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Cultura

Foto: Simone de Natividade

Foto: Simone de Natividade

Está em execução em Natividade, a 218 km de Palmas, o projeto Abrindo e Organizando Baús em Natividade que tem como principal objetivo recuperar e prolongar a vida útil de acervos que contam muito da história da cidade mais antiga do Tocantins e são verdadeiros tesouros da cultura tradicional do Estado.

Guardados em antigos baús das famílias nativitanas e em arquivos de instituições públicas como a Prefeitura Municipal, o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a Paróquia Nossa Senhora da Natividade e a Asccuna - Associação Comunitária Cultural de Natividade, os registros estão sendo reunidos e organizados em três temas (Baile de Pastorinhas, Festa do Divino Espírito Santo e Programa Monumenta). Uma grande quantidade de documentos, manuscritos, fotografias, slides, negativos, VHS, fitas K7, arquivos físicos e digitais foram coletados, selecionados, higienizados, digitalizados, armazenados, organizados e serão disponibilizados para pesquisas públicas.

O trabalho começou em fevereiro de 2021 e o prazo de execução foi prorrogado. A equipe técnica do projeto trabalhou nos temas Baile de Pastorinhas, Festa do Divino e logo depois, Programa Monumenta. Além do acervo encontrado, o Baile de Pastorinhas foi enriquecido com novos depoimentos de pessoas da comunidade que participaram dessa manifestação cultural e que não é realizada há 11 anos.  Foram realizadas buscas nos arquivos de pessoas responsáveis a cada ano pela festividade do Divino Espírito Santo; da Asccuna; da Paróquia Nossa Senhora da Natividade e do acervo Simone Camêlo Araújo, nativitana, fotógrafa, pesquisadora e colecionadora de informações sobre Natividade.

"A pandemia provocou um crescimento de acessos (on-line) em várias áreas. Em 2020 muito mais pessoas procuraram informações, principalmente sobre a história e a cultura de Natividade e os acervos, as fontes de pesquisas precisavam com urgência de uma atenção especial. O que está sendo feito agora é o começo, onde através da Lei Aldir Blanc Tocantins, três temas foram priorizados, mas a abrangência é bem maior pois está trazendo também outros registros importantes para nosso patrimônio cultural", diz Simone Camelo Araujo, idealizadora e coordenadora do Projeto.

Depois da fase de busca e coleta, foi feito um diagnóstico das condições do material em análise e a orientação de profissionais especializados em trabalhar com acervos históricos. As atividades são de seleção, higienização, conservação, digitalização e arquivamento. A disponibilização, sob pedido, ainda será trabalhada com parcerias futuras.

Para Aelson Filho, o material trabalhado estava em sua grande maioria em situação de risco. “O acervo em que tenho trabalhado é bastante extenso e não estava adequado para uso. Alguma coisa foi perdida, mas o projeto veio a tempo para recuperar e viabilizar o seu acesso. Importante destacar que além dos temas específicos outros assuntos que possuem valor histórico-cultural não podem ser negligenciados, visto que estão bastante vulneráveis. Sendo assim, há a necessidade de continuidade do projeto”.

Hélio Aires, que é historiador, diretor de escola estadual e foi responsável pela Festa do Divino em 2013, destaca a importância do projeto pela referência histórica da cidade de Natividade e a responsabilidade da comunidade em colaborar com a preservação do rico patrimônio cultural. “Estamos felizes com esse projeto. Eu fui capitão do mastro do Divino e não tenho um registro adequado da festa. Não podemos deixar apenas na memória das pessoas envolvidas. Natividade tem uma grande responsabilidade, afinal é a maior referência histórica do Tocantins. Os acervos são importantes fontes de pesquisas e vão contribuir com atividades de educação patrimonial. Simone é reconhecida nacionalmente como a pessoa que mais colabora com nosso patrimônio cultural e teve a visão de propor esse projeto apoiado por uma política pública de incentivo ao setor cultural. Parabenizamos a iniciativa!”  

O Projeto Abrindo e Organizando Baús em Natividade foi contemplado pela Lei Aldir Blanc do Tocantins - Patrimônio Material e Imaterial, Edital 20/2020, do Governo do Tocantins, com apoio do Governo Federal - Ministério do Turismo - Secretaria Especial da Cultura - Fundo Nacional da Cultura. A lei nº 14.017 de 29 de junho de 2020 foi elaborada pelo Congresso Nacional para atender ao setor cultural do Brasil, afetado com as medidas restritivas de isolamento social impostas pela pandemia de Covid-19.  A lei homenageia o músico Aldir Blanc, um dos primeiros artistas mortos em razão da pandemia, em maio de 2020.