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Polí­cia

Foto: Luiz de Castro/Secom-TO

Foto: Luiz de Castro/Secom-TO

A Polícia Civil deflagrou na manhã desta terça-feira, 5, em Caseara, a Operação Najas, que visa dar cumprimento a 19 mandados de busca e apreensão, 15 mandados de afastamento de função pública e 20 medidas cautelares, além do recolhimento de fiança totalizando R$ 1,64 milhão entre os investigados. Algumas pessoas foram presas por posse ilegal de arma de fogo. Participam da Operação 80 policiais civis.

São alvos da operação a prefeita, o vice-prefeito, o presidente da Câmara de Vereadores, secretários municipais, empresas, dentre outros envolvidos, no município de Caseara.

Os mandados decretados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins decorrem de investigação criminal realizada pela 6ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Deic) de Paraíso do Tocantins, acerca de crimes de fraude em licitações, desvio de recursos públicos, organização criminosa, lavagem de capitais, falsidade ideológica e demais crimes contra a administração pública.

Investigação

Conforme apurado durante as investigações, no ano de 2017 a gestão municipal, incluindo as secretarias da Saúde e da Educação, deu início a procedimentos licitatórios com o objetivo de contratar a empresa de um dos supostos envolvidos no esquema para locação de veículos para as pastas. Foi constatado que a empresa foi criada logo após as eleições de 2016, ano em que a gestora foi eleita no primeiro mandato. De acordo com a PC, foi verificado que a referida empresa sequer existia fisicamente, se tratando de uma empresa fictícia e que a empresa e seu proprietário movimentaram mais de R$ 23 milhões entre os anos de 2016 a 2020.

Segundo a Polícia, foram apontados indícios robustos da participação dos alvos da investigação nas condutas criminosas, tendo se chegado à conclusão de haver um agrupamento criminoso instalado em Caseara, voltados para a prática de fraudes em procedimentos licitatórios. Ainda segundo a Polícia, nesse caso, o grupo teria se unido para dar aparência de legalidade à contratação da locadora de veículos para diversas pastas da gestão municipal.

Foi apurado pela Polícia que a empresa sequer possuía frota de veículos suficiente para atender a demanda, chegando inclusive a locar o mesmo veículo a duas secretarias. Segundo a Polícia Civil, constatou-se ainda que ao final do contrato,no ano de 2021, a empresa transferiu veículos para filhos da prefeita municipal

Indícios de fraude

Seguindo informações da Polícia, os procedimentos licitatórios possuíam indícios claros de fraude, contendo inclusive documentações ideologicamente falsas para poder habilitar a empresa no certame. Os veículos, segundo a Polícia Civil, eram locados em valores superfaturados. "Os valores recebidos pelo proprietário da empresa, também alvo da investigação, eram imediatamente transferidos para conta de pessoa física, e, em seguida, realizados saques em vultosas quantias, de modo que dificultava o destino do dinheiro", divulgou a PC.

A Polícia informou ainda que foram coletados elementos que davam conta de que moradores de origem humilde de Caseara realizavam transferências de grandes quantias para a empresa locadora de veículos. Além disso, apurou-se, de acordo com a Polícia, que o proprietário da empresa remetia diversos e expressivos valores aos familiares da prefeita, secretários e funcionários municipais, a partir das contas bancárias da empresa fantasma. A Polícia Civil ainda informou que, aplicando o mesmo modus operandi, foi apurado que o filho da prefeita também criou uma empresa fictícia para a realização de diversos serviços públicos, sediada no endereço da alcaide municipal, deduzindo logicamente que seria utilizada para condutas semelhantes (possivelmente outras fraudes em licitações).

Armas e afastamentos

Durante o cumprimento das buscas, foram localizadas armas de fogo e munições nas residências dos secretários e inclusive da prefeita, que foram conduzidos à unidade policial para as providências legais. Na ocasião, foi dado cumprimento ao afastamento dos cargos de prefeita municipal, vice-prefeito e presidente da Câmara, bem como aos ocupantes das pastas da Secretaria de Saúde, Educação, Finanças, Infraestrutura e Obras, Secretaria de Governo, além de outros funcionários públicos. 

Foram decretadas ainda medidas cautelares alternativas à prisão, como proibição de manter contato entre os investigados e testemunhas, além da estipulação de fiança para cada um dos investigados, somando o montante de R$ 1,64 milhão. Nenhum deles pagou a fiança determinada pelo Poder Judiciário.

Os investigados foram conduzidos e cientificados das medidas cautelares, e permanecem à disposição do Tribunal de Justiça. (Com informações da SSP/TO)