A religiosidade é uma das principais características sociais e culturais do povo tocantinense, e a Semana Santa marca uma série de atividades que não se restringem a uma denominação religiosa, mas também revelam o modo de vida e tradições de comunidades específicas.
Pela tradição Católica, esse é um momento para refletir sobre a vitória da vida sobre a morte, e também sobre o papel de cada um na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Porém, em alguns municípios do Tocantins, a data é marcada por romarias e festividades que se tornaram uma marca cultural e atrativos turísticos. Este é o caso da saída das folias do Divino Espírito Santo em municípios como Natividade, Monte do Carmo e Almas, das encenações da Via Sacra – Paixão de Cristo em Palmas e Araguaína, da Romaria da Serra do Estrondo, em Paraíso do Tocantins, da festa dos Caretas de Lizarda, entre outros.
“Nosso Estado possui uma cultura riquíssima e as programações tradicionais da Semana Santa revelam toda a religiosidade do nosso povo”, pontua o secretário de Cultura e Turismo, Hercy Filho, que ressalta a resistência da fé diante de desafios como a pandemia de Covid-19. “Tivemos dois anos difíceis, as atividades tradicionais foram suspensas ou substituídas por momentos simbólicos ou transmissões pelas redes sociais, mas estamos superando as dificuldades e algumas dessas programações foram retomadas neste ano”, ressalta.
Saída das Folias
Poucos sabem, mas uma folia tem seu início no encerramento de outra folia. Ao final da missa do Imperador é realizado um sorteio para definir o Imperador e o Capitão do Mastro (Festeiros do Divido) do ano seguinte. A partir deste momento, os festeiros começam a mobilização junto à comunidade, Igreja, entidades públicas e privadas para a realização dos Festejos do Divino Espírito Santo.
Pela tradição, grupos de foliões devem sair no Domingo de Páscoa para percorrer a cavalo, ao longo de 40 dias, localidades urbanas e rurais para levar a mensagens do Evangelho e pedir donativos para a festa que será realizada em seguida. Em Natividade, três folias partirão da praça da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Natividade às 14 horas do próximo domingo, 17.
Um grupo de folia é formado por pares de foliões (10, 12 ou mais), o alferes, o caixeiro e os arrieiros. O alferes é o portador da bandeira do divino, aquele que faz a “venha”, movimento que a bandeira faz na hora da benção; o caixeiro toca a caixa para a bandeira e este também é um sinal para a chegada da folia - alguns foliões tocam viola e outros pandeiro -, e os arrieiros são responsáveis pela logística da folia, carregando a tralha dos foliões e chegando antes do grupo para organizar o pouso. Uma das paradas confirmadas será no dia 1º de maio, no Centro Bom Jesus de Nazaré, de Dona Romana, distante 1,2 km da zona urbana de Natividade.
No pouso os foliões abençoam as casas e seus moradores, cantam cantigas de chegada, canções litúrgicas, cantos de agradecimento após as refeições e os benditos de agradecimentos. À noite, após os benditos do jantar, tocam e dançam catira e suça, ou sússia. A chegada e encontro das folias está programada para 26 de maio.