O agronegócio brasileiro, que deverá colher 310,9 milhões de toneladas de grãos na safra 2022/2023, cujas exportações foram de US$ 159,09 bilhões em 2022, com alta de 32% em relação ao ano anterior, que é um dos maiores fabricantes de biocombustíveis e detentor do maior rebanho bovino do planeta, tem imensa capacidade de continuar avançando. Para isso, além do aumento da produtividade nos últimos anos, poderá contar com 40 milhões de hectares de pastos degradados que o governo intenciona recuperar.
Área é equivalente à da Suécia, cujo território é um dos maiores da Europa, e seria o 56º maior País do mundo. A regeneração das terras, que exigirá apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária, pode ser feita, segundo a Embrapa, por três tipos de processos. O primeiro é a recuperação direta, que consiste no controle de plantas daninhas com herbicidas e fertilização do solo com adubos. Este é o mais barato.
O segundo é a renovação, com fertilização e replantio, com mudança ou não da espécie vegetal. Tal alternativa pode ter custo até três vezes maior do que a anterior. O terceiro consiste no rodízio entre a criação de gado e o plantio agrícola e/ou florestal. Esta opção pode implicar investimento até cinco vezes superior, exigindo mecanização, preparo do solo e novas semeaduras, mas propicia mais renda aos produtores.
Fica claro que a expansão sustentável das áreas produtivas é viável. Porém, deve ser coerente e sinérgica com o conjunto de políticas para o setor, que se mostram bem-sucedidas neste século, tendo sido corroboradas nos planos contidos no documento do Gabinete de Transição do atual governo, dentre os quais enfatizo: aporte de recursos para o Plano Safra e o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro); assistência técnica e extensão rural; transferência de tecnologia para a agropecuária; o avanço do cadastro ambiental rural; e a modernização da Embrapa, incluindo a readequação orçamentária da instituição, cujo conhecimento e fomento tecnológico são fundamentais.
Com políticas públicas eficazes, segurança jurídica no campo e o devido apoio ao setor, a agropecuária brasileira tem tudo para continuar quebrando recordes e contribuindo para a melhoria ambiental, bem como para o crescimento sustentado de nossa economia.
*João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), empresário e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).