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Educação

Foto: Divulgação UFT

Foto: Divulgação UFT

A professora e pesquisadora da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Rosane Balsan, implementou, na instituição, o Roteiro Geo-Turístico de Porto Nacional. O projeto de pesquisa e extensão da UFT promove, sobretudo, aulas-passeio pelo centro histórico da cidade, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2008.

"O projeto nasceu inspirado no roteiro geo-turístico de Belém do Pará, coordenado pela professora Maria Goretti, e no roteiro geográfico do Rio, do professor João Baptista de Mello, em memória. Eu fui nos dois roteiros, fiz os trajetos e me encantei pelas propostas", conta Rosane, que é docente do curso de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG), no Câmpus de Porto Nacional. 

A partir dessas experiências, a professora Rosane decidiu elaborar um projeto semelhante para o Tocantins, mas para ser implementado no interior, em Porto Nacional, município distante a cerca de 60km da capital Palmas e com população em torno de 50 mil habitantes.

"É um trabalho de turismo pedagógico, um turismo educacional sem fins lucrativos, voltado para escolas e comunidade, em geral, onde percorremos, a pé, as ruas e edificações do centro histórico do município, conhecendo aspectos de sua história, da geografia, arte, religião, arquitetura", explica Rosane.

Ao todo, são 17 os pontos atualmente inclusos no roteiro, que chega a receber até duas visitas por semana, principalmente de estudantes do ensino básico e superior - e vindos, inclusive, de outros estados. No primeiro semestre deste ano, o projeto teve atendimento recorde, tendo recebido mais de mil participantes.

"O material, tanto em língua de sinais quanto em inglês, foi pensado justamente na inclusão das pessoas, da comunidade surda e mesmo num possível interesse de turistas estrangeiros pelo nosso roteiro. Porto Nacional está na rota que vai para a principal região turística do Tocantins, que é o Jalapão. Mas é um material, num todo, pensado também para os próprios cursos do Câmpus de Porto Nacional. Temos Letras-Libras, Letras-Inglês....", detalha a coordenadora do projeto. "Recentemente, uma escola de Palmas, por exemplo, solicitou o folder em inglês, pois queria trabalhar o material em sala de aula, nas aulas de inglês e, em seguida, fazer a aula-passeio em Porto Nacional; isso foi muito gratificante. Numa outra ocasião, ao recebermos uma turma de alunos, não saberíamos que, entre eles, teríamos um aluno surdo. Já tínhamos o folder em Libras e o entregamos a este aluno, que ficou extremamente comovido e nós, claro, também!", conta.

Livro

Em 2021, o projeto lançou um livro, divulgando a produção científica de seus colaboradores - em sua maioria, professores pesquisadores da UFT. A coletânea proporciona aos leitores uma visão sobre as experiências no aspecto da extensão, pesquisa e ensino do Roteiro Geo-Turístico e assuntos relacionados à cidade de Porto Nacional.

"No período da pandemia, propusemos uma serie de lives na área do patrimônio cultural, especialmente sobre a preservação do patrimônio de Porto Nacional. Nesses encontros virtuais, os palestrantes eram convidados a entregar um texto, de uma a três páginas, sobre o assunto. Concorremos a uma premiação institucional em extensão e, contemplados por este edital da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), nós convidamos aqueles palestrantes, que são pesquisadores, ativistas culturais, professores, estudantes, a ampliarem conosco seus textos, de modo a termos uma coletânea", relata Rosane Balsan. 

O livro Roteiro Geo-Turístico e Porto Nacional: reflexões de ensino, pesquisa e extensão (EdUFT, 2021), traz capítulos que abordam, por exemplo, particularidades como a arquitetura, a arte e aspectos históricos sobre o surgimento de Porto Nacional, que teve os primórdios de sua fundação no então chamado Arraial do Pontal - um dos relatos contidos na obra.

Roteiro na pesquisa

O projeto Roteiro Geo-Turístico de Porto Nacional também é inspiração para pesquisas de pós-graduação na UFT - tanto no PPGG quanto em programas de outras áreas. 

Neste trabalho de mestrado, por exemplo, o pesquisador Laíres José Gonçalves da Silva Ribeiro observa as contribuições do projeto Geo-Turístico de Porto Nacional para a educação patrimonial das pessoas, por meio do turismo cultural. "É uma possibilidade de experiência transformadora de ensino, proporcionando aos alunos conhecimentos diversos, socioculturais e ambientais, além de contribuir para a melhoria e desenvolvimento da cidadania. Os lugares são entendidos como espaços importantes e carregados de significado, que são desenvolvidos por aqueles que residem ou visitam. Geografia e turismo, duas áreas de estudo, entrelaçam-se enquanto interpretações possíveis de reproduzir o imaginário da realidade, construindo-se e dando sentido", afirma o pesquisador, em seu trabalho. 

Em outro trabalho de mestrado, no Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação (Profnit), o acadêmico Genias Brandão de Alencar desenvolveu um aplicativo que possibilita visitas virtuais, em 3D, a pontos turísticos históricos de Porto Nacional.  Para saber mais detalhes sobre este trabalho - o GeoPorTOur -, clique AQUI. 

"Também tivemos uma pesquisa de mestrado em que foram elaborados mapas mentais a partir da percepção de ex monitores sobre o projeto, em que eles observam e analisam o Roteiro Geo-Turístico e seus pontos. Entre os trabalhos de iniciação científica que abordam o Roteiro, destaco um - premiado na própria UFT e fora dela, na Universidade Federal do Goiás - em que a acadêmica levantou o perfil de visitantes nos hotéis em Porto Nacional, dialogando com a questão do turismo patrimonial", frisa Rosana Balsan.

Saiba mais

Para conhecer mais sobre as atividades do Roteiro Geo-Turístico de Porto Nacional, você pode seguir o projeto no Instagram ou no Facebook.

"O projeto se destaca pelo fato contribuir na preservação e conservação do patrimônio cultural brasileiro e, especialmente, na educação patrimonial, principalmente com as crianças do Ensino Fundamental, que serão também transmissoras desse conhecimento para as futuras gerações", afirma a coordenadora da iniciativa. (UFT)