Dando continuidade às ações de monitoramento da qualidade de água do Rio Tocantins, após o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira (TO/MA), nessa quinta-feira, 16 de janeiro, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) realizou a 5ª Reunião da Sala de Crise sobre o tema. O objetivo do encontro foi compartilhar e nivelar informações sobre a atuação dos diversos órgãos no gerenciamento das medidas preventivas e riscos existentes causados após o acidente. Além disso, o espaço visou subsidiar a tomada de decisões referentes à redução de riscos e impactos sobre usos múltiplos da água na região.
Participaram da 5ª Reunião representantes de diversas instituições federais, entre elas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); o Serviço Geológico do Brasil (SGB); o Ministério da Saúde, o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), a Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN); a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (SEMA/MA); o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) dentre outros atores.
No decorrer desse encontro, foram atualizadas as informações sobre os resultados das análises de qualidade da água realizadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) referentes às últimas amostras coletadas em 6 de janeiro. Assim como as amostras anteriores, não foi identificada nenhuma alteração na qualidade da água do Rio Tocantins em virtude do acidente. Todos os dados seguem dentro dos valores esperados.
Tendo em vista a estabilidade dos resultados, a partir de domingo, 12 de janeiro, as coletas de amostras de água para análises de pesticida tem sido feitas três vezes por semana, e diariamente para os parâmetros básicos, como PH e condutividade elétrica, que são indicadores de alteração da qualidade da água.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) informou que não foram verificados impactos sobre a biota ou mortandade de peixes relacionada à liberação de poluentes na água, corroborando com a avaliação de qualidade da água, dentro dos parâmetros normais desde o dia 24 de dezembro de 2024.
A Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde tem acompanhado possíveis impactos sobre comunidades ribeirinhas indígenas e indicou preocupações com a possível mortandade de peixes. Entretanto, o Ibama informou que Rio Tocantins está em período de defeso, com pesca proibida até 28 de fevereiro de 2025, e que análises de peixes evidenciaram que não há intoxicação por pesticidas.
O DNIT informou que deve ter início o processo de retirada de veículos que ainda estão sobre a parte remanescente da ponte, cuja demolição está em fase de planejamento. Além disso, já foram iniciados os serviços necessários para implementar a travessia por balsas no local do acidente. A autarquia ainda informou que empresas contratadas vão monitorar a ictiofauna e implementar ações de gestão ambiental na região do acidente.
Aumento de Vazões
O Serviço Geológico do Brasil informou sobre o monitoramento e aumento de vazões no Rio Tocantins, conforme previsto nas últimas reuniões da sala de crise. Segundo relatório do SGB, a vazão aumentou três vezes mais em Descarreto (TO), por exemplo, que apresentava 3.340m/s no dia do acidente, em 21 de dezembro de 2024, e na quarta-feira (15) a vazão já apresentava 8.907 m/s. O monitoramento seguirá nas próximas semanas, mas com restrições de segurança para as embarcações, em caso de precipitações significativas que aumentem ainda mais as vazões da região.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) apresentou as previsões de chuva para região nos próximos dias e semanas, indicando precipitações acima da média e elevação de vazões pelo menos até o fim de janeiro. Em fevereiro, os modelos indicam possível redução de chuvas e vazões
O ONS apresentou o histórico e as perspectivas de operação dos reservatórios existentes no Rio Tocantins. Em função da elevação de afluências, as vazões liberadas pela usina de Estreito devem subir de 7400 m³/s para 8600 m³/s entre 16 e 23 de janeiro.
Somente em Abril
Em razão da elevação de vazões do rio, o último mergulho para retirada do material depositado no rio ocorreu em 9 de janeiro. Segundo o plano de remoção apresentado pelas empresas responsáveis, o tempo estimado para remoção dos 1339 recipientes de pesticidas (bombonas) remanescentes no rio é de 145 dias. Contudo, como informou a ANA, os trabalhos de remoção somente serão retomados após redução de vazões do rio, o que é previsto para ocorrer somente em abril de 2025, pelo histórico observado de monitoramento hidrológico.
Pela ausência de impactos ambientais e estabilidade da qualidade da água, a ANA seguirá acompanhando a situação do Rio Tocantins a partir das reuniões da Sala de Acompanhamento do Sistema Hídrico do Rio Tocantins, cuja dinâmica é diferente, porque não é focada na situação de crise. Elas acontecem mensalmente e a próxima já está agendada para terça-feira, 21 de janeiro.
Havendo qualquer alteração no cenário, será convocada uma reunião extraordinária da Sala de Crise para que os atores envolvidos possam seguir atuando em conjunto.
Três pessoas seguem desaparecidas
Equipe da Marinha e também do Corpo de Bombeiros do Tocantins seguem no local em operação de buscas diárias às vítimas do acidente. Nenhum novo indício foi encontrado em relação às três pessoas que seguem desaparecidas.
Rio Tocantins
Com aproximadamente 2400km de extensão, o Rio Tocantins é o segundo maior curso d’água 100% brasileiro, ficando atrás somente dos cerca de 2800km do Rio São Francisco. O Tocantins nasce entre os municípios goianos de Ouro Verde de Goiás e Petrolina de Goiás. Ele também atravessa Tocantins, Maranhão e tem sua foz no Pará perto da capital Belém. O rio pode ser chamado de Tocantins-Araguaia por se encontrar com o rio Araguaia entre Tocantins e Pará. Os dois cursos d’água também dão nome à Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia, que é a maior do Brasil em área de drenagem 100% em território nacional. (Com informações ANA)