Em 1990 um cachorro da raça Dachshund ficou muito popular no Brasil em razão de uma campanha elaborada pelo publicitário Washington Olivetto para a Cofap. A ideia do cachorro surgiu por uma associação do seu formato anatômico com um amortecedor.
Na coluna dessa semana o Conexão Tocantins faz um alerta sobre o condrodistrófico, problema que pode acometer cães dessa raça, e também Beagle, Lhasa Apso entre outras, que têm característica física de comprimento longo e baixa altura: a DDIV, popularmente conhecida como hérnia de disco.
“Isso pode ser explicado por conta da sobrecarga sofrida pela coluna, principalmente no ponto médio, devido ao baixo centro de gravidade presente nessas raças, associado ao corpo alongado”, explica Luciano Isaka, médico-veterinário, doutor em Ciências Veterinárias e professor do curso de Medicina Veterinária da Universidade Positivo.
Essa característica anatômica ocorre pelo fechamento precoce da cartilagem epifisária, fazendo com que o crescimento dos membros termine antes do animal finalizar o desenvolvimento.
Estudos que demonstram que animais condrodistróficos podem apresentar os primeiros sinais de degeneração do disco intervertebral - DIV a partir de três meses de vida e ter já todos os discos intervertebrais acometidos em torno de um ano de idade, enquanto cães de outras raças podem sofrer com esse mesmo fenômeno perto dos oito anos de vida.
A coluna vertebral dos pets é uma estrutura anatômica que, além de dar sustentação ao corpo, serve como meio de proteção para a medula espinhal, estrutura nervosa que conecta o cérebro às demais estruturas do tronco.
A DIV é um processo natural associado à idade do animal e que pode, ou não, levar à DDIV. Isaka alerta que “isso ocorre quando há a degeneração do disco intervertebral, que pode ser causada por alterações bioquímicas e/ou biomecânicas, caracterizado principalmente pela desidratação do núcleo pulposo, que pode levar ao colapso do anel fibroso e à ocorrência da hérnia de disco.”
Na hérnia de disco ocorre o deslocamento do núcleo pulposo desidratado em direção ao canal medular, causando compressão da medula espinhal, podendo levar até à perda de movimento dos membros e outras disfunções corpóreas do animal.
O diagnóstico da doença pode ser realizado por meio de exames neurológicos associados a exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Com esse diagnóstico, além de encontrar o local da coluna onde está a lesão, é possível identificar também o tamanho e extensão do trauma. O tratamento depende dos sintomas apresentados pelo pet, podendo ser realizado de maneira clínica, com uso de medicações e cuidados de manejo, ou, em casos mais graves, por meio de cirurgias descompressivas.
O tratamento cirúrgico consiste na remoção do disco intervertebral degenerado do canal medular, a fim de eliminar a pressão exercida sobre a medula e, consequentemente, aliviar a dor e restaurar a função motora do animal.
O tratamento e a recuperação dos pacientes acometidos pela DDIV dependem da deterioração neurológica e da extensão da lesão medular. Quando a lesão medular é associada a um grave comprometimento do suprimento vascular, pode ocorrer a mielomalacia hemorrágica progressiva, uma condição rara caracterizada pela necrose do segmento medular que acaba, infelizmente, sendo fatal.