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Economia

Se nos últimos meses pensar em trocar ou comprar um carro pareceu um objetivo paralelo para boa parte da população, a meta de adquirir um novo automóvel atinge atualmente o maior patamar do ano, firmando-se como o segundo desejo financeiro mais popular para o próximo trimestre — atrás apenas da organização das próprias contas. Quem tem a informação é a fintech FinanZero, cujo Índice FinanZero de Empréstimo (IFE) mais recente traz o ranking atualizado das aspirações dos brasileiros.

Mais até do que viajar ou quitar dívidas, o foco no carro novo, ao que os dados indicam, vem ganhando cada vez mais adeptos entre as pessoas. Em fevereiro, por exemplo, 30% delas afirmavam querer adquirir um automóvel mais para frente, número que foi para 41% em março e, no último mês, subiu para cerca de 42%.

Segundo Rodrigo Cezaretto, diretor operacional da FinanZero, um dos motivos para o interesse pode estar atrelado à queda nos preços dos automóveis – sobretudo seminovos e usados – de 2022 para cá. Para se ter uma ideia, dados da Federação Nacional das Associações de Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) indicam que os seminovos chegam a custar até 7% menos agora do que custavam no início do ano passado, por exemplo. "Entra nessa conta o fato de a inflação do setor automotivo ter desacelerado no intervalo de um ano. Para a população, isso significa que comprar um seminovo hoje é mais acessível do que nos anos em que estávamos vivendo a pandemia", explica Cezaretto.

Esse processo não aconteceu no mercado de carros 0km, porém: na verdade, entre janeiro e abril de 2023, o volume de vendas de veículos novos caiu 26,5% em comparação ao último ano pré-pandêmico (2019), de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). "Os números nos permitem compreender melhor o que está acontecendo nesse mercado, em que as pessoas desejam trocar de automóvel, mas ainda encontram preços altos nas concessionárias. Nesse caso, a saída encontrada são os seminovos ou mesmo os carros mais antigos", pontua Rodrigo.

Pagar as contas ainda é o foco principal

Seguindo a esteira dos últimos meses, a maioria da população ainda quer passar pelo trimestre seguinte com suas contas organizadas, desejo apontado por 51% dos respondentes da pesquisa da FinanZero de abril.

Outras metas bastante indicadas são viajar (40%), comprar uma casa própria (33%), abrir um negócio (33%) e, ligado a essa última, alcançar a independência financeira (28%).

Curiosamente, se a busca por um carro está em alta nos últimos meses, outra demanda comum dos brasileiros está em queda: a festa de casamento. Apontada como um desejo por 10% das pessoas no começo do ano, esse número caiu para 5,5% no mês passado. Mesmo a perspectiva de organizar uma comemoração qualquer passou de 9% em janeiro para 5% agora.

"Se compararmos os desejos mais apontados em nossa pesquisa, fica evidente que as pessoas estão priorizando a saúde financeira e a aquisição de bens duráveis neste momento. Mesmo quando há uma meta menos ligada às urgências cotidianas, ela está em fazer uma viagem – não uma festa", analisa Cezaretto.

Quem pede empréstimo no Brasil

Para além dos objetivos financeiros da população, mais uma vez, o Índice FinanZero de Empréstimo traz o panorama mais recente envolvendo a demanda por empréstimo no País. Em um contexto marcado por oscilações no número de pedidos de crédito, dados da base de abril da FinanZero mostraram que a procura teve uma leve queda de 13% na comparação com março.

A maior parte dos solicitantes aponta o pagamento de dívidas como principal motivo para recorrer ao sistema financeiro (32%), seguido pelos projetos de reforma da casa (15%) e de abrir um negócio (14,5%). Já o perfil de quem pede dinheiro emprestado permanece inalterado: são homens jovens (média de 35 anos), na região Sudeste (53%), sem nível superior (77%) e empregados em regime celetista (54%).

E quanto às pessoas com restrição de crédito que mais recorreram à FinanZero em abril? Ao desvendar o perfil atualizado deste público, o novo índice revelou que, no geral, os pedidos mais recentes de inadimplentes foram bem divididos entre homens e mulheres, ambos com rendas aproximadas de R$ 1.800 a R$ 2.199. Metade das solicitações, aliás, também vieram de profissionais celetistas ao longo do mês.

A informação do último IFE de que 80% dos solicitantes negativados não possuem curso superior é algo pontuado por Rodrigo Cezaretto, que destaca se tratar de um público frequentemente alvo das incertezas do mercado de trabalho, o que os torna mais suscetíveis ao desemprego ou ocupações com menor estabilidade financeira. “Essas circunstâncias, sem dúvida, afetam a capacidade de quitar ou renegociar certas dívidas”, conclui.

Confira a metodologia e mais detalhes sobre os dados no Índice FinanZero de Empréstimo.