Deflagrada na manhã desta quinta-feira, 29, a Operação Nêmesis da Polícia Civil do Tocantins, por meio da 6ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Deic – Paraíso do Tocantins), cumpriu 36 mandados de prisão temporária e 40 de busca e apreensão em diversas cidades do interior do Tocantins e em quatro estados da federação brasileira. A operação inibe o trabalho de uma grande facção criminosa que atuava em diferentes regiões do país.
Os mandados foram cumpridos em Palmas, Araguaína, Paraíso do Tocantins, Divinópolis, Pium, Cristalândia, Porto Nacional, Miranorte, Lagoa da Confusão, Araguaína, Marianópolis e Tocantinópolis, como também em Jaraguá(GO), Campo Grande (MS), Barreiras-BA e Barueri (SP), e nas unidades prisionais de Palmas, Paraíso, Cristalândia, Tocantinópolis, Gurupi e Guaraí.
De acordo com o delegado-chefe da 6ª Deic, Hismael Athos, durante as investigações, foi identificado um forte esquema de tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico e posse de armas de fogo cometidas pelos membros da organização criminosa. As investigações apontaram ainda que os integrantes tinham obrigação de financiar a organização mensalmente com certa quantia em dinheiro que variava de acordo com o estado da federação.
As investigações iniciaram no início de 2020 após um ocorrido envolvendo uma autoridade policial do interior do Tocantins. À época do fato, a autoridade policial deixou o carro num estacionamento e quando retornou ao veículo, verificou que em seu carro estava "pichado" com um símbolo que identifica a referida facção criminosa desarticulada na data de hoje. De acordo com o Delegado, a inserção feita pela facção criminosa demonstra total afronta ao Estado e uma forma de tentar frear os trabalhos realizados no combate ao crime organizado no Estado do Tocantins.
Organização
O delegado Hismael Athos informou que após o episódio de 2020, o trabalho de investigação criminal foi iniciado, resultando na descoberta de um complexo sistema organizacional que julgava, punia e executava integrantes de facções rivais como forma de seus membros ascenderem dentro da organização criminosa. A facção também usava esse modo operandis para obter domínio territorial das cidades do interior do Tocantins, formando um suposto poder paralelo, invisível para a população, mas atuante em crimes como assaltos, homicídios e comercialização de entorpecentes. “A organização possui inclusive Estatuto pelo qual integrantes juram fidelidade, uma das cláusulas é a contribuição financeira dos que estão em liberdade para com os que estão presos. Às exigências incluem ainda ajuda aos familiares, ação de resgate e pune com morte aquele que não contribuir com os demais”, lembrou.
As investigações apontaram ainda que um adolescente de 16 anos teria sido executado na cidade de Cristalândia devido à rivalidade entre as facções. Já um segundo teria sido sequestrado e possivelmente seria executado, porém, como andamento das investigações, a polícia conseguiu evitar o homicídio. “O objetivo da facção é o total domínio do território para então realizar o comércio ilícito de drogas, em contrapartida, não aceitam que outros infratores roubem moradores sob pena de serem julgados com advertência e até mesmo a morte caso descumpram as regras criminosas” lembrou o delegado.
O delegado esclareceu ainda que os integrantes da facção, que contam, inclusive, com interlocutores residentes em outros estados brasileiros. “Por outro lado, para a consecução de seus objetivos criminosos, seus integrantes encontram-se espalhados em São Paulo e outros estados da federação, com ramificação até em outros países, divididos em células autônomas de atuação, através das quais o tráfico de drogas e de armas é realizado”, ressaltou.
A Operação
A Operação recebeu o nome em homenagem à Nêmesis, que segundo a Mitologia Grega é considerada a deusa da vingança e da justiça equitativa, causando terror e medo a seus oponentes, normalmente obtendo a vitória. As ameaças também se direcionaram às forças de segurança do Tocantins. Para isso, foi necessária uma ação reativa, com maior poder de força por parte do Estado.
Mais de 100 policiais civis participam da Operação coordenada pela 6ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Deic – Paraíso do Tocantins). A Operação conta com apoio de todas as Divisões Especializadas de Repressão ao Crime Organizado vinculadas à Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO), do Grupo de Operações Táticas Especiais (GOTE) e do Sistema Prisional da Secretaria de Cidadania e Justiça do Tocantins (Seciju). Durante a Operação, a Polícia Civil fez o uso de equipamentos de segurança em prevenção à Covid-19.