A Prefeitura de Araguaína realizou nessa terça-feira, 29, o lançamento do programa Aedes do Bem™, que utiliza uma ferramenta de biotecnologia para o combate às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
O projeto visa o controle biológico utilizando mosquitos machos autolimitantes, que não picam e não transmitem doenças, para combaterem a própria espécie, reduzindo a população de fêmeas, as verdadeiras transmissoras de mais de 100 doenças, como dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
A tecnologia contratada pelo município foi desenvolvida pela multinacional de biotecnologia inglesa Oxitec, fundada na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e presente no Brasil desde 2011. A solução foi aprovada em 2020 para uso comercial pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e Araguaína será a primeira cidade do Tocantins a investir no uso da nova tecnologia sustentável.
“Estamos apostando em um combate inteligente, que utilize o conhecimento a favor da saúde da população. Nosso objetivo é evitar que a cidade enfrente novos surtos de casos das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, por isso somos a primeira cidade do estado a investir nessa tecnologia tão inovadora e que não agride a natureza”, disse o prefeito de Araguaína, Wagner Rodrigues.
“Os ovos dos mosquitos machos geneticamente modificados são cultivados em caixas especiais reutilizáveis. Quando os mosquitos crescem, eles buscam as fêmeas, transmissoras das doenças, para procriar, e desse cruzamento nascem machos e fêmeas, mas apenas os primeiros chegam na fase adulta. É importante destacar que os mosquitos machos não se alimentam de sangue e por isso não são transmissores de doenças”, explicou o diretor comercial da empresa distribuidora da solução, Sidney Junior.
Combate inteligente
As 900 caixas serão instaladas por 130 agentes de endemias, que foram capacitados pela Estação da Limpeza, distribuidora oficial do Aedes do Bem™, e pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Araguaína. Ao todo, 14 bairros serão contemplados, regiões onde foram identificados os maiores números de casos das doenças transmitidas pelo mosquito, em especial a dengue.
Os setores foram selecionados pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) com base no primeiro período chuvoso, entre novembro de 2023 e maio desse ano. “Esses bairros apresentam grande risco de epidemias por estarem com o Índice de Infestação Predial alto e também com casos confirmados de dengue”, explica Mariana Parente, médica veterinária do CCZ.
De acordo com o último relatório do órgão, houve um aumento de 43% no número de casos confirmados de dengue em Araguaína entre os meses de janeiro e setembro de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023.
Os bairros atendidos serão o Rodoviário, Entroncamento, George Yunes, Bela Vista, Jardim das Palmeiras do Norte, Jardim Filadélfia, São João, Morada do Sol 2, Setor Urbanístico, Setor Vitória, Jardim Itatiaia, Setor Aeroporto, Parque Sonhos Dourados e Vila Nova, totalizando uma população de 21.902 moradores.
Trabalho contínuo
Durante a cerimônia de lançamento do projeto, Wagner também fez a entrega de cinco motos que serão utilizadas pelos supervisores de campo no trabalho junto aos bairros. Os veículos foram adquiridos com recursos destinados pelo vereador Soldado Alcivan, por meio de uma emenda impositiva.
“Nosso trabalho nos bairros não vai parar, temos que combater o mosquito e as doenças trazidas por ele e com todas as frentes possíveis. Nossa missão é erradicar as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e garantir a saúde da nossa população”, acrescentou Wagner.
Risco de contaminação
Dentro de uma residência, uma fêmea do Aedes aegypti é capaz de picar até cinco pessoas, podendo transmitir os vírus da dengue, febre amarela, chikungunya ou da zika. Os ovos do mosquito são de extrema resistência e podem se manter por 300 a 400 dias em qualquer recipiente sem água.
Durante a reprodução do mosquito, se a fêmea estiver infectada com algum vírus, ao colocar seus ovos, pelo menos 60% das larvas também já estarão contaminadas.
O projeto visa o controle biológico utilizando mosquitos machos autolimitantes, que não picam e não transmitem doenças, para combaterem a própria espécie. (Foto: Marcos Filho / Secom Araguaína)