o agronegócio é o principal eixo de desenvolvimento do estado”, declarou.

Duas palestras foram apresentadas. Uma sobre “A História Evolutiva do Cerrado e Águas”, foi realizada pelo professor, pesquisador e doutor Altair Sales Barbosa, membro da Câmara Federal de Compensação Ambiental (CFCA), órgão colegiado criado no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, que deu uma aula sobre política ambiental no Brasil. “Dizer que é possível fazer revitalização do cerrado é uma falácia, pode até produzir em viveiro, mas vai plantar aonde?”, questionou, explicando que o solo precisaria de todo um preparo.

O superintendente-executivo da Aproest, Wagno Milhomem, falou sobre o tema “Polo Agrícola do Sudoeste do Tocantins – Uso Sustentável da Água”, reforçando que o produtor tem consciência que tem que preservar para produzir. “O produtor não é um predador, o agricultor aderiu à discussão da gestão hídrica, estamos conscientes de que precisamos adotar as melhores práticas possíveis, temos a necessidade de continuar produzindo e com respeito ao meio ambiente”, afirmou.

Após as palestras, foi montada uma mesa redonda, tendo o deputado Paulo Mourão como mediador, momento em que o público participante pode fazer perguntas a respeito dos assuntos abordados. Um dos assuntos levantados foi a concessão de outorgas concedidas a produtores para uso das águas dos rios.

O Encontro das Águas terá continuidade na parte da tarde, quando os participantes serão divididos em dois grandes grupos: um avaliará as ações imediatas que devem ser tratadas pelo poder estadual para tentar reverter o problema da seca; e o outro irá propor pesquisas para médio e longo prazo que necessitam de financiamento, afim de resolver os problemas pautados. Ao final será redigido um documento com proposições e indicações de políticas públicas que devem ser adotadas em todas as esferas dos governos, federal, estadual e municipal.