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Opinião

A polarização político-eleitoral, que tantos males traz ao desenvolvimento nacional, é uma consequência da nefasta desigualdade social existente em nosso país. Essa desigualdade pode ser percebida em cada grupo ou setor social que se encastelou em bolhas ideológicas incomunicáveis, formadas a partir de diferentes conjunturas e percepções da realidade de cada um.

Condições materiais extremamente distintas levam a incomunicáveis torres de marfim habitadas por setores sociais cada vez mais apartados uns dos outros: é o tecido social que se esgarça, o diálogo que se rompe, e realidades diversas são ignoradas.

Com grupos incomunicáveis, a representação política, que deveria ser democrática, e, portanto, deveria contar com a participação de todos, se torna exclusiva dos setores sociais que possuem influência política. Dessa forma, grupos politicamente dominantes predam os recursos públicos, instituindo políticas públicas exclusivistas e ineficientes, geradoras de privilégios, desvios e deturpadoras das prioridades sociais. Esse mecanismo excludente determina a menor transparência das relações políticas, impulsionando a corrupção.

A desigualdade social leva a políticas públicas corruptas e excludentes. Nascidas no seio da desigualdade social, políticas públicas exclusivistas promovem ainda maior exclusão de setores populacionais já historicamente excluídos, marginalizados ou precariamente incluídos.

Ora, políticas públicas que privilegiam injustamente certos grupos dominantes em detrimento de outros geram sentimentos e ações de ressentimento e revanchismo por parte daqueles excluídos. Onde deveria haver uma relação social de cooperação, vicejam os males da competição destrutiva. Onde os valores do progresso e da inclusão deveriam florescer, a reação à exclusão é a tônica.

A desigualdade social gera a polarização política que, por sua vez, determina estruturas sociais excludentes que realimentam a desigualdade!

Para que a polarização política seja minimizada, faz-se urgente reduzir ao máximo as desigualdades sociais por meio de políticas públicas inclusivas, que ajudem na construção de estruturas sociais sustentáveis, emancipatórias e justas. Dessa maneira, será possível concretizar e aprofundar os Direitos Humanos: cada indivíduo e a coletividade poderão contar com a efetiva e real igualdade de oportunidades!

*André Naves é defensor público federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.