O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) começou neste mês os trabalhos de monitoramento e manejo do pato-mergulhão (Mergus octocetaseus). As atividades ocorreram entre os dias 2 e 5, nos dois ninhos da espécie, que estão localizados no Rio Novo, na área do Parque Estadual do Jalapão e na Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão. O pato-mergulhão é uma das aves mais ameaçadas das Américas e uma das mais raras do mundo, tendo sido reconhecida pelo Ministério do Meio Ambiente como símbolo das águas brasileiras (Portaria nº 79, de 26 de março de 2018).
O responsável pela manutenção e o manejo do pato-mergulhão, o biólogo e inspetor de Recursos Naturais do Naturatins, Marcelo Barbosa, explica que as ações foram realizadas para incentivar o reuso de ninhos utilizados pela espécie em estações reprodutivas anteriores. “Assim, a principal tarefa foi a de manejar a entrada de acesso ao ninho de modo promover condições de novo uso no ninho manejado, já que a espécie costuma repetir o local de nidificação consecutivas vezes”, observou.
As próximas atividades estão previstas para o período reprodutivo de 2023, dentre elas, a colocação de câmeras fotográficas (câmeras trap) para monitorar o uso dos ninhos pela espécie e captar a dinâmica de entrada e saída da fêmea ao local de nidificação, como também o nascimento dos filhotes.
Também está previsto para esse ano um sobrevoo na área do Jalapão, principalmente nos cursos d’água que nascem na área da Estação Ecológica (ESEC) Serra Geral do Tocantins. O objetivo é verificar novos possíveis locais de ocorrência da espécie e avaliá-los quanto à sua potencialidade de abrigar novos casais do pato-mergulhão.
Barbosa observa que, além disso, o programa de monitoramento (Pro PaTO), coordenado pelo Naturatins, prevê um novo censo da espécie a ser realizado em agosto/setembro em um trecho de 145 quilômetros do Rio Novo, repetindo a mesma atividade realizada em 2019, 2021 e 2022. Essa atividade contará mais uma vez com a participação de especialistas com a espécie de outras organizações e apoiadores do programa, como a Fundação Pró-Natureza (Funatura) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins).
Com a realização dos censos quase que anuais, os pesquisadores poderão ter uma ideia de como está a população da espécie que ocorre na região e através dessas informações propor e realizar medidas que visem a sua conservação na região.
O Naturatins desde 2007 desenvolve ações de conservação da espécie na região, sendo considerado por especialistas da espécie, um dos mais importantes trabalhos desenvolvidos pelo Instituto.