Recorte preciso da música produzida na região da Amazônia Legal que precisa ganhar ainda mais projeção, o Festival Se Rasgum anunciou os 10 selecionados para sua tradicional etapa de Seletivas Se Rasgum, pelo terceiro ano consecutivo abrindo o radar para artistas amazônidas.
Neste ano, foram escolhidos os trabalhos de Batuc Banzeiro (AM), Dil Ferreira (PA), Ian Wapichana (RR), Isaías Alves (MA), Iuna Falcão (MA), Marcela Bonfim (RO), Mestra Cristina (PA), Mestre Lourival Igarapé (PA), Negrabi (PA) e Tani (AP).
Batuc Banzeiro é uma banda amazonense formada em 2020, composta por Nando Montenegro, Amada Procópio e Bruno Mattos. Com uma proposta sonora que combina elementos da Música Popular Brasileira e do Rock Psicodélico, a banda se destaca por sua forte conexão com manifestações populares da Amazônia, resultando em uma experiência musical imersiva e original.
Músico profissional autodidata, multi-instrumentista há mais de 20 anos, produtor musical e arranjador, o paraense Dil Ferreiraé um grande difusor da guitarrada paraense. Em 2021 ele lançou seu primeiro single, Return, que lhe rendeu uma indicação para o Prêmio Amazônia de Música - Edição Pará 2023 de melhor música instrumental. Em 2022 ele criou um canal de guitarradas no YouTube para homenagear os criadores deste segmento e para manter viva esta cultura tão importante para a música brasileira.
Artista, produtor audiovisual, produtor musical, músico multi-instrumentista, escritor e poeta, Ian Wapichana é descendente do povo Wapichana, originário do norte de Pindorama (RR). Fascinado pela pluralidade dos povos, deu início aos seus experimentos musicais e visuais no intuito de desmitificar e romper pensamentos colonizados sobre os povos originários que habitam nesse imenso território.
Natural da ilha de Upaon-Açu, São Luís (MA), Isaías Alves cresceu nos guetos, no meio das manifestações religiosas e culturais afro e indígena, sendo artisticamente influenciado por mestras e mestres de cultura popular do Maranhão, como a Dona Teté, Mestre Felipe, Mestre Coxinho, Humberto de Maracanã, Chagas da Maioba, dentre outros. Encontrou no Jazz a sua forma de expressão e liberdade. Art Blakey, Max Roach e Elvin Jones são bateristas da cena americana, que juntamente com a cultura popular, selam a concepção artística que norteia todo o seu trabalho.
Original de São Luís do Maranhão, radicada em Salvador (BA),Iuna Falcão, realiza um mergulho musical profundo nas suas raízes Maranhenses afro-indígenas, e traz para o seu trabalho os ritmos e sonoridades da sua infância em São Luís, como o Tambor de Criola, Bumba Meu Boi, Cacuriá, Caixas do Divino, Tambor de Mina e outros, além da influência pelo movimento Hip Hop dos anos 1990 e o uso de programações.
Formada em economia pela PUC-SP e militante pela causa das populações negras e tradicionais, Marcela Bonfim lança seu olhar para a população amazônica com o seu trabalho “(Re)conhecendo a Amazônia Negra: povos, costumes e influências negras na floresta”, que foi contemplado pelo edital Natura Musical e lhe rendeu homenagem da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia.
Mestra Cristinaé uma poetisa, natural de Vila Silva no município de Marapanim. Há muitos anos ela cumpre a função de Guardiã das sementes, atribuição esta que lhe foi outorgada pelo grande conhecimento das tradições agroecológicas de sua comunidade. Em 1971, ela inicia os trabalhos na elaboração e realização dos brinquedos cênicos, uma forma popular de expressão teatral. Festividade esta que é hoje uma das mais tradicionais de Vila Silva. É também nesta comunidade que Mestra Cristina junto com outras mulheres do Clube das Mães fundaram, em 1994, o pioneiro grupo feminino de carimbó pau e corda, Sereia do Mar.
Mestre Lourival Igarapé é artesão, compositor e músico percussionista, desenvolve trabalhos nas áreas de cultura popular dentro de escolas municipais e estaduais, bibliotecas, centros comunitários, praças e espaços culturais. Suas práticas são voltadas para salvaguardar os saberes do carimbó às novas gerações, repassadas pelas mãos do próprio Mestre.
Nascida e criada nas ruas do Tapanã, Belém do Pará, Negrabi expõe em suas composições o fracasso do sistema racista e sexista. Mandando a real como forma de sobrevivência, transita entre o drill, trap e boombap, encontrando na música sua maior arma de libertação. Com letras marcantes que abordam as vivências de jovens que não aceitam “não’’ como resposta, ela é uma das múltiplas vozes expoentes do rap paraense, nortista e amazônida.
Cantora, compositora e ativista, Taninasceu em Fortaleza mas foi criada no Amapá onde reside até hoje. Neta de maestro e filha de músico, ela é uma verdadeira apaixonada por música e aos 13 anos começou a tocar violão e descobriu sua paixão pelo canto. Atualmente, ela lançou seu primeiro EP intitulado O que eu queria ter feito antes, em que reúne seis músicas autorais que usam como inspiração desde sentimentos pessoais a fatos do cotidiano, com relatos sobre personagens - reais ou fictícios.
Foram mais de 200 inscrições, selecionadas por júri composto de 6 pessoas do mercado musical que levou em consideração critérios artísticos e musicais, originalidade, criatividade, capacidade de comunicação eficaz, diversidade étnico-racial e equidade de gênero.
Agora em junho, os escolhidos passam por uma mentoria de carreira virtualmente e depois desse processo, os 10 selecionados participarão de pitching, onde poderão apresentar seu trabalho para um júri especializado no segmento. Os três melhores avaliados terão a oportunidade de fazer parte do line-up da 19ª edição do Festival Se Rasgum, um dos mais longevos em atuação na região.
A etapa das Seletivas Se Rasgum 2024 - Amazônia Legal foi fomentada pelo Programa Funarte de apoio a ações continuadas 2023, é associada à Abrafin e Circuito Amazônico de Festivais e têm como objetivo incentivar e fomentar a música independente por meio de produção musical, capacitação, promoção e conexões no mercado da música brasileira, especificamente da região da Amazônia Legal.