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Saúde

Com 18.906.962 habitantes e 27.453 médicos, no Norte há uma razão de 1,45 médicos por mil habitantes, menor proporção de profissionais da área por mil habitantes, segundo dados da Demografia Médica no Brasil 2023, cujos resultados foram publicados no último dia 8 de março. A região fica atrás do Nordeste, onde há uma razão de 1,93 médicos por mil habitantes e do Sudeste, em que são 2,95 médicos por mil habitantes e tem a maior razão de profissionais da área por mil habitantes no País.

Os dados regionalizados contrastam com o aumento no número de médicos no Brasil. Ainda segundo o estudo, realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), em pouco mais de 20 anos, o número de médicos mais que dobrou no país. Em janeiro deste ano, havia 562.229 médicos inscritos nos 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), o que corresponde a uma taxa nacional de 2,6 médicos por mil habitantes. Nessa perspectiva, deverão ser mais de um milhão de médicos em 2035.

De acordo com o Dr. Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), o Brasil sofre com uma grande desigualdade na distribuição da população médica. Isso significa que, segundo o especialista, o volume não resolve o problema de saúde do Brasil. Além disso, a proporção de profissionais da área atuando em municípios pequenos e mais distantes dos grandes centros urbanos é ainda menor, contribuindo para a falta de acesso de parte da população a serviços básicos de saúde.

“Analisando o cenário, não é difícil constatar que a má distribuição de profissionais não resulta de um suposto desinteresse dos médicos, que até chegam a migrar para essas regiões. O grande problema é que acabam desistindo de atuar nessas cidades, onde notam a ausência de uma infraestrutura mínima: não há hospitais, postos de saúde, unidades especializadas, remédios, transporte. Não há o mínimo para atender com dignidade”, aponta o presidente Anadem.

A proporção de médicos por mil habitantes também é desigual nos diferentes Estados da região Norte, ainda que o tamanho da população por Estado seja diverso. A razão entre profissionais da área por mil habitantes é de 2,17 em Tocantins, 2,12 em Rondônia, 1,84 no Amapá, 1,64 em Roraima e de 1,41 no Acre, que tem a menor proporção da região, embora tenha uma população maior que o Amapá e Roraima.

Essas desigualdades relacionadas à demografia médica também se fazem presentes em recortes entre gêneros. O estudo mostra que as mulheres ganham, em média, R$ 13 mil a menos que os homens, ainda que exista a estimativa que elas serão maioria daqui a apenas um ano, com 50,2% do total de profissionais. Em 2035, a expectativa é de que a porcentagem aumente para 56%. “Essa desigualdade na renda entre homens e mulheres também deve ser trazida à baila nas discussões com os órgãos competentes e autoridades. Se as mulheres possuem a mesma formação e obedecem aos mesmos trâmites burocráticos que os homens ao longo de sua trajetória profissional, não há explicação racional para que haja essa diferenciação salarial”, esclarece Canal. (RS Press)