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Campo

Foto: Valtair Comachio

Foto: Valtair Comachio

“Esse vinho entregou um tripé interessante de leveza, frescor e uma doçura não exagerada. É um vinho aromático e elegante, além disso, também é um vinho gastronômico; com ele posso brincar com diversas harmonizações”. Essa foi a avaliação feita pela sommelier Bárbara Soares, ao degustar na Expovitis 2024, o vinho branco produzido com a variedade de uva BRS Lorena, desenvolvida pela Embrapa Uva e Vinho (RS). 

A BRS Lorena é a variedade híbrida de maior sucesso entre as uvas desenvolvidas pela Embrapa, para a elaboração de vinhos, destacando-se principalmente por sua produtividade, doçura e potencial enológico. O público que visitou o estande da Embrapa nos três dias de evento (19 a 21 de julho) também pôde degustar um rótulo de vinho tinto, feito com a uva BRS Magna, outro de vinho branco, elaborado com a uva BRS Bibiana, além de três sucos de uva integral, das variedades BRS Rubea, BRS Magna e outro da BRS Cora. 

“Fiquei muito impressionada com a feira. Não esperava que ela tivesse a dimensão que teve em termos de tamanho e, também de organização. Outra característica muito interessante do evento é ter sido focado nos vinhos nacionais. A grande maioria das feiras não faz isso”, destacou a chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, Andrea de Rossi. A Expovitis foi realizada no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, no PAD-DF.

A programação da feira também contou com reuniões técnicas e palestras. Uma delas foi a do pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Giuliano Pereira, que apresentou as novas tecnologias da Embrapa para a vitivinicultura, no painel Tecnologias, Pesquisas e Perspectivas para a Vitivinicultura Brasileira. “São tecnologias vitícolas, enológicas, que foram validadas no Rio Grande do Sul e na região do Cerrado (Projeto Trijunção) e estão disponíveis para toda a viticultura brasileira”, afirmou. 

Dentre essas tecnologias estão variedades BRS tanto para vinhos finos, quanto vinhos de mesa e sucos, sistemas de condução, leveduras BRS, sistemas de alertas para doenças e ferramentas que ajudam o produtor a identificar carências nutricionais ou mesmo doenças nas plantas. De acordo com o pesquisador, a ideia é implantar várias dessas tecnologias em propriedades parceiras na região do DF, por meio de um trabalho conjunto entre a Embrapa Uva e Vinho e a Embrapa Cerrados, a Vinícola Brasília, a Associação Nacional de Produtores de Vinhos de Inverno (Anprovin) e a Coopa-DF. 

“Queremos mostrar que a nossa vitivinicultura pode ser uma alternativa muito rentável, mudando o cenário de uma região, porque ela possibilita impulsionar o enoturismo, valorizar a enogastronomia da região, além do artesanato e da cultura local, proporcionando desenvolvimento rural e urbano sustentável como alternativa para a agricultura familiar e, também, para a agricultura empresarial’, afirmou o pesquisador. 

Segundo o pesquisador Giuliano Pereira, a produção de vinhos no DF segue o modelo iniciado e validado pela Epamig em Minas Gerais. Esse modelo se expandiu para todos os estados do sudeste e do centro-oeste do Brasil, com foco na produção de vinhos de inverno, com as colheitas de uvas entre junho e agosto, adotando-se a técnica da dupla poda. “Nesse período, ocorrem os três fatores primordiais para a elaboração de vinhos que expressem elevada tipicidade, que são dias ensolarados, solo seco e amplitude térmica entre dia e noite. Esses fatores favorecem, principalmente, a síntese do metabolismo secundário das videiras, promovendo elevadas concentrações de compostos fenólicos e aromáticos nas uvas e nos vinhos”, explicou o especialista. 

Trabalho articulado 

Essa articulação das duas unidades busca unir a expertise da Embrapa Uva e Vinho com as tecnologias das cultivares e do sistema de produção com a da Embrapa Cerrados relacionada à parte de fitotecnia e à validação de cultivares na região do Cerrado, em parceria com o setor produtivo, em prol do desenvolvimento ainda maior da vitivinicultura na região. “É fundamental que a gente consiga juntos, unindo esforços, contribuir de alguma forma para esse setor que está em expansão”, afirmou o chefe de TT da Embrapa Cerrados, Fábio Faleiro.

“Essa aproximação da Embrapa Uva e Vinho com a Embrapa Cerrados é fundamental para que a gente possa contribuir com a vitivinicultura que está crescendo na região. Sozinhos muito pouco iríamos conseguir fazer em termos de contribuição, principalmente por conta da distância física que estamos da região e dos vitivinicultores do Cerrado", explicou a chefe de TT da Embrapa Uva e Vinho, Andrea de Rossi. 

Durante a feira, foram realizadas reuniões entre gestores e pesquisadores das duas unidades com representantes do setor produtivo. “A Embrapa Cerrados já é parceira de muitos desses vitivinicultores. Isso facilita bastante o trabalho e é fundamental para que a gente consiga sim contribuir com as nossas tecnologias, com nosso conhecimento e, assim, gerar novos resultados”, avalia de Rossi. Uma das reuniões foi realizada no dia 18/08, na vinícola Vila Triacca, localizada no PAD-DF, contando com gestores e pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho e Embrapa Cerrados, além de empresários da Vinícola Brasília, Anprovin e Coopa-DF. 

A montagem do estande da Embrapa na Expovitis 2024 contou com o apoio dos programas de inovação da Embrapa Cerrados – Agrointegra (Programa de Inovação para o Desenvolvimento do Polo do DF e Entorno da Rota do Leite e Respectiva Integração Lavoura, Pecuária, Floresta, Fruticultura e Floresta – ILPFF) e Frente (Programa de Inovação de Suporte à Rota da Fruticultura da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno). 

Qualidade diferenciada

O cultivo de uva na região do Cerrado tem aumentado de forma significativa nos últimos anos, especialmente na região do DF e Entorno. De acordo com o pesquisador Nilton Junqueira, especialista da Embrapa Cerrados em fruticultura, o sistema de produção para a uva nas condições do Cerrado vem sendo aprimorado e isso envolve um esforço grande dos produtores. 

“A gente aprende muito com eles e essa troca de conhecimento é primordial”, afirmou. Segundo ele, o sistema utilizado na região é uma adaptação do usado em Petrolina (PE), Jales (SP) e Pirapora (MG). “Só que nessa região em que estamos clima e solo são diferentes e é necessário ajustar as técnicas de cultivo”, explica Junqueira. 

O pesquisador Nilton Junqueira destacou ainda a qualidade do produto que vem sendo produzido no Cerrado. Segundo ele um dos fatores que favorecem esse resultado é a amplitude térmica da região. “Aqui se produz um fruto de qualidade, doce e ácido ao mesmo tempo”. Para o especialista, é importante, no entanto, que haja nas propriedades diversificação de cultivos, tanto para garantir renda para o produtor, quanto para contribuir com a geração de emprego. (Embrapa Cerrados)