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Professor e pesquisador Eduardo Ribeiro, coordenador do Huto.

Professor e pesquisador Eduardo Ribeiro, coordenador do Huto. Foto: Dicom Unitins

Foto: Dicom Unitins Professor e pesquisador Eduardo Ribeiro, coordenador do Huto. Professor e pesquisador Eduardo Ribeiro, coordenador do Huto.

O Herbário da Universidade Estadual do Tocantins (Huto/Unitins) completa 18 anos de existência nesta sexta-feira, 10, com muitos motivos para comemorar. Ao longo desse período de quase duas décadas, o Huto desenvolveu uma série de pesquisas que foram fundamentais para revelar a verdadeira diversidade da flora tocantinense e coletou amostras de plantas que formam o seu acervo.

O professor e pesquisador Eduardo Ribeiro, coordenador do Huto, conta um pouco a saga do Herbário da Unitins, que deu origem a outro antes de conquistar um espaço definitivo na estrutura da Universidade. O pesquisador relembra que no dia 17 de janeiro de 2005 foi coletada a primeira amostra de planta que iria dar início ao acervo. Desde então já foram catalogadas mais de dez mil amostras de plantas nos diferentes ecossistemas do Tocantins, que hoje integram a coleção científica do Herbário.

“O Huto foi o segundo herbário criado no Estado do Tocantins, sendo que o primeiro, o Herbário do Tocantins (HTO), implantado em 1992, na então Unitins, Câmpus de Porto Nacional, com a criação da Universidade Federal do Tocantins (UFT) foi incorporado ao acervo da instituição”, relata Eduardo Ribeiro, que defende que o Huto cumpre um papel relevante, constituindo-se num importante instrumento de registro histórico da vegetação do estado do Tocantins.

Ribeiro aponta que o Estado vem passando por um acelerado processo de modificação da sua vegetação, o que, segundo ele, pode ocasionar no desaparecimento de espécies de plantas. “Ampliar os esforços de coletas botânicas para o Huto, torna-se imprescindível para que se tenha catalogada essa diversidade de plantas do Tocantins, antes que seja tarde”, alerta o pesquisador.

Novas descobertas

As expedições de coletas botânicas para o Huto têm contribuído com a descoberta de espécies novas, o que significa que elas ainda eram desconhecidas pela ciência, a exemplo de duas espécies encontradas recentemente, como a Symphyllophyton gradatum e a Symphyllophyton strictifolium, consideradas endêmicas no Tocantins e que estão depositadas no Huto. Ribeiro conta que tais espécies estão classificadas como criticamente em perigo de extinção.

“Através de coletas botânicas para o Huto, foram feitas importantes descobertas para a flora tocantinense. Como os primeiros registros para o estado do Tocantins, podemos destacar a Monteverdia rigida uma planta típica da região da Caatinga; a Cereus adelmarii considerada endêmica do estado do Mato Grosso; a Stachytarpheta integrifolia até então considerada endêmica do estado de Goiás; a Phragmipedium vittatum ameaçada de extinção e a Griffinia nocturna espécie ameaçada de extinção no mais alto nível de classificação”, relata Eduardo Ribeiro, que defende que a ampliação do esforço de coletas botânicas para o Herbário se torna importante para que se tenha um diagnóstico o mais real possível da biodiversidade florística do Tocantins.

Ribeiro observa que estas coletas são indispensáveis para se entender o estado de conservação dessas espécies, bem como identificar o potencial de usos sustentável quer seja para fins farmacológicos, alimentícios, paisagísticos ou outras possibilidades de usos.

Apoio ao ensino

O Herbário tem sido importante no desenvolvimento de pesquisas científicas na área da Botânica, mas também tem sido útil no apoio às atividades de ensino do curso de Engenharia Agronômica de Unitins, além de receber visitas de estudantes de outras instituições de ensino superior, a exemplo do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), Centro Universtiário Católica do Tocantins (UniCatólica) e Centro Universitário Unitop. Como atividade de extensão, o Huto recebe visitas de estudantes dos níveis fundamental e médio de todo o Estado, como forma promover a popularização do conhecimento científico.

Durante as visitas, os estudantes têm oportunidade de conhecer sobre as espécies que compõem a flora tocantinense, a importância dessas espécies, quais são as pesquisas botânicas desenvolvidas na instituição e a importância do herbário na documentação da flora e para conservação da biodiversidade.

“É com grande alegria que celebramos os 18 anos do Herbário da Unitins, pois sabemos que é uma importante ferramenta para a pesquisa e estudos acadêmicos de alunos e pesquisadores que podem dispor desse vasto material para ser utilizado em pesquisas, principalmente do que temos aqui no nosso Estado. Agradeço imensamente o professor Eduardo Ribeiro, pela coordenação do projeto e toda sua equipe pelo excelente trabalho desenvolvido”, declara a vice-reitora, professora Darlene Teixeira Castro.

Acervo de plantas fossilizadas

Além de documentar a diversidade da flora atual do Tocantins, o Huto dispõe ainda de um importante acervo composto por amostras de plantas fossilizadas que representam a flora passada. Trata-se de uma flora já extinta, que ocorreu no Período Permiano da Era Paleozóica, que remonta a um período entre 250 a 295 milhões de anos passados, que ocorre no Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Tocantins (MONAF), situado no município de Filadélfia (TO).

O que é um herbário?

Um herbário é como se fosse uma biblioteca, só que em vez de livros, no caso do herbário, essa biblioteca é composta de plantas devidamente coletadas e preparadas seguindo técnicas científicas. Nos herbários, as plantas são armazenadas na forma de exsicatas, que vão compor o acervo, servido para retratar a diversidade vegetal de uma determinada região.

O herbário permite a documentação permanente da diversidade florística de uma determinada região, sendo importante para retratar a composição de áreas que se modificam ao longo do tempo, seja pela ação antrópica ou por efeitos de perturbações naturais, que alteram a cobertura vegetal.