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Cultura

Foto: RAIA

Foto: RAIA

A pandemia da covid-19 e suas muitas consequências geraram diversos produtos artísticos no cinema, na música, nas artes cênicas e na literatura. Seja com o objetivo de despertar reflexão, emoção ou para trazer afago a um momento tão crítico da sociedade em todo o mundo, a arte assume a função de alimentar a alma e gerar alívio. No Tocantins, uma médica utilizou da vivência profissional na pandemia com seu lado artístico para construir uma prosa-poética autoficcional sobre o fim do mundo. O resultado: “Um Amor para Quando o Mundo Acabar”, livro de autoria da médica e artista Raia.

A sinopse apresenta a história de uma heroína médica trabalhadora do Sistema Único de Saúde (SUS) que tenta sobreviver a um cenário apocalíptico tomado por um agente etiológico (AE) de contaminação aérea, sobrecarregada de trabalho, em meio à emergência de transformações sociopolíticas no Brasil. A personagem se percebe só, no ano de 2049 d.C., obstinando-se à procura de um amor para quando o mundo acabar. “É um trabalho que reúne escritos e poesias e crônicas baseadas em fatos reais, da rotina de médica vividas durante a pandemia, no Tocantins”, explica a escritora.

A obra foi construída com ilustrações e entremeada por poemas, em formato prosa-poética, que reflete dramas que a pandemia levantou e ousa pensar um novo futuro. “Tudo parou. Tudo acalmou. Tudo parou, menos o nosso trabalho, menos a nossa exaustão, nossa dor. Tudo postergou, menos a morte”, expressa um dos trechos da obra literária.

De acordo com Raia, o livro toca em temas como solidão, feminismo, mudanças climáticas, rebeliões sociais e o conflito subjetivo que a humanidade enfrenta com o amor. “Eu sempre amei escrever, poesias, crônicas, e sinto que é preciso dar mais espaço para nós mulheres na Literatura. Assim como na música brasileira, são sempre homens por detrás da autoria das canções, na Literatura não é diferente. Temos ainda uma minoria de escritoras, a maioria esmagadora dos livros que lemos foi feita por homens brancos, de famílias abastadas”, afirma a escritora.

Lançamento

O livro acaba de ser lançado e está disponível em formato digital para venda na Amazon, através da plataforma Kindle. O E-livro está disponível para venda por 24,99 R$ e é gratuito para assinantes da Kindle Unlimited. A produção, diagramação, edição e lançamento é resultado de patrocínio da Lei Aldir Blanc, do Governo do Estado do Tocantins, na categoria Literatura. “Acredito que editais como o da Lei Aldir Blanc são fundamentais para dar visibilidade às mulheres. Pois é dever do poder público promover a equidade”, conclui RAIA.

Perfil

Gabriela Barboza Pereira, de nome artístico Raia, nasceu em Santa Terezinha, no Estado de Mato Grosso, e mudou-se para o Tocantins aos 18 anos. A artista aprendeu a tocar violão aos 14 anos, mesma época em que começou a compor suas próprias músicas.

Médica, cantora, compositora e escritora, ela conta que a sua história com a literatura vem desde a infância, ainda em Brasília (onde cresceu). Ela teve poesias estampando fachadas da escola e textos premiados. Ela, que sempre amou escrever, viu suas criações se tornarem composições, o que rendeu o lançamento de um disco ("Deixa Raiar").

Formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) no ano de 2017 e deixou a música como segundo plano durante a graduação. Após a formação, começou a trabalhar como médica no Rio de Janeiro (RJ), até que retornou ao Tocantins.