Este ano devido à pandemia do novo coronavírus e
à consequente necessidade de distanciamento social, Araguaína não terá o
tradicional Festival São João do Cerrado.
É a primeira vez em vinte anos que não haverá a programação,
que além do valor cultural, é responsável por aquecer a economia da cidade,
desde a venda de tecidos e adereços à venda de bebidas e comidas.
“As festividades
juninas têm uma expressão bem maior do que só os eventos que realizamos. Existe
toda uma mobilização nas comunidades, há eventos promovidos pelas quadrilhas
nos seus bairros, com lançamento de tema, festas beneficentes. As igrejas
também realizam os festejos dos santos juninos”, comentou o secretário
executivo da Cultura, Wilamas Ferreira.
São João na economia
As atividades do calendário junino costumam ter início ainda
no mês de março, com os eventos que compõem o Circuito Junino: Cerimonial
Junino, escolha da rainha do São João, rainhas Mirim e da Diversidade, Ensaio
Geral e escolha do Casal Cangaço.
Durante pelo menos três meses, os eventos aquecem a economia
e geram centenas de empregos temporários. “São 600 brincantes das juninas, 25
artistas envolvidos nos shows, 30 trabalhadores em estrutura, 120 envolvidos no
apoio em segurança (polícia e brigadistas), 30 artistas em decoração,
figurinistas e costureiras, além de barraqueiros, garçons, vendedores
ambulantes e cozinheiros, que totalizam 100 pessoas”, comentou o secretário.
“O cancelamento do
Festival São João, subsequente ao das festas agropecuárias, impactaram numa
redução de 40% das vendas previstas para este período”, relatou Eurico
Marciano, empresário do segmento de tecidos, material essencial para a
confecção dos trajes juninos e parte dos cenários.
Há ainda os profissionais que se beneficiam indiretamente do
evento, como taxistas, mototaxistas e empresas de ônibus. No ano passado, a
Prefeitura investiu R$ 300 mil entre apoio financeiro às juninas (cada grupo
recebeu subsídio de R$ 15 mil), montagem de estrutura para o espetáculo, shows,
premiações e custeio de viagens dos grupos para festivais em outros municípios
e estados.
Mantendo viva a tradição
“É um momento de
reflexão, de cuidar de nós e do próximo com responsabilidade, acho que o
principal critério é este. Mas nas redes sociais e de todas as formas possíveis
estaremos vivenciando essa tradição, essa cultura tão linda”, afirmou Rogério
Feliciano, presidente da junina Arranca Toco, campeã tocantinense de quadrilhas
juninas de 2019.
O presidente destacou ainda o compromisso dos grupos com a
arte, a alegria e o bem-estar das pessoas. “Continuamos pensando no bem-estar,
não só dos quadrilheiros, mas de seus familiares e de toda a comunidade onde
nos apresentamos. É com essa responsabilidade e compromisso que estamos
ausentes dos ensaios, mas sempre mantendo contato e preparando um espetáculo
grandioso para quando for possível”.
São João do Cerrado
O festival teve início em 2000, tornou-se um evento tradicional na cidade e chegaria neste ano à sua 20ª edição. Era conhecido por outros nomes até 2009, quando foi denominado de “São João do Cerrado”, como forma de reforçar a cultura da festa junina e da região.