O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, recuou -0,1% no terceiro trimestre deste ano de julho a setembro, na comparação com o trimestre anterior. O PIB, no período, somou R$ 2,2 trilhões. Os dados foram divulgados hoje (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado do 2º trimestre do ano foi revisado para uma queda de -0,4% de abril a junho. Com isto o País passa por queda econômica por dois trimestres consecutivos, configurando a recessão técnica, que difere da recessão real.
Na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano, a queda foi puxada pelo setor agropecuário, que teve perdas de 8%. Segundo a pesquisadora Rebeca Palis, do IBGE, o resultado foi influenciado pelo encerramento da safra de soja, que fica mais concentrada no primeiro semestre do ano.
“Como ela é a principal commodity brasileira, a produção agrícola tende a ser menor a partir do segundo semestre. Além disso, a agropecuária vem de uma base de comparação alta, já que foi a atividade que mais cresceu no período de pandemia e, para este ano, as perspectivas não foram tão positivas, em ano de bienalidade negativa para o café e com a ocorrência de fatores climáticos adversos na época do plantio de alguns grãos”, afirma a pesquisadora.
A indústria manteve-se estável no período. Por outro lado, a alta de 1,1% do setor de serviços evitou um recuo maior do PIB no terceiro trimestre. A construção cresceu 3,9% e evitou uma queda da indústria.
A alta dos serviços foi puxada por outras atividades de serviços (4,4%), informação e comunicação (2,4%), transporte, armazenagem e correio (1,2%) e administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,8%). As atividades imobiliárias mantiveram-se estáveis, enquanto atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados e comércio tiveram quedas de -0,5% e -0,4%, respectivamente.
Sob a ótica da demanda, a formação bruta de capital fixo, isto é, os investimentos, caiu -0,1%. O consumo das famílias cresceu 0,9%, enquanto o consumo do governo subiu 0,8%.
No setor externo, houve quedas nas exportações (-9,8%) e importações (-8,3%) de bens e serviços.
O IBGE também divulgou uma revisão do desempenho do PIB em 2020. A taxa de queda de 4,1%, informada anteriormente, foi corrigida para um decréscimo de 3,9%.
Recessão Técnica
A recessão técnica acontece quando os dados econômicos negativos de dois trimestres consecutivos não abarcam todos os indicadores econômicos, como por exemplo o mercado de trabalho, atividade da indústria ou vendas no comércio, não sendo desta forma determinante para a recessão real, que abarca o conjunto dos indicadores econômicos. Apesar do País passar por um momento de desemprego alto, inflação acelerada e dólar caro, alguns indicadores econômicos ainda trazem dados positivos. (Da redação com informações da Agência Brasil)