Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Meio Ambiente

Teve início nesta quarta-feira, 16, o V Encontro do Fórum Tocantinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, que, durante dois dias, debaterá os temas dos Sistemas Agroflorestais (SAFs); a relação entre a agroecologia e a saúde; e os novos marcos regulatórios nacionais do uso de agrotóxicos. O evento foi aberto pelo coordenador do Fórum, procurador de Justiça José Maria da Silva Júnior.

O primeiro painel, no período da manhã, trouxe uma diversidade de olhares e conhecimentos sobre os sistemas de agrofloresta, sendo apresentados os princípios que envolvem os SAFs, uma experiência comercial promovida no município de Caseara, projeto acadêmico realizado pela faculdade Ceulp/Ulbra em Palmas e experiências técnicas do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins) em Araguaína e outras cidades.

Conceito e princípio

Esse sistema de plantio, conforme explicado pela bióloga e pesquisadora Joice Nunes Ferreira, caracteriza-se por integrar o cultivo de diversas espécies em uma única área, podendo combinar espécies florestais perenes, espécies frutíferas perenes e espécies temporárias – entre estas últimas, por exemplo, a banana e o abacaxi.

Como vantagens, os SAFs agregam sustentabilidade, contribuindo para a fertilidade do solo, para a manutenção da biodiversidade, a saúde dos ecossistemas, o sequestro de carbono e a redução dos efeitos do aquecimento global; e diversos benefícios de natureza sociocultural, por apoiar a economia das comunidades, supri-las de alimentação e aumentar a qualidade de vida.

Em sua explanação, Joice Nunes informou que o novo Código Florestal inovou ao trazer a possibilidade da implementação de SAFs em áreas de reserva ambiental. Também há linhas de crédito específicas para este sistema de plantio, conforme acrescentou o técnico do Ruraltins Wandro Cruz Gomes da Silva.

Produção comercial

A engenheira ambiental e mestra em sustentabilidade Olivia Marques, que decidiu utilizar o SAF comercialmente em uma produção no modelo agrofamiliar, relatou que optou por este modelo de produção após avaliar três aspectos: mercadológico, de demanda por alimentos orgânicos e de impactos sobre o meio ambiente.

Ela informou que a produção agroflorestal  possui potencial de negócio superior a culturas tradicionais, como a soja, porém destacou ser necessário equilibrar os investimentos e o tempo de retorno. Em seu cultivo, a perspectiva de retorno financeiro é de quatro a cinco anos.

Na agrofloresta de Olivia Marques, não são usados agrotóxicos, mas sim biofertilizantes. O cultivo foi realizado por linhas, que alternam espécies de floresta, espécies típicas de “roça” e hortaliças na primeira fase.

Experimentos

No Ceulp/Ulbra, o cultivo de agrofloresta é realizado desde 2015, em área de 900 metros quadrados, antes degradada. No terreno, já chegaram a ser cultivadas 50 espécies, além de sementes tradicionais (“crioulas”, não melhoradas). “Todo o tempo existe alguma colheita”, pontuou a professora Conceição Previero. 

A poda das árvores, como nas demais agroflorestas, serve para adubar o solo, contribuindo também para a retenção da umidade e para evitar o crescimento de espécies rasteiras indesejadas. A área do Ceulp/Ulbra serve à educação profissional, à educação ambiental e o alimento produzido é doado à comunidade.

Em sua participação, Wandro Cruz Gomes da Silva, técnico do Ruraltins, enumerou algumas das vantagens dos Sistemas Agroflorestais dos quais participou, destacando a diversidade de produção, o melhor aproveitamento da água, a menor ocorrência de pragas e doenças e o menor custo no controle do mato.