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Opinião

A expressão religião é adotada para designar um conjunto de crenças e valores, sendo muitas vezes usada como sinônimo de fé. Cada religião, enquanto um fenômeno social e não simplesmente pessoal, apresenta seus próprios elementos, muito embora existam vários traços comuns entre todas as religiões.

Seja qual for a religião que se professe, há de se ter claro que ela não é o destino, mas, simplesmente, um caminho que leva o homem à evolução moral e espiritual. Isso porque o propósito da religião não pode ser outro senão o de ligar amorosamente o homem a Deus e aos seus semelhantes.  

Diante disso, é difícil compreender que os homens, por vezes, busquem na religião desculpas ou justificativas para a prática de atos que remontam muitas vezes a irracionalidade.

A religião deve fortalecer a compaixão e, com isso, enquanto um caminho que nos leva a Deus, deve ser praticada sem fanatismo, para que tenha o condão de libertar o homem das amarras das coisas materiais.

Em sua jornada, Jesus censurou os escribas e fariseus chamando-os de hipócritas, porquanto denegridos pelo orgulho, pela vaidade, pelo falso zelo religioso e sentimento de ódio, tendo dito que eram como “túmulos caiados e vistosos por fora, mas, interiormente, cheios de ossada e de podridão” (Mateus 23:13-15 – 23:27).

O sentido da religião é transformar o homem, fazendo-o melhor. Logo, há de se ter cautela para que não pratiquemos a doutrina do “faça o que eu mando, não faça o que eu faço”.

Há mais de 2000 anos Jesus mostrou que o progresso do homem e, por consequência, da humanidade, não comporta postulados retrógrados que os mantenha acorrentados a dogmas descabidos.

Daí a importância das lições trazidas por Jesus que, muito antes de ter vindo para chamar os justos veio para os pecadores (Marcos 2:17). Não é por outro motivo que “haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lucas, 15:7).

É de se dizer, a religião somente terá sentido se e quando o homem entender a estreita ligação entre a matéria e a espiritualidade de tal modo o conhecimento necessário para que o amor fraternal, que emana de Deus, seja praticado em prol da construção de uma sociedade mais justa e perfeita.

Havendo essa compreensão, pela reforma moral e espiritual de cada ser humano, a humanidade dará um grande passo em prol do seu aperfeiçoamento, tendo que cada qual exercerá o papel de um colaborador ativo na busca da felicidade geral e da paz universal.

O sentido da religião não pode ser outro senão o de irmanar o gênero humano para que haja “um só rebanho sob a égide de um só pastor”. Para tanto é preciso que prevaleçam as boas coisas que nos unem ao invés das nossas diferenças.

* Paulo Eduardo de Barros Fonseca é vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.