Nascido em Araguaína, o pequeno Miguel Santos Vieira enfrentou um grande desafio logo no primeiro dia de vida: ele teve que passar por uma cirurgia neonatal. Graças ao procedimento, realizado pela primeira vez pela equipe médica do Hospital Municipal de Araguaína (HMA), o recém-nascido conseguirá ter uma vida normal.
“É compromisso da gestão ampliar ainda mais a rede de saúde pública, fazendo com que a nossa cidade seja uma referência nacional”, frisou a secretária municipal de Saúde, Ana Paula Abadia.
As cirurgias neonatais são as mais complexas no âmbito das cirurgias pediátricas. No caso de Miguel, o procedimento foi para correção da gastrosquise, uma má-formação que ocorre durante a gestação.
Esse problema é caracterizado pelo não fechamento completo da parede do abdômen, perto do umbigo, deixando o intestino exposto e em contato com o líquido amniótico, podendo causar infecção e inflamação e trazendo complicações para o recém-nascido.
O HMA é administrado pela Prefeitura e gerido pelo ISAC (Instituto Saúde e Cidadania).
O começo
O pequeno Miguel nasceu prematuro (na 34ª semana de gestação). Mesmo com peso baixo, ele foi operado com apenas um dia de vida. Foram necessárias duas cirurgias para a correção definitiva do problema e também para ser feita a avaliação diária durante os 24 dias que passou internado na Unidade de Terapia Intensiva – UTI Pediátrica do HMA.
Fernanda Santos Vieira, mãe de Miguel, relembrou que teve uma gestação difícil. “Fiquei sabendo do problema dele no dia do nascimento. Ele seria transferido para Palmas, para fazer a cirurgia, mas apareceu essa vaga no HMA. Ele passou pela cirurgia assim que chegou. Tudo ocorreu maravilhosamente bem”, disse.
Hoje, com um pouco mais de três meses de operado, Miguel está bem, segue em recuperação e tendo todo o acompanhamento pediátrico necessário para a manutenção do procedimento realizado.
Oportunidade de tratamento
Em dois anos atuando em Araguaína, as médicas Joyce Lisboa e Nyrla Yano, ambas cirurgiãs pediátricas no HMA, e responsáveis pela cirurgia neonatal do Miguel, não tinham visto, ainda, nenhuma parceria com o Estado para a realização de cirurgias neonatais pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
“Durante esse período, ouvi vários relatos de mães e familiares de como foi difícil esperar por uma vaga de UTI em outra cidade ou ter que viajar, recém-operada de cesariana, para fazer a cirurgia do seu filho em outra localidade. As famílias sofreram demais. Sem contar as crianças que faleceram sem avaliação especializada e não tiveram a oportunidade do tratamento”, destacou a médica Joyce Lisboa.
Desafios
A médica explica ainda que o tratamento de malformações neonatais é um dos maiores desafios da cirurgia pediátrica. Para que uma cirurgia ocorra bem, é obrigatória a presença de uma equipe profissional preparada para atender o recém-nascido e suas particularidades.
A equipe envolvida no procedimento do Miguel foi formada por profissionais da cirurgia pediátrica, anestesia, pediatria, enfermagem, fisioterapia, UTI pediátrica do HMA, fonoaudiologia, assistência social, nutrição, farmácia, odontologia e equipe de higiene e limpeza.
Redução da mortalidade
O médico e coordenador da UTI Pediátrica, Márcio Miranda Brito, ressalta a importância que a cirurgia neonatal tem para a comunidade de Araguaína.
“Ficamos muito satisfeitos e felizes por participar desse processo. É uma revolução para a cidade, uma grande conquista para os recém-nascidos em Araguaína, que podem ser operados na sua própria região, ficando perto da família. Esse é um serviço que irá reduzir a mortalidade causada pela espera prolongada por uma cirurgia neonatal”, pontua o médico.
(Arquivo Pessoal)O pequeno Miguel nasceu prematuro e foram necessárias duas cirurgias para a correção definitiva do problema