Líderes de facção criminosa que atuava em cidades do interior do Tocantins foram presos pela Polícia Civil do Tocantins na manhã desta quinta-feira, 17, na capital Palmas. Coordenada pela 1ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Deic – Palmas), a Operação Primeira Capital cumpriu 11 mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão em cidades do Tocantins e Goiás.
Entre os presos estão os líderes popularmente conhecidos como: Geral da Capital, Geral do Interior, Geral da Rua, Geral da Rifa, entre outros cargos.
De acordo com o delegado responsável pela Operação, Eduardo Menezes, o grupo cometia uma série dos mais diversos crimes violentos, tais como homicídios e roubos, praticados todos em caráter secundário, com o objetivo de garantir a execução da principal atividade do bando, que é o tráfico de drogas.
No Tocantins, os mandados foram cumpridos em residências localizadas nas cidades de Miracema, Tocantínia, Palmas, Gurupi, São Félix do Tocantins e também nos presídios de Palmas e Miracema do Tocantins.
Em Goiás, as buscas foram feitas nos presídios de Trindade, em Goiânia, e no complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia.
Investigações
As investigações iniciaram em 2019, com o objetivo de reprimir ações violentas de uma célula de uma organização criminosa de abrangência nacional que atuava nas cidades de Miracema do Tocantins e Tocantínia.
O trabalho de apuração da PC-TO revelou o estágio avançado em que essa facção
criminosa alcançou desde sua criação, no início da década de 90. “Os
investigadores da DEIC de Palmas detectaram uma engrenagem montada para prática
dos mais diversos crimes violentos.
O delegado informou ainda que a principal fonte de abastecimento de
entorpecentes que chegavam ao Tocantins era oriunda do Estado de Goiás,
conforme resultado da investigação.
Drogas, armas e violência
Durante o período de investigações, os membros da facção chegaram a negociar uma tonelada de maconha oriunda da cidade de Goiânia. Para que a droga chegasse ao Tocantins, os integrantes da organização contratavam criminosos especializados nesse tipo de transporte. Em uma espécie de “terceirização” do serviço, as lideranças do grupo recorriam a pessoas que detinham todo conhecimento e a estrutura necessária para trazer a mercadoria, composta por caminhões adaptados para o armazenamento da droga com fundos falsos. O grupo contava ainda com uma equipe de batedores, responsável por escoltar o caminhão com o entorpecente e avisar quanto a possíveis barreiras policiais à frente.
Foi descoberto ainda a existência de um paiol de armas da facção em que retirada de qualquer arma de fogo por um membro era registrada em sua ficha cadastral, a fim de que, em uma eventual apreensão policial, o integrante ficaria responsável por indenizar o bando.
“Em meio ao ambiente da guerra travada com a facção inimiga, foram verificadas cobranças de algumas lideranças direcionadas a homens da linha de frente do grupo no sentido de que muitas armas estavam sendo retiradas do paiol e retornando sem a prática de nenhum homicídio contra integrantes da facção rival”, informou o delegado.
A rivalidade entre os grupos criminosos também chamou a atenção dos investigadores. Alguns familiares estavam sendo expulsos de suas casas por terem algum parentesco com um integrante da facção inimiga.
Atuação feminina no crime
A apuração criminal apontou uma participação cada vez maior de mulheres, em especial de mães e esposas dos criminosos. O laço afetivo, aliado à prisão do membro da organização, obrigava que as mulheres, em liberdade, assumissem com protagonismo, a gerência do comércio de entorpecentes.
Outras mulheres atuavam no sentido de criar condições para que os filhos e maridos, mesmo presos, continuassem exercendo os atos relacionados ao cargo ostentado na facção.