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Saúde

Foto: Jorge Valeriano Antônio Amadeu Giannasi é diretor clínico da Fundação Pró-Rim no Tocantins Antônio Amadeu Giannasi é diretor clínico da Fundação Pró-Rim no Tocantins
  • Somente em Palmas Pró-Rim trata pelo SUS 250 pacientes. Entidade também atende convênios

Uma rotina tripla de trabalho, que limita o acesso da mulher aos serviços de saúde, aliada à fatores genéticos e hereditários fazem com que as mulheres tenham maior risco de desenvolver problemas renais crônicos. A porcentagem de mulheres com doença nos rins é de 14% enquanto entre os homens chega a 12%. Segundo dados divulgados pela organização do World Kidney Day, as doenças renais crônicas afetam aproximadamente 195 milhões de mulheres em todo o mundo, sendo atualmente a 8ª principal causa de morte entre o público feminino, com cerca de 600 mil mortes por ano.

Apesar de serem as mais afetadas pelos problemas renais, as mulheres são também as que menos procuram tratamento. “Tem muito mais mulheres doentes, mas menos mulheres fazendo tratamento.” Revela o diretor clínico da Fundação Pró-rim no Tocantins, Antônio Amadeu Giannasi.

É por este motivo que o Dia Mundial do rim, que acontece toda segunda quinta-feira do mês de março, será focada este ano na saúde da mulher. Convenientemente, em 2018 a data coincidiu com o dia internacional da mulher, comemorado em 8 de maço. Com o tema “Saúde da Mulher – Cuide dos seus Rins”, o objetivo da campanha é promover a prevenção das doenças renais e estimular os cuidados com a saúde da mulher. No Tocantins a Fundação Pró-Rim realiza esta semana ação de prevenção e atividades voltadas principalmente para o público feminino.

De acordo com Antônio Amadeu, haverá distribuição de material informativo voltado às mulheres em órgãos públicos, shoppings, feiras cobertas e também nas rodovias, com o apoio da Polícia Rodoviária Federal. Entre os temas abordados na campanha estão a divulgação sobre os principais fatores que podem acarretar nas doenças renais e que, atingem principalmente as mulheres, como o Lúpus e as infecções urinárias (cistites). Com relação ao lúpus, acredita-se que uma a cada 1.700 mulheres no Brasil tenha a doença.

“O lúpus prevalece entre as mulheres e essa doença leva à doença renal crônica. Outra coisa é a infecção urinária. As mulheres, pincipalmente na fase adulta, têm muito mais infecção de urina que os homens. Uma infecção desta pode causar insuficiência renal. E ainda a gravidez que também é um fator que pode levar a mulher a levar uma doença renal crônica. E a gravidez em uma mulher que tem doença no rim e não sabe é uma gravidez de risco para a mulher e para o feto.” Informou o médico. Outros fatores que podem ser agravantes para problemas nos rins é o diabetes e hipertensão, que devem ser sempre monitoradas.

O diretor clínico alerta ainda que as mulheres são as maiores doadoras de rim para transplante, entretanto são minoria entre os pacientes receptores. “Não sabemos o motivo. Acreditamos que seja essa disparidade entre a disponibilidade de tratamento para homens e mulheres.” Ressaltou.

Maria Domingas Carvalho, de 56 anos, descobriu a doença renal em 1995 após passar mal durante a gravidez. Na época ela conta que a equipe médica tratou um quadro de infecção urinária, mas não a informou sobre a doença de rins policísticos, sendo orientada a tratar um problema de coração que não existia. A paciente descobriu a doença renal tardiamente. A situação pirou após contrair uma dengue até que foi preciso passar por duas cirurgias para retirada dos rins, uma em 2013 e outra em 2015. Atualmente ela faz hemodiálise três vezes por semana na Fundação Pró-Rim em Palmas.

O senhor Antônio Carneiro Neto, de 67 anos, também recebeu o diagnóstico de rins policísticos há 15 anos. Ele conta que na época se sentia mal e procurou o sistema de saúde pública do Piauí para fazer os exames que logo constataram a doença. Em 2013 ele se mudou para Palmas para fazer a hemodiálise na Pró-Rim.

A diferença entre os diagnósticos de dona Maria Domingas e seu Antônio evidenciam a forma desigual do tratamento para homens e mulheres, o que leva o público feminino a descobrir a doença e procurar tratamento mais tardiamente.

Prevenção

A prevenção das doenças renais passa pela realização de exames de rotina e mudanças nos hábitos de vida.

Um exame importante a ser realizado com regularidade é o exame da creatinina, que evidencia se o paciente tem alguma alteração nos rins e pode ser feito na rede pública.

A Sociedade Brasileira de Nefrologia recomenda ainda o controle do diabetes e da hipertensão arterial. Segundo a SBN, a hipertensão arterial é responsável por 35% dos pacientes em diálise e o diabetes por 27,5% dos pacientes.

Práticas saudáveis como o consumo regular de água, alimentação saudável e a prática de exercícios físicos.