Possibilitar a autonomia e a inclusão social por meio da educação especial é o objetivo do Projeto de Formação de Programa Modelo voltado para estudantes com deficiência visual, múltipla e surdocegueira. A iniciativa é desenvolvida na Escola Estadual Beira Rio, no distrito de Luzimangues, Porto Nacional, por meio de parceria entre a Secretaria da Educação (Seduc) e o Instituto Perkins, dos Estados Unidos.
A parceria com a Seduc teve início em 2019, com a formação de professores que atuam na escola. Na época, o atendimento era apenas para um estudante. Hoje, 33 alunos da educação especial já estão sendo atendidos na unidade de ensino.
No último dia 9, representantes da Seduc e do Instituto Perkins visitaram a escola para realizar o monitoramento presencial dos resultados e impactos obtidos nos quatro anos e estudaram a possibilidade de expandir o projeto para outras unidades escolares do Tocantins. Participaram da visita: A representante da Perkins Internacional no Brasil, Ana Lúcia Rogo; a diretora do Perkins Internacional para América Latina e Caribe, Glória Rodriguez Gil; a gerente de projetos para América Latina e Caribe Perkins, Adriana Ramírez; a superintendente da Educação Básica da Seduc, Markes Cristiana Oliveira e a gerente da Educação Especial da Seduc, Paola Regina Martins.
A representante da Perkins Internacional no Brasil enfatizou o sucesso da parceria em prol da inclusão de crianças com deficiência visual, múltipla e surdocegueira. “Percebemos os grandes avanços desde o início da parceria e que agora a escola está em fase de sistematização do conhecimento. Esse grupo de professores que vem sendo formado pela Academia Perkins vem aplicando as novas estratégias e generosamente compartilhando os saberes com a comunidade escolar”, enfatizou.
Ana Lúcia Rago elencou o progresso na vida dos estudantes atendidos e na qualidade da educação pública do Tocantins. “Percebemos que as transformações das práticas pedagógicas vêm impactando muito positivamente na educação e na inclusão desses estudantes. A Secretaria da Educação vem respondendo essa demanda da escola e fazendo com que o Beira Rio venha se tornando referência na educação para estudantes com deficiência visual, múltipla e surdocegueira”, frisou.
Libras
A gerente de Educação Especial da Seduc enfatizou a importância da capacitação dos profissionais, da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da flexibilização do currículo para a inclusão dos estudantes com deficiência visual, múltipla ou surdocegueira.
“Eles sentem a necessidade de se comunicar em todos os ambientes. Então, quanto mais usuários da língua de sinais, mais se amplia o campo de comunicação, como nas salas de aula com estudantes surdos, é desejável que os outros também aprendam Libras. Com essa melhor comunicação e a flexibilização do currículo, buscamos possibilitar a autonomia, a qualidade de vida e a inclusão social desses estudantes”, pontuou Paola Martins.
Francilene Alves Sousa, mãe da estudante Adriele Sousa, aluna da 2ª série do ensino médio, relatou a evolução que a filha obteve com o projeto. “Adriele chegou na escola sem saber quase nada de Libras. Hoje ela é totalmente diferente do que era antes. Aprendeu bastante e agradeço aos professores por esse trabalho que a escola está fazendo com ela”, contou emocionada.
Atividades adaptadas e currículo acessível
Conforme a coordenadora pedagógica da Escola Estadual Beira Rio, Márcia Araújo, muitos progressos foram alcançados nos últimos quatro anos de aplicabilidade do projeto piloto. “Vemos uma evolução muito grande, desde a estrutura da escola, passando pelo acolhimento do aluno incluso, com as atividades adaptadas e o currículo acessível de acordo com as deficiências. A escola é dividida entre antes e depois desse projeto da Academia Perkins. Dar acessibilidade do currículo comum a todos os estudantes, com atendimento individualizado, mudou toda a nossa escola e tornou-se nosso principal objetivo”, frisou Márcia Araújo.
Instituto Perkins
O Instituto Perkins atua desde 1829 no apoio educacional de crianças com deficiência visual e multissensorial. Iniciou suas atividades nos Estados Unidos e hoje está presente em diversos países, orientando famílias, professores, escolas, médicos, hospitais, líderes comunitários, universidades e governos sobre inclusão e acesso à educação especial.