O deputado estadual Paulo Mourão (PT) afirmou durante a Conferência Nacional Popular de Educação (Conape), realizada em Tocantinópolis, que não há possibilidade de se trabalhar uma justiça social se eu não der uma atenção prioritária à educação. “É dever do Estado é direito do cidadão”, disse o deputado. O evento que reuniu educadores de todo o Estado, discutiu o Plano Nacional de Educação na articulação com o sistema de educação, buscando a participação, a cooperação federativa e o regime de colaboração. As atividades tiveram início na sexta-feira, 1º de novembro, pela manhã e encerraram no sábado, 2, e foi uma realização do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Tocantins (Sintet).
Para Paulo Mourão o momento em que a Conape acontece é importante pois é um movimento de cidadania na educação e que tem papel fundamental para estimular o reordenamento do Tocantins pautado no acesso a uma educação de qualidade a todos e a todas sem qualquer distinção e assim impulsionar o desenvolvimento, o que historicamente não acontece na história do Brasil.
“O que a gente vê historicamente no Brasil é um processo que ao longo destes mais de 500 anos de história a educação não foi prioridade. Sem sombra de dúvida é preciso reconhecer que tivemos avanços, mas que esses avanços começaram a se estabilizar em um processo de não dar continuidade a um desenvolvimento e no momento em que o mundo vive atualmente, em que o processo de desenvolvimento é extremamente célere, o nosso modelo precisa mudar”, alertou o deputado.
Paulo Mourão acrescentou ainda que “nenhum país do mundo chegou ao desenvolvimento sem ele ser pautado na educação e os que avançaram mais é porque deram conotação, prioridade e valorização à questão educacional, a formação de mentes”. O deputado lembrou que o mundo passa hoje por um novo momento que é a quarta revolução industrial, a tecnológica, e falou de sua preocupação com a realidade do Brasil e do Tocantins tendo em vista que as mudanças no mundo ficam a cada dia mais céleres. “Na hora que observamos esse momento que o mundo passa mais ainda nos preocupamos em observar que o Brasil ainda está muito a quem de um desenvolvimento estruturado sustentável”, disse.
A preocupação do deputado Paulo Mourão é motivada pelo tempo de estudo do brasileiro que hoje é em média 7,8 anos conforme os dados do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). “Esse dado me preocupa. Se observarmos outros países da América Latina como Argentina e Chile os jovens estudam quase 10 anos, quando se trata de países como Inglaterra e França, o tempo de estudo lá é de 11,6 anos e no Brasil nossos jovens não estudam nem oito anos em média. E se formos observar a população negra brasileira, esse número cai para 6,2 anos de estudo”, explicou Mourão ao lembrar que os negros e pardos são 55% da população brasileira.
Outro ponto ressaltado por Mourão foi que tanto os jovens de países vizinhos ao Brasil, na América Latina, quanto de países desenvolvidos, na Europa, por exemplo, estão discutindo matérias ainda nem cogitadas na grade escolar brasileira. “Nesses lugares os jovens já estão discutindo é ciência quântica. Lá a pesquisa, a inovação, ciência e a tecnologia estão nas salas de aula dos jovens e aqui estamos com a massa intelectualmente ainda não qualificada por falta de políticas de Estado que incentivem e aí eu pergunto qual o futuro que estamos pensando para o Brasil, qual o futuro esperamos do nosso país se não estamos condicionando a nossa juventude ao pensamento crítico, cidadão e participativo?”, questionou o deputado.
Retrato
O deputado apresentou ainda um breve retrato ocasionado pela ausência de investimentos efetivos em Educação. “Todos os anos 30 mil jovens de 18 a 24 anos são assassinados e para se ter ideia, de cada 10 que morrem, 7 são negros ou pardos, isso é preocupante e se dá pelos nossos baixos índices na educação”, disse o deputado ao lembrar ainda que “temos hoje 13 milhões de desempregados no Brasil, e destes, 8,3 milhões são negros ou pardos, ou seja, mais uma caracterização da exclusão social que ainda temos em termos raciais no Brasil”.
Outro dado apresentado por Mourão foi de que a cada 10 alunos que estudam matemática somente 2 compreendem e com relação ao ensino da língua portuguesa somente 4,5 alunos conseguem compreender.
Já com relação à permanência da juventude na escola, Paulo Mourão foi enfático ao apresentar os dados. “Há uma distorção no país e uma inversão de valores e é isso o que realmente deturpa o processo de formação dos nossos jovens. O Brasil ainda é um dos países com menor índice educacional do mundo”, alertou o deputado ao pontuar que as crianças de Tocantinópolis entre 5 e 6 anos estão quase todas na escola com 96% frequentando as aulas, mas quando o assunto é nível superior, somente um a cada 10 jovens do município conseguem chegar a universidade.
“A nível de Brasil esse número não é diferente, somente 18% dos nossos jovens estão cursando o nível superior, enquanto que na Argentina é 36%, no Chile 41%, na Europa os índices ficam em torno de 45 a 60%”, comparou o deputado ao alertar: “observem o quanto de gente que vai sendo derramado pelo caminho, e vai sendo esquecida, porque essas pessoas não têm políticas compensatórias e nem políticas socialmente justas que voltem a busca-lo, que o façam engajar-se no processo de educação.
Soluções
O deputado Paulo Mourão observou a necessidade de haver mudanças de paradigmas na forma de gestão e no fomento a participação popular para um trabalho conjunto de fortalecimento do sistema educacional. “As soluções surgirão a partir do momento em que a sociedade como um todo esteja dentro do debate”, disse ao avaliar que “o primeiro ponto é que precisamos desenvolver conselhos de desenvolvimentos regionais, nós temos que entender porque nas regiões norte e nordeste do Brasil nós temos o maior índice de desempregados e pobres, nós temos que entender porque que na região norte e nordeste nós temos um indicador menor de qualidade do ensino”.
Ele salientou também que “temos que ter um diagnóstico de cada cidade, de cada região, de cada estado, temos que fazer um diagnóstico e apresentar o modelo das correções, temos que definir as políticas públicas com recursos porque no Brasil lamentavelmente estamos em pleno 2017 e aqui a educação é considerada despesa, talvez um dos poucos países do mundo que tenha educação com uma despesa”.