O Tocantins conta atualmente com 29 unidades de produção de banana cadastradas junto à Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) no Sistema de Mitigação de Risco (SMR) para a praga Sigatoka Negra, sistema esse, que as tornam aptas a produzirem e comercializarem os frutos para outros estados da Federação. Além das unidades de produção, o Estado conta também com quatro distribuidoras de frutas, que possuem registros junto à Agência.
Este trabalho desenvolvido pela Adapec é conhecido como certificação fitossanitária – que visa garantir a conformidade fitossanitária dos produtos de origem vegetal, assegurando sua identidade e origem, o que proporciona credibilidade ao processo de rastreabilidade, garantindo maior confiabilidade ao setor produtivo e consumidor.
“Nosso trabalho começa com a fiscalização das mudas que chegam nestas unidades, que devem ser certificadas. A partir daí, pelo sistema de mitigação de risco da praga, acompanhamos as práticas culturais nos bananais, que são as desfolhas sanitárias, a colheita, os cuidados no pós-colheita que são realizados obrigatoriamente em Casas de Embalagens e a higienização das caixas plásticas quando as frutas são embaladas em caixas plásticas retornáveis, e por fim, a liberação para trânsito por meio da Permissão de Trânsito de Vegetal (PTV). Este documento, que é emitido pela Adapec, deve acompanhar a carga até seu destino final,” relata o inspetor de defesa agropecuária (engenheiro agrônomo), Jusélio Domingues da Rocha, que atua no Projeto Manuel Alves, no município de Dianópolis.
No Projeto Manuel Alves é produzido mensalmente cerca de 1.000 toneladas de banana, o que dá em média um faturamento acima de 1,5 milhão de reais/mês, e parte desta produção é comercializada com os estados do Pará, Goiás, Distrito Federal e São Paulo. “O controle fitossanitário que a Agência executa no Tocantins contribui para o crescimento da bananicultura, e consequentemente, da economia, gerando emprego e renda,” destaca o vice-presidente da Adapec, Francisco Ramos.
Distribuidoras de frutas
A Adapec também fiscaliza e certifica as distribuidoras de frutas no Estado. Duas dessas estão localizadas no município de Araguaína, e possuem estrutura de câmaras frias para maturação e conservação das frutas.
O supervisor interino da área vegetal da regional da Adapec de Araguaína, Mauricio Luiz Diamantino, explicou como é o trabalho de fiscalização da Agência nestas distribuidoras. “Estas distribuidoras recebem banana de outras unidades da federação e também de unidades produtoras do próprio Estado. As cargas chegam até as distribuidoras já com certificação de origem, porém, a legislação prevê que nestas distribuidoras haja o controle fitossanitário dos órgãos competentes, que neste caso é a Adapec. Então atestamos a origem dos produtos, emitimos uma nova PTV para as cargas que seguirão para outros destinos,” explica Maurício Luiz.
Segundo a Adapec, o Tocantins não é livre da praga Sigatoka Negra, no entanto na região do Projeto Manuel Alves, ainda não houve detecção da praga, por isso, o trabalho realizado pela Agência é fundamental para evitar a introdução, a propagação e manter o controle da doença, evitando assim, prejuízos econômicos para os produtores.
A ocorrência da praga foi constatada pela primeira vez no Estado no ano de 2010, no município de Araguaína, na região norte.
O que é a Sigatoka Negra
A Sigatoka Negra é uma doença causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis, com elevado nível de perdas que afeta o sistema produtivo da bananeira. É uma doença foliar severa e destrutiva e está presente em todos os países de produção bananeira e é considerada de grande impacto econômico porque diminui os rendimentos, afetando a produtividade das plantações, e pelos altos custos para o seu controle.
Mauricio Diamantino explica ainda que, as condições ambientais favoráveis para o desenvolvimento da bananicultura no Brasil são rigorosamente as mesmas para a sobrevivência, disseminação, infecção e reprodução do fungo causador da doença. “Em bananais onde o controle não é realizado, as perdas podem chegar a 100% nas variedades do tipo Prata e Cavendish. Ela geralmente começa nas folhas mais novas e evolui para as mais velhas, provocando sintomas típicos como estrias marrons e manchas negras necróticas que reduzem os tecidos fotossintetizantes, com perda do rendimento bruto,” relata.
Sistema de Mitigação de Risco (SMR)
É um conjunto de medidas adotadas para minimizar o risco da praga, com o objetivo de reduzir o impacto nas lavouras de banana, possibilitando a produção. Os procedimentos para implantação e manutenção do SMR estão previstos na Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Nº 17/2005.