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Opinião

Antônio Tuccilio é presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos

Antônio Tuccilio é presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos Foto: Divulgação

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A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente em diversos setores, e a gestão pública não é exceção. No Brasil, há um crescente interesse em explorar as possibilidades da IA, como demonstrado pelo Plano Brasileiro de Inteligência Artificial. No entanto, enquanto as promessas da IA na gestão pública são vastas, os desafios que ela traz são igualmente significativos.

Um dos principais benefícios da IA na gestão pública é a capacidade de aumentar a eficiência dos serviços. A automação de processos burocráticos, como o processamento de documentos e a análise de dados, pode reduzir o tempo de resposta e melhorar a precisão das decisões. Isso permite que os servidores se concentrem em atividades mais complexas, enquanto tarefas repetitivas são realizadas de maneira rápida e com menos erros. Um estudo da McKinsey & Company de 2020 estimou que a automação e o uso de IA na gestão pública poderiam aumentar a produtividade dos servidores em até 20% em áreas como saúde, segurança e administração pública.

Além disso, a IA pode ser uma poderosa aliada na promoção da transparência. Sistemas podem monitorar e analisar transações públicas em tempo real, identificando padrões suspeitos e ajudando a combater a corrupção. Auditorias automáticas e a capacidade de prever irregularidades são recursos valiosos para garantir a integridade administrativa. Um relatório da Transparency International destacou que a IA tem o potencial de reduzir em 30% os casos de corrupção em contratos públicos, desde que acompanhada por regulamentações adequada.

Por outro lado, é importante reconhecer os desafios significativos que acompanham o uso da IA na gestão pública. Um dos maiores riscos é o potencial de exacerbar as desigualdades existentes, já que a implementação requer investimentos significativos em infraestrutura tecnológica e capacitação de pessoal. Regiões menos desenvolvidas e com menos recursos podem ficar ainda mais atrasadas em comparação com áreas mais ricas, ampliando o fosso socioeconômico.

A questão da privacidade também surge como uma preocupação central. O uso intensivo de IA para monitorar dados populacionais pode levar a abusos, especialmente se não houver uma regulamentação adequada. O risco de vigilância em massa e o uso indevido de informações pessoais precisam ser abordados para evitar que a IA se torne uma ferramenta de controle social.

A dependência excessiva da tecnologia pode gerar problemas graves em caso de falhas ou ataques cibernéticos. Sistemas de IA, embora poderosos, não são infalíveis. Erros na programação podem causar decisões equivocadas que impactam diretamente a vida dos cidadãos. Um estudo do MIT revelou que 58% das falhas em sistemas de IA governamentais resultam de erros humanos na programação, evidenciando a necessidade de supervisão contínua.

Apesar dos desafios, a Inteligência Artificial tem o potencial de revolucionar a gestão pública no Brasil, trazendo avanços significativos em eficiência e transparência. No entanto, esses benefícios só serão plenamente aproveitados se o governo investir não apenas em tecnologia, mas também em educação e regulamentação. Somente assim será possível maximizar os benefícios, minimizando os riscos e garantindo que todos os cidadãos possam usufruir das vantagens dessa revolução tecnológica.

*Antonio Tuccilio é presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos.