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Saúde

Flávio Milagres é infectologista

Flávio Milagres é infectologista Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Flávio Milagres é infectologista Flávio Milagres é infectologista

Em último lugar no ranking nacional de isolamento social durante a pandemia da Covid-19, causada pelo novo coronavírus Sars-Cov-2, o Tocantins contabiliza até esta quarta-feira (8) um total de 22 casos confirmados do novo coronavírus, sendo 14 em Palmas, 6 em Araguaína, 1 em Gurupi e 1 em Dianópolis, sendo o único Estado que ainda não tem nenhum óbito provocado pela doença até o momento.

Entretanto, pesquisa realizada pelo instituto In Loco, a pedido da Revista Exame, mostra o Tocantins na lanterna do isolamento social, com taxa de 41,7% da população reclusa em casa. Já a capital Palmas aparece em penúltimo lugar, com 50,9%, atrás apenas de Boa Vista/RR (49,4%).

Mapa elaborado pelo instituto In Loco mostra o Tocantins em último lugar no isolamento social (Imagem: da web)

Com a maioria dos focos registrados na capital, Palmas mantém uma taxa de incidência de 4,0 para cada 100 mil habitantes, segundo o Ministério da Saúde (MS).

Os dados negativos são divulgados em um momento em que o Estado vive o clima de flexibilização das regras de isolamento social, com prefeituras autorizando reabertura de comércio, igrejas e outros, ainda que parcialmente. Entre as maiores cidades do estado, apenas a prefeitura de Palmas não cedeu à pressão de empresários pela reabertura do comércio, por ora.

Para o médico infectologista Flávio Milagres, o isolamento geográfico do Estado, condições climáticas e o adensamento populacional do Tocantins podem estar contribuindo para a baixa taxa de propagação da doença e a falta de óbitos até o momento. Mas o médico alerta, a epidemia não acontece ao mesmo tempo em todos os lugares, e para que ocorra no Tocantins, pode ser questão de tempo.

“Somos um Estado com muito espaçamento populacional. O adensamento da população é baixo, não temos grandes conglomerados onde se juntam muitas pessoas ao mesmo tempo. Isso, aliado ao isolamento social precoce que adotamos, pode ter contribuído num primeiro momento para prevenir a propagação do vírus no Estado”, analisa o infectologista.

A contaminação de grande parte da população, no entanto, pode ser uma questão de tempo, avalia o médico. “Essa epidemia não acontece ao mesmo tempo em todos os locais, basta ver como ela se espalhou pelo mundo. Aqui no Brasil também, ela não vai se espalhar para todo o País ao mesmo tempo. Somos um Estado com menor número populacional. A epidemia deve começar por aqui um pouco mais tarde”, avaliou.

Clima

Ainda segundo Flávio Milagres, o clima da região também pode ser um aliado na contenção do vírus, apesar de ainda faltarem estudos específicos a respeito do comportamento do novo coronavírus em regiões de clima mais quente.

“Nós sabemos que doenças respiratórias, como é o caso da Covid-19, se propagam mais facilmente em regiões frias e épocas de inverno, por exemplo, por causa dos ambientes fechados e maior aglomeração de pessoas nesses ambientes. Como o calor dificulta esses fatores, pode interferir na propagação do vírus, sim”, analisa o infectologista.

Isolamento

Ainda assim, o médico alerta para a necessidade de se manter o isolamento social enquanto a curva da pandemia não diminuir no país. Além de evitar um grande número de pessoas infectadas, o isolamento evita principalmente uma sobrecarga no sistema de saúde. “Se nós temos alguns casos confirmados no estado, certamente podemos ter já centenas de infectados entre a população, devido à subnotificação e falta de testagem. O isolamento social evita o colapso do nosso sistema de saúde”, afirma.

“A infecção virá. Se acometer um grande número de pessoas ao mesmo tempo, não conseguiremos tratar a todos. O isolamento social é a única ferramenta efetiva de controle do novo coronavírus e é importante que a população permaneça em casa”, finaliza o médico.