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Meio Ambiente

Foto: Ezer Silva e José Franco

Retomado em agosto deste ano, o Projeto Quelônios do Tocantins está promovendo o repovoamento de tartarugas da Amazônia e tracajás na região do Cantão, considerado o berçário de toda a ictiofauna da bacia do Araguaia. Desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria-Geral de Governo e Articulação Política, do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), da Polícia Militar Ambiental, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com patrocínio de diversas empresas tocantinenses, o projeto já devolveu à natureza mais de oito mil filhotes de tartaruga-da-amazônia. Até fevereiro de 2018, a previsão é que mais 10 mil quelônios sejam soltos no Rio Araguaia. 

Desenvolvido numa região de confluência de biomas (cerrado e floresta amazônica), também conhecida como ecótono, o Quelônios do Tocantins tem como sede a Unidade Receptiva do Cantão, localizado entre os municípios de Pium e Caseara, distante cerca de 260 quilômetros de Palmas. Chegando lá é preciso ainda subir cerca de 60 km pelo Rio Araguaia até chegar ao local. Contando com pontos de coleta de filhotes em 11 praias na região, os quelônios são retirados das covas cerca de 50 dias depois da desova das tartarugas, mantidos em viveiros por cerca de 20 dias até adquirirem resistência contra predadores e só então são entregues à natureza. Na vida adulta, a tartaruga-da-amazônia pode chegar até a um metro de tamanho e pesar cerca de 60 quilos. 

De acordo com Luciano Felix Czapski, coordenador do projeto, o Quelônios do Tocantins ficou paralisado por oito anos, sendo retomado em 2017 com o apoio de diversos parceiros, tendo como coordenação ambiental o Naturatins e o Ibama. “Além dos órgãos ambientais, encontramos na iniciativa privada e no voluntariado o apoio na retomada deste importante projeto”, ressaltou. 

O coordenador explica que, além dos predadores naturais e das questões ambientais, a ação antrópica também é responsável pela diminuição das populações de quelônios. “Sabemos que na natureza, apenas 2% dos quelônios que chegam ao rio conseguem sobreviver. Com o projeto de acompanhamento, conseguimos aumentar essa chance para 13%, mas o maior predador da tartaruga na fase adulta não é nem os animais e sim o homem, com a pesca irregular”, ressaltou. 

Segundo o vice-presidente do Naturatins, Edson Cabral, o projeto é a oportunidade de praticar a essência de um órgão ambiental, trabalhando com as principais funções: fiscalização, monitoramento, coleta de dados, pesquisa, educação ambiental e disseminação do conhecimento. “Além de nós fazermos um trabalho de fundamental importância pela preservação dos quelônios da Amazônia, nós geramos a possibilidade de exercitar as nossas funções em uma causa nobre, principalmente quando conseguimos a adesão de outros parceiros, da sociedade e da participação de voluntários”, afirmou. 

Edson Cabral ressalta que a retomada do projeto reforça a ação do órgão, que não se limita apenas a multar e punir os infratores da Natureza. “Retornar a um projeto com esse é trazer o órgão à sua essência natural, que é de preservar o Meio Ambiente para que possamos ter um equilíbrio melhor na natureza, em especial na fauna silvestre do Estado do Tocantins”, afirmou. 

Aprendizado 

Morador da região, o condutor de embarcação fluvial Rondineres da Cruz de Deus passou a vida inteira na região do Parque Estadual do Cantão. Com o trabalho de agente ambiental, ele disse se sentir realizado em contribuir com o repovoamento de espécies nativas que estão ameaçadas de extinção. “Aprendi muito com este trabalho. Hoje consigo repassar para os outros, o que vejo nas atividades ambientais”, afirmou. 

Já a estudante universitária Gisele Cerezoli ficou sabendo do projeto e se inscreveu como voluntária. “Passei uma semana auxiliando na retirada dos filhotes das covas. Tudo é muito importante porque me auxilia na formação acadêmica e também na consciência e educação ambiental”, afirmou. 

Sobre o Parque Estadual do Cantão 

Criado em 1998 com o objetivo de proteger os diversos recursos naturais da região e recuperar áreas que sofreram impacto ambiental, além de favorecer o desenvolvimento sustentável e promover o turismo, o parque abriga espécies ameaçadas de extinção como a onça-pintada, a ariranha, o jacu-de-barriga-castanha e o pirarucu.