Em ação desencadeada nesta quinta-feira, 4, a Polícia Civil do Tocantins cumpriu dois mandados de prisão em desfavor de mais dois envolvidos na tentativa de roubo a um carro-forte, ocorrida em agosto de 2019 na TO-30, entre as cidades Colinas do Tocantins e Arapoema, na região centro norte do Estado. Um dos investigados ainda será autuado pelo crime de tráfico de droga. Com ele, os policiais civis encontraram 300 gramas de crack e ainda apreenderam uma espingarda.
As prisões e mais três mandados de busca e apreensão também cumpridos nesta quinta-feira são decorrentes da deflagração da 3ª etapa da Operação Guerra Justa, cuja investigação é conduzida pela 1ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (1ª DEIC de Palmas), vinculada à Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO).
Conforme o responsável pela operação, delegado Eduardo Cesar de Menezes Dias Ribeiro, os cinco mandados judiciais foram cumpridos em residências nas cidades de Redenção e Belém do Pará, ambas no estado do Pará. Segundo ele, a localização dos investigados foi possível devido ao forte trabalho investigativo da 1ª DEIC. O Delegado destaca que, somando as três fases da operação Guerra Justa, foram presas até a presente data 16 pessoas por envolvimento nessa tentativa de ataque ao carro forte no Tocantins.
Retrospectiva
A operação Guerra Justa é resultado do aprofundamento das investigações relacionadas à tentativa de roubo ao carro-forte. Em agosto de 2019, um grupo de vigilantes de uma empresa responsável por transporte de valores foi abordado por assaltantes, que cercaram o caminhão blindado e passaram a efetuar disparos em sua direção. Nessa perseguição houve troca de tiros por cerca de 20 quilômetros, até o momento em que o veículo dos assaltantes teve um dos pneus furados por um disparo efetuado pela equipe de guardas. Sem sucesso na subtração do dinheiro, os criminosos abandonaram o veículo atingido com o tiro, atearam fogo nele e fugiram em outro carro que prestava apoio.
O tiroteio assustou os moradores do Povoado chamado 19, próximo ao município de Arapoema. Chamou a atenção o poderio bélico dos assaltantes, que chegaram a utilizar uma metralhadora calibre .50, capaz de parar tanques de guerra e de abater aeronaves.
A partir do material apreendido nas três etapas da investigação, a equipe da 1ª DEIC de Palmas identificou 16 membros da organização criminosa responsável pelo ataque patrimonial ocorrido na cidade de Arapoema, cada qual com uma função específica.
Conforme apurado, um dos investigados ficava responsável pela guarda de parte do armamento do bando em um sítio localizado em povoado Vila Paraíso na cidade Xinguara, no estado do Pará (nessa propriedade rural, na primeira fase da operação, foi encontrado um carregador de metralhadora .50 e detonadores de dinamite).
A 1ª DEIC de Palmas identificou também que outra parte do grupo ficava encarregada de realizar o transporte do pesado armamento utilizados nos assaltos, valendo-se dos caminhões de uma madeireira, localizada na cidade de Cabrobó, no estado de Pernambuco. A empresa, com criação de fachada, era utilizada para dar discrição à atividade criminosa praticada, visto que os assaltantes e as armas de fogo, após os atentados contra as instituições financeiras, viajam escondidos nos veículos. Os investigadores também descobriram uma ala do bando responsável por financiar a compra de munições.
Envergadura
O aprofundar das investigações permitiu à Polícia Civil ter uma ideia da envergadura da organização. Com monitoramento, os investigadores descobriram que o grupo criminoso, após a tentativa de roubo ao carro-forte na cidade de Arapoema, foi responsável por mais três ataques. Um, ainda no mês de agosto de 2019, foi contra outro carro-forte na cidade de Marabá (na ocasião os assaltantes conseguiram subtrair o dinheiro).
O bando ainda foi responsável por mais dois assaltos no estado do Pará. O primeiro deles, no dia 6 de janeiro de 2020, contra um carro-forte que trafegava pela BR-010, entre as cidades de Ipixuna do Pará e Paragominas. Na troca de tiros com os vigilantes, um dos dois bandidos presos nesta terceira fase da operação acabou sendo atingido e sendo obrigado a amputar parte de um dos pés.
O segundo ataque, na modalidade Novo Cangaço, ocorreu na madrugada do dia 30 de janeiro de 2020 contra uma agência de um banco privado, em Ipixuna. Na ocasião, o grupo aterrorizou a população da cidade e fez 25 pessoas como reféns e escudos humanos, sendo postas nos para-brisas dos veículos utilizados pelos criminosos para fugir. O segundo criminoso capturado nesta quinta-feira, 4, na cidade de Redenção, é responsável por conseguir fuzis, munições e veículos roubados para a organização utilizar nas ações.
Segundo o delegado Eduardo, com parte dos mais de um milhão de reais roubados da agencia bancária, quatros lideranças do bando viabilizaram a compra de mais duas metralhadoras .50, adquirida por R$ 200 mil cada.