Jornalista, empresária e presidenta do Diretório Metropolitano do PCdoB/TO, a pré-candidata a prefeita de Palmas, Roberta Tum, concedeu entrevista ao Conexão Tocantins, oportunidade em que analisou a conjuntura política, relembrou fatos históricos, comentou sobre pautas progressistas, informou sobre os próximos passos do partido e da possibilidade de apoio por parte dos governos municipal e estadual.
Há 33 anos em Palmas, Roberta Tum chegou à capital para trabalhar. Ao longo dos anos, viu os processos de construção da cidade serem implantados, passou por governos e nas suas lembranças, recordações de um passado de poeira e progresso. "Nós que respiramos a poeira do progresso, como dizia Siqueira Campos, demos uma contribuição muito grande. Eu me sinto parte da história de Palmas e apta, portanto, a discutir os rumos do desenvolvimento da cidade", disse.
Dentre as propostas defendidas para Palmas, Roberta Tum citou ações com foco em amenizar as altas temperaturas de Palmas; educação inclusiva, apoio às crianças atípicas e neurodivergentes; gratuidade no transporte público; políticas voltadas aos jovens; amparo às pequenas e médias empresas, dentre outros.
Ialorixá, Roberta Tum diz viver a realidade dos extremos e defende a promoção de debates para a quebra de preconceitos. "O problema da violência chega muito forte dentro do terreiro e várias questões vamos debater, mas principalmente te dizer que vamos promover esse debate sim de forma mais igualitária possível, nas redes (sociais) e nas ruas", informou.
Nesta entrevista Roberta Tum ainda fala da disputa pelo apoio da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, do governador do Estado, Wanderlei Barbosa e dos atrasos provocados pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Confira a seguir, na íntegra:
CT - Em entrevista ao Conexão Tocantins, o pevista Marcelo Lelis disse que Palmas precisa de alguém que realmente conheça a história e tenha vínculo com a cidade e disse que a senhora tem essas características. Como a senhora analisa a declaração do Lelis?
RT - O Marcelo Lelis é um companheiro de longa data. Já caminhamos juntos politicamente, já o apoiei para deputado estadual, já o apoiei para governador, já votei nele para prefeito de Palmas, assim como a Cláudia já recebeu meu voto por diversas vezes e é uma turma que a gente se conhece do começo de Palmas. Então, estou aqui desde abril de 91, no ano que vem faço 33 anos de Palmas e eu, como muitos, cheguei aqui para trabalhar. Tranquei meu curso de jornalismo lá UFG em Goiás e vim para ocupar um espaço lá na Rede Manchete, Comunicatins, vim para fazer uma chefia de reportagem, ajudar a Monica Calaça que então era diretora de comunicação, a montar uma equipe competitiva, num Estado novo e de muitos vazios. A televisão era uma maneira de dar um pouco de unidade. Estou em Palmas desde então. Eu costumo dizer que vi o primeiro poste de iluminação pública ser colocado ali no entorno do Palácio Araguaia na gestão do prefeito Eduardo Siqueira. E assim acompanhei o desenvolvimento da cidade, as mudanças na Praça dos Girassóis, a construção dos bairros da cidade. Em 96 caminhei com o então candidato a prefeito, doutor Odir Rocha, a cidade toda. Então eu tenho memórias, retratos, lembranças de como caminhou esse desenvolvimento da cidade de Palmas e tenho minhas críticas de como esse eixo foi excludente para a maioria dos trabalhadores, principalmente da construção civil que ficaram alijados a 16 km da Capital. Tinha a Palmas da elite e a Palmas dos trabalhadores. E aí vem surgindo a Palmas dos servidores públicos; fui servidora pública no governo (Moisés) Avelino, logo que eu cheguei e assim conquistei meu lote pago à prestação, via as ruas da minha quadra, a então Arne 13, serem abertas, asfaltadas. Participei desse processo todo. Fico honrada com a menção do Marcelo Lelis e realmente nós que fomos pioneiros dessa cidade, quando ela não tinha ainda os ares de cidade, era uma grande fazenda rasgada em estrada de chão. Nós que respiramos a poeira do progresso, como dizia Siqueira Campos, demos uma contribuição muito grande. Eu me sinto parte da história de Palmas e apta, portanto, a discutir os rumos do desenvolvimento da cidade que para mim hoje é a exclusão social, a exclusão econômica de grande parcela de sua população, o abandono da juventude negra, periférica à sua própria sorte, sem uma rede de apoio, uma rede de inserção no mercado, sem uma proteção que, acredito, o poder público tem essa obrigação de criar políticas de inserção social e é isso que o PCdoB pretende propor em vários eixos, mais para uma gestão socialista em Palmas.
CT - A senhora disse em entrevista ter o anseio de provocar debate na cidade, em pequenas rodas de conversas por todos os bairros de Palmas. Quando pretende dar início as ações de pré-campanha?
RT - Assumi a presidência do PCdoB há 10 dias e estamos na fase de organização da documentação. O partido ficou com algumas lacunas de prestação de contas ao longo dos últimos anos, o que hoje impede o recebimento do fundo partidário, o que não é grande, mas para nós que fazemos militância de esquerda, a gente não faz com muito dinheiro, estamos acostumados a fazer com pouco, mas não podemos ficar sem esses recursos porque é com eles que a gente movimenta a nossa militância, movimenta a nossa cidade. Então, nesse primeiro momento nós estamos nos debruçando nisso. O PCdoB também escolhe daqui até o dia 20 a sua comissão executiva. No nosso partido isso não vem imposto de cima para baixo, elege-se o diretório, que a gente chama do pleno e que debate essas questões todas, aprova as ações e elege o presidente ou a presidente, que foi o que aconteceu. A próxima etapa agora será uma conferência para a gente fazer a escolha desses nomes da executiva e definir as secretarias, porque a partir daí o partido se mobiliza, já dentro do projeto eleitoral, que prioriza um programa de governo, as linhas básicas que vamos defender. Não estamos defendendo voltar a fazer licitação o transporte público em Palmas porque entendemos que se o município cuidar bem disso nós temos condição de estender gratuidades a quem de fato precisa delas, além dos estudantes, a população de baixa renda, definir quesitos, os desempregados que muitas vezes não conseguem se locomover na cidade até para procurar um emprego e isso contraria o direito de ir e vir, que é constitucional, e criar amplas frentes de trabalho no município para a gente debater a cidade. Queremos fazer o Movimento 65 pelos bairros de Palmas, na universidade, nos sindicatos, no meio dos profissionais liberais autônomos, das pequenas e médias empresas para a gente entender quem hoje gera renda, gera empregos e o que está faltando de amparo, do apoio do poder público para essas iniciativas que hoje sustentam a cidade. Também temos o eixo temático do impacto das mudanças climáticas. Palmas sofre hoje extremamente com a baixa umidade, com o calor, estamos vivendo essa onda de calor e a gente tem que ter política pública para a gente transformar a cidade com o foco em amenizar essa temperatura alta porque quem vive e trabalha na rua hoje é questão de saúde pública na cidade. Criar bolsões climáticos que amenizem essa sensação térmica. Para quem anda a pé, para quem anda de bicicleta, para quem anda de moto, para quem trabalha no sol. Hoje é um dos maiores maiores problemas da cidade e que acho que espanta muito empresas, investidores, que é essa questão climática, então nós vamos tratar dela como uma questão de saúde pública também, entre outros temas.
Arrematando, criamos um calendário da Federação (PCdoB, PT e PV) e esse mês a gente ainda tem convenção estadual do PCdoB dia 14, temos aí uma semana pela frente, com a presença do Governo Federal aqui, que é o governo que nós apoiamos do presidente Lula, que a gente se expôs, eu pessoalmente saí da minha bolha da comunicação, fiz campanha abertamente nas redes e nas ruas para o presidente Lula, porque entendíamos que não era possível mais correr o risco de mais quatro anos de atraso no nosso País e o presidente dará a sua resposta com os ministros, os ministérios presentes aqui em Palmas nos próximos dias resolvendo as questões dos prefeitos, resolvendo as questões de Palmas, tudo que está pendente de aprovação para a cidade. Isso é muito importante e nós vamos trabalhar nessa mobilização, o que deixa a nossa próxima mobilização de pré-campanha para uma reunião política que a Federação marcou no final do mês de novembro. Aí organizado o partido vamos iniciar essas plenárias, rodas de conversas nesse modelo mesmo, de horizontalidade, que a gente quer fazer nas diversas regiões de Palmas.
CT - Alguns pré-candidatos à Prefeitura já iniciaram pré-campanha nas redes sociais e, entre outras iniciativas, iniciaram visitações em busca de apoio. O que a senhora acha que marcará estrategicamente a campanha de 2024?
RT - Quando você fala que os pré-candidatos estão fazendo suas movimentações de rua, é justo, é legal e é possível, porém esse método de fazer campanha em Palmas não é o nosso método. A nossa maneira de fazer, é ocupar os espaços da sociedade organizada, ocupar o espaço da universidade, trazer a juventude que está alheia à política para o debate e isso a gente faz com outro tipo de ação e isso está no nosso planejamento. Vamos estar com ele concluído até o final do mês e as redes sociais serão um grande campo de batalha em busca do voto, em busca do convencimento das pessoas de um outro modelo de fazer política, um modelo como disse, mais horizontal, onde a gente se coloca como representante e não salvador da pátria, não essa figura mítica de super-herói que alguns pré-candidatos estão construindo: eu vou fazer, eu vou resolver, eu vou trazer num sei o que do passado! A gente reconhece e dá o devido valor para a experiência de cada um na política, mas queremos fazer uma coisa horizontal, um poder distribuído e uma candidatura de representatividade. Não sou candidata de mim mesma, não serei candidata de mim mesma, nós estamos num grupo, a Federação hoje é um partido só - embora composto pelo PT, PCdoB e PV, nós somos um partido só porque só podemos ter um candidato ou uma candidata e nós vamos procurar principalmente buscar o nicho dos eleitores do presidente Lula, que é quem não tem medo de votar na esquerda. Isso representa hoje 46% do eleitorado de Palmas que hoje está solto e até cogita em votar em outras candidaturas porque não se viu representado ainda numa candidatura de esquerda, uma candidatura mais avançada, numa candidatura mais simples e que trata com igualdade os diversos segmentos da nossa sociedade, da nossa comunidade. Então é uma campanha pé no chão, de igual para igual, na rede e na rua que vamos fazer.
CT - Presidenta do PCdoB Metropolitano, a senhora disse em entrevistas que dentre os desafios à frente, está contribuir para resgatar a esquerda local, construir os caminhos para tornar a cidade inclusiva e combater a desinformação e o preconceito com relação ao comunismo. Como pretende alcançar esse objetivo? Na sua visão, há um entendimento equivocado sobre o comunismo?
RT - O PCdoB também vai iniciar uma campanha digital para quebrar o preconceito, as fake news e todas as distorções que existem em torno do que é o PCdoB, o que é que a gente propõe como gestão, de que forma que a gente vai trabalhar isso. Mas inicialmente o termo comunista, o termo esquerda, tudo que remete ao vermelho, temos uma horda de militantes de direita, inclusive em espaços religiosos combatendo o comunismo que eles imaginam que exista e não o comunismo que existe, que o PCdoB tem como meta; primeiro uma transição para o socialismo, para depois se chegar no modelo de comunismo atual, que não é mais o antigo, porque vivemos outro mundo, diferente daquele em que Marx e Lenin (marxismo-leninismo) viveram, e traçaram as regras do que seria uma sociedade onde os meios de produção estivessem nas mãos dos trabalhadores. Temos essa discussão interna dentro da esquerda, dentro dos partidos da esquerda e à princípio o nosso primeiro objetivo é a quebra do preconceito.
Estou começando a receber materiais que você não acredita, completamente distorcidos, vídeos no Tik Tok combatendo o comunismo, então, a ignorância, o preconceito e a má fé são três eixos que prejudicam a esquerda. E não é só em Palmas, no Tocantins, é no Brasil todo. Então é isso que estamos visando, primeiro esclarecer as pessoas, não permitir que o eleitor seja massa de manobra, assustado por uma direita muito bem organizada que quer nos colocar num extremo, trabalhando pauta de comportamento como se fossemos descontruir a sociedade que está aí. Não, nós queremos mais inclusão, queremos direitos respeitados. Eu que sou de matriz africana, sou Ialorixá do culto tradicional africano com casa em Palmas há 14 anos, então eu vivo muito essa realidade, a realidade dos extremos, das periferias onde os nosso terreiros estão inseridos, o problema da violência chega muito forte dentro do terreiro e várias questões vamos debater, mas principalmente te dizer que vamos promover esse debate sim de forma mais igualitária possível, nas redes e nas ruas.
CT - Na a avaliação da senhora o que a esquerda tem feito de errado na Capital para não ter conseguido, ainda, ser protagonista no cenário eleitoral, já que em eleições passadas a disputa sempre se manteve entre os principais grupos políticos hegemônicos no Estado?
RT- Qual foi o último governo de esquerda na cidade de Palmas, né? Tivemos duas gestões do ex-prefeito Raul Filho, que iniciou lá atrás no PPS, depois foi para o PT e no PT, em consonância com os governos do PT à nível nacional, o Raul trouxe um avanço muito grande na educação de tempo integral, na construção das UPAS, na organização da saúde. Infelizmente o segundo mandato do Raul foi marcado por denúncia de corrupção, teve o caso (Carlinhos) Cachoeira que afetou a imagem da gestão do Raul na Capital e o fim da gestão foi triste, com problema na coleta de lixo. Ficou àquela má impressão. Depois disso, você vem com o Amastha que foi prefeito de centro, um empresário que acredita no capital como uma forma de impulsionar o crescimento da cidade, mas que também alterou todas as taxas, a planta de valores, a cobrança de IPTU, dificultou a cidade para os autônomos, saiu com esse desgaste embora tenha feito uma grande gestão em outros pontos, o Amastha vem aí sucedido pela Cinthia (Ribeiro) como a sua vice e que conseguiu se eleger num cenário de 12 candidaturas na última eleição, bem fracionada a votação, mas ela conseguiu manter essa maioria e está caminhando para finalizar a gestão dela. Talvez a nível estadual, o PT que é o carro chefe da Federação e também é o maior partido de esquerda com representatividade, viveu um momento duro com o golpe que a Dilma (Rousseff) sofreu, o afastamento dela, a eleição do Bolsonaro, então é uma série de fatores da conjuntura política que fechou as portas das urnas aqui em Palmas para a esquerda. Agora a gente vive outro momento e acredito que a gente vá conseguir retomar um protagonismo, temos tudo para isso.
CT - Como que a senhora vê a questão das pautas progressistas: LGBTQIA+, liberdade de culto religioso, aborto, e a perseguição que as religiões de matriz africana sofrem. O que se pode fazer para combater isso? Como a senhora vê o avanço do campo conservador no Brasil, alimentado principalmente por evangélicos?
RT- Com esse avanço da precarização dos postos de trabalho, desse discurso da meritocracia, do discurso do empreendedorismo para quem, às vezes, não tem a menor condição de empreender, a uberização - vamos colocar assim -, o que aconteceu? os trabalhadores perderam, enquanto organização, espaço; os sindicatos sofreram um processo de desgaste e a pauta dos costumes se tornou a defesa da cidadania da população LGBTQIA+, essas pautas foram abraçadas pela esquerda como uma forma de garantir as liberdades individuais. O Estado não pode se impor, impor regras as religiões. E a gente vem vendo esse embate aí em várias questões. Você veja que em pleno 2022 passamos por aquele caso de uma criança grávida, de 10 anos, e todo movimento conservador querendo impedir que fosse feito o aborto legal. Aquela criança não tinha estrutura para carregar uma gravidez, é uma criança, está no início da sua puberdade, sofreu uma violência e aí você tem movimentos conservadores na porta do hospital, você tem juíza, você tem promotora, você tem mulheres de direita conservadoras; e fora os organismos religiosos, colocando uma regra no corpo daquela criança, que tem que ser protegida pelo Estado, uma questão de saúde dela. Aí você vê que estamos muito atrasados nessa discussão das liberdades individuais e que não afetam a questão coletiva, então nós precisamos fazer essa discussão. Quanto aos ataques que a gente vem sofrendo, as religiões de matriz afro-brasileira aqui, em Palmas, tem sofrido ataques de pastores, de supostos cristãos que querem nos impor a maneira de ver o mundo, de acreditar, de ver o sagrado conforme eles acreditam. É preciso sim garantir o que é Constitucional: o direito a culto, o direito à crença e a cidade de Palmas precisa permitir a diversidade religiosa aqui, com políticas de proteção dos mais frágeis. Eu volto a dizer, as religiões de matriz afro aqui são a ponta mais frágil na cidade, onde o radicalismo neopetencostal toma conta, onde a gente vê parlamentar discutindo banheiro unissex e criando uma celeuma onde não existe e isso é muito triste.
CT - Ser pré-candidata à prefeita de Palmas é um anseio antigo ou algo decidido recentemente em conjunto com o partido na Conferência do dia 21?
RT- Não, ser candidata a prefeita não é um anseio pessoal antigo, é uma coisa do cenário que se desenha agora. Na verdade, na campanha do ano passado, na campanha do presidente Lula, alguns segmentos começaram a levantar essa ideia: 'ah, você podia ser nossa prefeita, você podia ser nossa prefeita', mas levei na brincadeira aquilo e não via espaço, condições para tanto, e aí isso volta a acontecer agora, na reconstrução partidária do PCdoB. Na verdade vou te dizer que, o que mais me motivou foi o cenário que eu vi se desenhando, o vácuo de lideranças de esquerda e eu pensei porque que eu não posso contribuir? Estou aqui há tanto tempo, conheço a cidade, conheço os problemas, vou me colocar à disposição de fazer essa discussão pelo PCdoB e aí tomou corpo, mas isso é coisa de meses.
CT - No entendimento da senhora quais são hoje as principais carências de Palmas e quais as principais propostas?
RT - Sobre as propostas, nós temos um documento e gostaria de encaminhar assim que for referendado na plenária. Não gostaria de antecipar muita coisa porque a gente vai fazer uma divulgação disso em segunda etapa dentro do planejamento de comunicação, mas os eixos: educação inclusiva, apoio às crianças atípicas e neurodivergentes, com mais força dentro da rede municipal, rede de apoio às mães; questão do transporte público municipal com gratuidades às faixas de renda e sub-renda que necessitam deles, falamos muito da saúde das mulheres, de políticas propositivas que defendam e protejam a mulher em Palmas, principalmente a que está em mais situação de vulnerabilidade econômica, da violência que vem levando a crimes de feminicídio; uma política de apoio e profissionalização da nossa juventude para criar caminhos fora do tráfico, fora dos comandos instrumentalizados do crime organizado, tirar, porque hoje o jovem não tem muito pertencimento com nada, acaba envolvido nisso aí sem muita alternativa, então são eixos do que a gente pretende fazer.
CT - O apoio da prefeita Cinthia e do governador Wanderlei Barbosa são bastante disputados, já que podem influenciar diretamente no peso da eleição. Como pré-candidata a prefeita, a senhora pretende buscar o apoio da prefeita e do governador?
RT - Veja bem, a prefeita Cinthia é uma amiga querida que recebeu meu apoio nas eleições passadas, dentro daquele contexto, principalmente porque considerei excepcional o controle que ela fez na pandemia na cidade. Ninguém sabia para onde ia, o risco era de errar e provocar muitas mortes e ela foi rígida. O que muita gente critica, os abalos da pandemia, considero que foram ações que buscaram preservar prioritariamente a vida e a saúde dos palmenses, mas reconheço que a prefeita Cinthia é uma mulher conservadora, o PSDB é um partido fora de Palmas e do Tocantins, de centro-esquerda, mas aqui é um partido de centro com acenos à direita, e compreendo que o campo ideológico dela não é o mesmo nosso, então precisamos construir na base essa candidatura para que os apoios que vierem, venham em razão de nós representarmos o que uma parte significativa da população de Palmas pensa. Com relação ao governador Wanderlei Barbosa, a Federação composta pelos três partidos tem participação no governo dele, inclusive alguns quase do PCdoB foram acomodados, nós temos um deputado que é presidente do partido a nível estadual, o deputado Ivory de Lira, um homem da composição e do diálogo e ocupou esse espaço e representa o PCdoB numa coalização de forças no governo, então ele deve conduzir essa conversa a possibilidade, ainda que não sejamos uma candidatura que tenha apoio oficial do governo, porque o Wanderlei também é um político da ala conservadora, não apoiou o presidente Lula, mas assumiu institucional depois, de fazer esse encontro da estrutura do governo dele com a estrutura dos ministérios, das secretarias nacionais, ele tem feito um bom trabalho, então essa construção vai ser feita via diretório estadual para que, nos viabilizando, haja possibilidade de que no governo os mais à esquerda fiquem conosco, mas é um processo de construção.
(Foto: Arquivo Pessoal)