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Opinião

Foto: Divulgação

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 “...Todos os caminhos são iguais

O que leva à glória ou à perdição

Há tantos caminhos, tantas portas

Mas somente um tem coração...”

Parece sob encomenda, a música produzida em 1976, ou um conselho político ao então sindicalista Luis Inácio. O enredo a partir de então, tratou de reproduzir a saga do retirante nordestino, foragido da fome, semianalfabeto, viúvo à primeira vez nos anos 70, preso pelo regime militar, aclamado pelo povo e eleito presidente da república... Por si só, esta obra com alguns retoques de efeitos especiais e seus melodramas, credenciar-se-ia a vencedor do Oscar, com “Raulzito” orquestrando o tema musical. Não obstante, o escritor da obra, tratou de dar continuidade ao filme, prendendo à atenção dos telespectadores e dando ares de suspense, reviravoltas e fortíssimas emoções!

O ator tão rechaçado ao longo do filme, em sua trajetória política, passa por correções de roteiro, caracterização e figurino, dirigido pelo diretor de núcleo Duda Mendonça. Eis em cena o “Lulinha Paz e Amor” e as mudanças evidenciadas simbolicamente na “Carta aos Brasileiros” e, por conseguinte, alcança o posto de presidente da república. Ele fecha acordo com gângsters da política nacional, repetindo o receituário praticado por FHC anos antes, chamado por este sociólogo, como o “pacto com patrimonialismo” ou o popular “presidencialismo de coalizão”, que mais tarde o filme vai tratar de demonstrar que foi um fatal “tiro no pé”, ou melhor: “no peito!” 

No meio do longa metragem, fatos e acontecimentos estremecem o comportamento incólume do ator. O “mensalão” atinge seu governo, em 2005. Todavia, a conjuntura nacional lhe era favorável e a máxima que favoreceu Adhemar de Barros, nos anos 50, “rouba, mas faz”, novamente veio à tona, de modo a neutralizar os seus mais ferrenhos adversários e conduzi-lo à vitória eleitoral, no ano seguinte.

Nas cenas finais, eis o apogeu do personagem... Tornou-se unânime no cenário político, de tal modo que o público não conseguira identificar explicitamente os vilões da história. Sua aprovação chegara a 87% da população. Não seria tamanha heresia, naquela altura, canonizá-lo. Ou melhor... Instituir mais um lugar na santíssima trindade!

Fim de história!.. Mas o ator abusando da generosidade do público que lhe rendeu salvas, vivas e homenagens, ainda tratou de produzir cenas extras para o making-off... Elegeu sua sucessora. O ator beirou o precipício! Eis que John Dalberg Acton sentiu-se homenageado: “O poder absoluto, corrompe absolutamente".

A seguir, foram cenas de derrocada, problemas de continuidade da produção e erros toscos de encenação. Mas pareceu novela mexicana do que best-seller hollywoodiano. O elenco tratou de responsabilizar as interferências externas e o grande público ficou dividido nas opiniões da crítica especializada. O ator passou ser incógnita para muitos. Seu heroísmo passou a ser questionado. Freud poderia acusá-lo de transtorno bipolar, mas a verdade é que só o anacronismo histórico daqui alguns anos será capaz de pacificar a sinopse desta obra!

Alguns telespectadores o identificam como o grande vilão da história, já outros o comparam a Mandella, Gandhi ou Marthin Luther King. Uns disparam a redenção da justiça, já outros vêem sua decadência e a acusam de atuação política. Eis mais “pano pra manga” em outro momento!

O certo é que o lulo-petismo ao cabo dos altos e baixos, estaria à prova, em seu juízo final, de outubro de 2018, sob a supremacia do “tribunal do júri”, “tribunal popular”, ou “tribunal da cidadania”. Mas seus algozes usaram de tamanha benevolência, dando oportunidade do ator escrever as últimas cenas do filme que nunca saíra de cartaz! E mais... Emolduraram o lulo-petismo para posteridade, com “quês” de getulismo, consubstanciados no discurso de entrega que mais estava para “carta testamento”. O ator, enfim descobriu que o “presidencialismo de coalizão” e seus acordos, nada mais foram que uma grande cilada, o que só agora lhe permitiu enxergar os seus verdadeiros “cumpanhêros” e como diz o Rei Roberto Carlos, “amigos de fé e irmão camarada” dos tempos de Vila Euclides no ABC Paulista, dando vida à última linha da canção titular deste artigo: “É que tudo acaba onde começou”.

Por fim, a música de Raul Seixas sinaliza para dois caminhos: o da glória e o da perdição! Eis um enredo em frenética construção, mas o autor de forma pragmática se mantém no caminho do coração, atacando os sentimentos passionais de ambos os lados, arrebatando críticas e aplausos, amores e ódios e como diz meu pai Antônio Barbosa: “O tempo é o dono da razão!”

*Danilo Santiago Barbosa é agente penitenciário do Estado do Tocantins. Cursou Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Tocantins e atualmente é acadêmico de Direito na Faculdade de Guaraí – FAG. danilo.contabeis@uft.edu.br