No Câmpus da Universidade Federal do Tocantins em Gurupi, o Laboratório de Compostos Bioativos (Lacombi) está desenvolvendo e produzindo cogumelos, com vistas a explorar o potencial tanto nutricional quanto econômico na região. A produção deste tipo de alimento, rico em nutrientes e apreciado por veganos e vegetarianos, é pequena no Brasil, em comparação com outros países, embora se registre uma tendência crescente no consumo de alimentos saudáveis e alternativas vegetarianas, impulsionando a demanda também por cogumelos.
De acordo com a Associação Nacional dos Produtores de Cogumelo (ANPC) estima-se que o Brasil produza cerca de 12 mil toneladas/ano de cogumelos "in natura"; a quantidade, se comparada com outros países como China, Itália, Estados Unidos e Holanda, a produção pode ser considerada muito pequena. Conforme dados da ANPC, a China, por exemplo, chega a produzir mais de cinco milhões de toneladas/ano (dados de 2011).
Cepas adaptadas
Atualmente, na região Norte, a produção de cogumelos é limitada, com a maioria dos cultivos concentrados no Sul do país. No entanto, segundo o coordenador do Lacombi, professor Augustus Caeser Franke Portella, a equipe do Laboratório está empenhada em mudar esse cenário. "Estamos investindo no cultivo de cepas adaptadas à baixa umidade e à temperatura alta, características recorrentes nesta região", explica. "Acreditamos que essa produção de cogumelos incentivará pequenos e médios agricultores a diversificar seus cultivos, proporcionando uma renda alternativa e contribuindo para a segurança alimentar", diz Portella.
O coordenador destaca ainda a importância dos cogumelos como uma alternativa saudável para aqueles que não consomem carne. "Os cogumelos são cultivados especialmente para esse público-alvo, devido ao seu alto teor nutricional. Os cogumelos são uma excelente fonte de proteína."
Pedro Petterson Santana, um dos orientandos do professor Portella, diz que trabalhar com cogumelos tem sido uma experiência fantástica. "Nunca imaginei que poderia estar envolvido em algo assim. Tenho o desejo de continuar essa pesquisa e, no futuro, explorar o potencial dos cogumelos na indústria farmacêutica, desenvolvendo remédios para diversas condições de saúde", afirma.
Benefícios do consumo de cogumelos
A nutricionista do Câmpus, Ana Cristina Wagner, destaca que os cogumelos tem bom valor nutricional e pode ser uma alternativa viável para quem não consome alimentos de origem animal. "Este alimento apresenta uma quantidade significativa de proteína. Contudo, o valor nutricional é influenciado pelo substrato em que o alimento é produzido. A depender da espécie e do substrato utilizado, o cogumelo pode ser mais rico em proteínas", relata. Ela complementa afirmando que os cogumelos apresentam baixa densidade lipídica e alta quantidade de fibras, sendo ricos em minerais e vitaminas. "Isto auxilia na melhora da imunidade, além de conter substâncias antioxidantes e um precursor de Vitamina D, importante para o crescimento e equilíbrio do corpo", conta.
A nutricionista explica que o consumo contínuo de cogumelos traz benefícios, mas alerta sobre a procedência do produto: "Desde que se tenha um importante cuidado com a procedência dos cogumelos, visto que existem diversas espécies que não são comestíveis, é um alimento que pode trazer muitos benefícios para a saúde. Por ser rico em água e fibras, atua como coadjuvante para a melhora do trânsito intestinal e possui efeito antioxidante, reduzindo o envelhecimento precoce. O consumo deste alimento até duas vezes na semana é uma interessante alternativa", finalizou.
Os interessados na cultura de cogumelos podem entrar em contato com o laboratório por meio do endereço eletrônico (e-mail) portella@uft.edu.br. O Lacombi dispõe de uma cartilha sobre a produção de cogumelos, que também pode ser solicitada via e-mail.
(Foto: Divulgação Lacombi)