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Opinião

Os corruptos sempre tiveram de estar entranhados nas aldeias. Somente interagindo poderiam corromper. Já os lobos predadores, nas madrugadas, rodeavam as aldeias medievais e amiúde eram afugentados por homens de archotes.

Se o Brasil sofre, o Rio de Janeiro estremece em suas últimas forças. O corrupto foi banido, mas o lobo tomou seu lugar no centro da aldeia.

Jovens de vinte anos, não raro, são tomados de surtos psicóticos, principalmente nesta terra sofrida. Obviamente, devem ser tratados, analisados, enfim socorridos pela psiquiatria e pela psicanálise. 

O Estado brasileiro não tem suficiência para tanto. E quando ocorre um episódio como o de ontem sobre a ponte o lobo, por seus filhotes, mata-o e urra. A aldeia foi salva.

Pouco importa o lado da vítimas dos males psíquicos, que, se não existissem, o mundo seria outro.

Para o governador Wilson Witzel, o lobo sanguinário, basta o orgasmo de urrar à vista do jovem morto. Um grande inimigo da humanidade. Claro que a polícia deve ser treinada e usar as melhores técnicas quando a tragédia chega a esse ponto, mas daí a comemorar o cadáver é um despautério de um nazi-fascista de carteirinha.

Motivo de tristeza, ainda que coubessem cumprimentos à polícia que agiu corretamente. Jamais um momento de alegria. Vivemos uma guerra selvagem, no Rio de Janeiro, que, em outros tempos, ao lado de Buenos Aires, era casa de intelectuais sul-americanos a tertuliar com Paris, Londres e outras terras cultas. 

O lobo teve oportunidade de legitimar seus amedrontadores uivos da madrugada, ao erguer as quatro patas cerradas ante o rebotalho dessangrado. Confirmou  sua esplendorosa tese de campanha, Snipers para "atirar nas cabecinhas" e provocar indiscriminadas mortes e chacinas nas favelas. Face a bons psiquiatras e analistas, é uma interrogação de qual o mal maior de inconscientes irrefreáveis, se do jovem morto ou do lobo que sentou praça no coração da aldeia carioca.

*Amadeu Garrido de Paula, é Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.