As dívidas das famílias brasileiras são um problema recorrente e vem afetando cada vez mais lares em todo o país. De acordo com pesquisas realizadas por instituições financeiras e órgãos governamentais, o endividamento é um dos principais motivos de preocupação para os brasileiros, situação que tende a se agravar em períodos de crise econômica.
Segundo números divulgados pelo Banco Central (BC), 28,7% da renda das famílias brasileiras é destinada para o pagamento de dívidas. Muitas vezes, a dívida começa com pequenas compras no cartão de crédito ou empréstimos pessoais para cobrir despesas emergenciais. No entanto, se não houver um planejamento financeiro adequado, esses débitos podem se acumular rapidamente e se tornar um fardo pesado.
Em um ano, endividamento das famílias brasileiras aumentou 7 pontos percentuais, atingindo o pico histórico
As altas despesas com juros e parcelamentos geram impactos negativos não só na vida financeira, mas também na saúde emocional e no bem-estar das pessoas. É estimado que aproximadamente 77,9% das famílias brasileiras foram atingidas pelo endividamento no ano de 2022, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O índice do ano passado registrou um aumento de 2 pontos percentuais (p.p) em relação à pesquisa anterior, feita em 2021, quando 76% das famílias apresentavam endividamentos. Esta tendência de alta é ainda mais comprovada quando são analisados os anos anteriores. Em 2020, 66,5% das famílias brasileiras estavam endividadas, 11,4 p.p a menos do que em 2022.
Apesar do aumento contínuo no número de famílias endividadas ao longo dos anos, os brasileiros estão otimistas de acordo a um estudo feito pela fintech Provu mostra que 97,7% das pessoas acreditam que a vida financeira deve melhorar em 2023. Seja pelos motivos de melhor organização pessoal, novo emprego, ou até a expectativa de um aumento salarial.
Perfil do endividamento no Brasil
Quando nos aprofundamos ainda mais na pesquisa realizada pela CNC, é possível verificar que as mulheres, com menos de 35 anos e ensino médio incompleto são a maioria entre os endividados. No Brasil, 79,5% das mulheres foram atingidas pelo endividamento no ano de 2022.
Ainda segundo o levantamento, o cartão de crédito é o principal meio de endividamento dessas mulheres, que normalmente usam a ferramenta como uma espécie de “extensão” do orçamento familiar, seja para fazer as compras mensais ou até mesmo com gastos extras, como por exemplo, um tratamento médico urgente.
Neste cenário, de acordo com o Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro 2022, feito pelo Serasa, das dívidas obtidas através do cartão de crédito, 65% são de compras feitas em supermercados, enquanto 41% representa despesas médicas e compra de remédios.
A falta de educação financeira é uma das principais causas da inadimplência no país
Enquanto algumas pessoas atribuem as dívidas ao fácil acesso a crédito e até a o empréstimo pessoal online, que vem se popularizando ao longo dos anos, especialistas mostram que a falta de educação financeira é o principal fator que contribui para o aumento da dívida entre as famílias brasileiras. Muitas vezes, as pessoas não têm noção de como funciona o sistema financeiro e acabam contraindo dívidas sem saber exatamente o que estão fazendo.
Principais causas da inadimplência no país
· Redução da renda
· Inflação
· Desemprego
· Crise econômica mundial
· Falta de educação financeira
O primeiro passo é que as famílias busquem se educar financeiramente, evitem o endividamento excessivo e procurem alternativas para quitar suas dívidas de forma sustentável e planejada. Com planejamento e organização, é possível manter as finanças em dia e evitar o acúmulo de dívidas que podem comprometer o bem-estar financeiro e emocional das famílias.
Veja algumas dicas:
Algumas dicas para melhorar as finanças da família
1. Organizar o orçamento: Saber quanto dinheiro está entrando e saindo, listando as receitas e despesas mensais. Isso ajuda a controlar os gastos e a não gastar mais do que se ganha.
2. Evitar compras impulsivas: Avaliar os gastos de forma racional e resistir a tentação das chamadas “compras impulsivas”, sobretudo quando o produto não é necessário.
3. Cautela no cartão de crédito: O cartão de crédito pode ser uma ferramenta útil, mas os juros são muito altos e é fácil se endividar ao usá-lo de forma imprudente.
4. Reserva de emergência: É importante ter um fundo de emergência para cobrir despesas inesperadas, como problemas de saúde e gastos extras em geral. Isso pode ajudar a evitar dívidas nos momentos de uma necessidade financeira.
No cenário onde a dívida já é uma realidade para o cidadão e causa problemas que prejudicam o controle financeiro, pode ser uma alternativa viável a busca de profissionais de instituições financeiras que podem auxiliar a gestão de recursos e traçar um plano para o pagamento da dívida, sem comprometer ainda mais as finanças. (Melisa Murialdo/omelhortrato.com)