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Saúde

Foto: Divulgação

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O tema da campanha que reveste o mês de julho da cor amarela, chamando atenção para a conscientização sobre as hepatites virais é “Um olhar voltado à saúde hepática”. Em favor da temática, especialistas dos hospitais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) esclarecem sobre os cinco tipos de vírus que podem atingir o fígado, assim como, ressaltam sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.

A médica gastroenterologista Bárbara Borba, do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), explica que o fígado é um importante órgão, responsável por múltiplas funções, como metabolizar substâncias tóxicas e armazenar vitaminas importantes para o funcionamento adequado do organismo. No processo de infecção viral (hepatovírus), as células do fígado são contaminadas, gerando um processo de inflamação, por isso o nome “hepatite”.

Os principais sinais da doença, conforme sinaliza a especialista, são febre, dor abdominal, tontura, náuseas, urina escura e amarelidão da pele e dos olhos. Nem sempre, no entanto, os sintomas aparecem no início da infecção, sendo mais evidentes no estágio avançado. Quando não devidamente tratada, a hepatite viral pode evoluir para uma cirrose hepática ou câncer.

No HDT-UFT, que fica localizado em Araguaína (TO), estão previstas algumas ações alusivas ao tema. Durante o mês, ocorre distribuição de folder orientativo sobre a doença (clique aqui para acessar) e nos dias 27 e 28 de julho (Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais), haverá duas lives, com especialistas do hospital, que abordarão o assunto e estarão tirando as dúvidas sobre a enfermidade.

Tipos de vírus e formas de transmissão

Segundo a hepatologista Simone Conde, chefe do Setor de Gestão de Pesquisa e Inovação Tecnológica do Complexo Hospitalar Universitário da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA), as hepatites causadas por vírus apresentam-se em dois grandes grupos: os hepatotrópicos clássicos (que atingem diretamente o fígado, como é o caso dos vírus A, B, C, D e E), e os vírus considerados não-clássicos, caracterizados por outros agentes virais que podem evoluir para uma hepatite, como o vírus da Febre Amarela e da Dengue. “Neste momento em que relembramos o julho amarelo, nós estamos conscientizando especialmente sobre os vírus hepatotrópicos”, ressalta.

As hepatites A e E são de transmissão oral e fecal, destaca Simone, portanto, podem ser adquiridas através de águas e alimentos contaminados, sendo a E menos frequentemente encontrada no Brasil. Os métodos de prevenção, nestes casos, consistem no saneamento adequado, higienização das mãos e dos produtos a serem consumidos. No caso das hepatites B, C e D, estas podem ser transmitidas de forma vertical (entre mãe e filho na gestação e parto), parenteral (na utilização de agulhas, tesouras, alicates e seringas contaminadas) e sexual. Dessa forma, o pré-natal adequado, para rastreio da doença e assistência no parto; o não compartilhamento de itens perfurocortantes; e as relações sexuais protegidas com camisinha são as formas de prevenção junto à vacinação. No caso da hepatite D, esta ocorre apenas nos indivíduos que já foram infectados pela hepatite B, porque a D precisa deste vírus anterior para se replicar.

Diagnóstico e tratamento pelo SUS

A Hepatite A não se torna uma doença crônica, conforme ressalta o médico gastroenterologista do Hospital Universitário Walter Cantídio, do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), Milton Lima. A incidência de cronificação acontece na hepatite B, em 10% dos casos quando a infecção ocorre na fase adulta, e 30% em pacientes que tem contato com o vírus até 10 anos de idade; e ainda mais na C, com 70% dos casos em que o vírus se torna persistente no organismo por mais de seis meses, exigindo tratamentos mais prolongados, reforça o médico.

Os medicamentos utilizados são de via oral, com indicação médica especializada. Tanto os medicamentos, quanto o diagnóstico, a partir dos exames sorológicos (de sangue) e testes rápidos, são garantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), evidencia o gastroenterologista. É importante que a investigação pelo vírus aconteça de forma periódica, nos exames de rotina anuais, para que haja identificação precoce quando positivo para os vírus. Durante a gravidez, se a mulher for positiva para hepatite B, ao nascer, o filho deve receber a primeira dose da vacina contra Hepatite B e a imunoglobulina hiperimune (substância com anticorpos). Essa medida de profilaxia do bebê auxilia a prevenir a cronificação. Caso não seja feita, 80% dessas crianças tendem a cronificar.

Desde a Atenção Primária, nas Unidades Básicas de Saúde, o paciente é examinado clinicamente e encaminhado para os testes de sangue. Nos hospitais universitários federais, geridos pela Ebserh, são oferecidos serviços especializados de Infectologia e Hepatologia para acompanhamento destas doenças. Além disso, destaca Milton que, “desde a primeira infância, as vacinas contra as hepatites A e B são ofertadas pelo SUS, presentes no calendário de vacinação”. Como a hepatite D está associada à B, a imunização é correspondente. Para as hepatites C e E não há, ainda, vacina criada e liberada para a população.

Estatísticas

O Ministério da Saúde publicou em 2022 o Boletim Epidemiológico das Hepatites Virais, um documento que traz os registros de notificações dos casos entre os anos de 2000 e 2021. Segundo o documento, 718.651 casos foram confirmados no Brasil neste período, sendo 168.175 (23,4%) de hepatite A, 264.640 (36,8%) de hepatite B, 279.872 (38,9%) de hepatite C e 4.259 (0,6%) de hepatite D.