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Saúde

Foto: Recorte/Divulgação https://actbr.org.br/

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Alimentos ultraprocessados como biscoitos, farinhas instantâneas, salgadinhos de pacote, refrigerantes e outras bebidas adoçadas estão no cardápio diário de 84,5% das crianças de seis meses a 2 anos da Região Norte do país. É o que aponta o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-19), pesquisa do Ministério da Saúde coordenada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com outras universidades públicas.

O estudo mostra que o consumo de alimentos ultraprocessados por crianças na região está acima da média nacional, que é de 80,5% nessa idade, representando um desafio significativo para a saúde infantil, já que esses alimentos são conhecidos por seu baixo valor nutritivo e elevado teor de açúcares, gorduras saturadas e sódio.

“A crescente tendência de consumo de ultraprocessados na dieta das crianças é extremamente preocupante”, afirma a nutricionista Bruna Hassan, pesquisadora em saúde pública da ACT Promoção da Saúde. “Esses alimentos não apenas contribuem para o aumento da obesidade infantil e doenças associadas, como também impactam negativamente o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças.”

O relatório também destaca que a alto consumo de ultraprocessados está correlacionado com uma menor ingestão de alimentos frescos e nutritivos, como frutas, verduras e legumes. A prevalência de não consumo de frutas e hortaliças entre crianças de 6 meses a 2 anos foi de 22,2%, e mais elevada na Região Norte (29,4%). Já a prevalência de não consumo de frutas e hortaliças entre crianças de 2 a 5 anos foi de 27,4%, e mais elevada na Região Norte (36,9%).  “As crianças na primeira infância da Região Norte estão consumindo menos frutas e hortaliças do que a média nacional. Essa substituição de alimentos frescos por ultraprocessados pode levar a deficiências nutricionais e comprometer o crescimento e o desenvolvimento das crianças”, alerta a nutricionista.

Para enfrentar esse problema, o relatório sugere a necessidade urgente de ações coordenadas entre governos, escolas e comunidades, que inclui a implementação de programas educativos sobre alimentação saudável nas escolas e centros de saúde, além de campanhas informativas para pais e responsáveis sobre os riscos associados ao consumo excessivo de ultraprocessados.

A pesquisadora da ACT ainda recomenda uma revisão nos impostos cobrados sobre alimentos frescos x alimentos ultraprocessados. “A Reforma Tributária em discussão no Congresso é uma excelente oportunidade para que o Estado incentive o consumo de alimentos frescos, o que deve ser estimulado pelas alíquotas zeradas de produtos da cesta básica de alimentos saudáveis - e desestimule o consumo de ultraprocessados, cobrando imposto seletivo sobre eles”. De acordo com a especialista, a mudança nos hábitos alimentares é um desafio complexo que exige um esforço coletivo. “Precisamos que todos os envolvidos trabalhem juntos para promover uma alimentação mais equilibrada e garantir o bem-estar das nossas crianças”, finaliza.

Sobre a ACT Promoção da Saúde

A ACT Promoção da Saúde é uma organização não governamental que atua na promoção e defesa de políticas de saúde pública, especialmente nas áreas de controle do tabagismo, alimentação saudável, controle do álcool e atividade física. Esse trabalho é realizado por meio de ações de advocacy, que incluem incidência política, comunicação, mobilização, formação de redes e pesquisa, entre outras. (ACT Promoção da Saúde)