A Polícia Civil do Tocantins, por meio da 91ª Delegacia de Araguaçu, concluiu as investigações sobre um suposto roubo de um caminhão-trator e um semirreboque e indiciou três pessoas suspeitas pela prática dos crimes de estelionato, falsa comunicação de crime e associação criminosa.
As investigações da Polícia Civil foram iniciadas após o registro de um Boletim de Ocorrência, em que o motorista de iniciais A.B.C., relatou que enquanto trafegava pela TO-343, por volta das 22h, do dia 22 de maio de 2022, com o seu conjunto caminhão-trator V.W. 25/420 e semirreboque, teria sido surpreendido por homens armados em uma camionete e que os ocupantes o obrigaram a parar o veículo. Em seguida, o motorista teria sido rendido e teve o caminhão e o semirreboque roubados.
A suposta vítima compareceu até a 13ª Central de Atendimento da Polícia Civil, em Alvorada, onde registrou os fatos. Na unidade policial, o motorista também afirmou que pouco tempo depois, o caminhão trator já havia sido encontrado e recuperado pela Polícia Militar, na cidade de Figueirópolis, mas o semirreboque continuava desaparecido.
Inconsistências
Após os relatos apresentados na Central, o fato passou a ser investigado pela equipe da 91ª DP, sendo possível identificar alguns indícios que despertaram suspeitas, uma vez que o mesmo caminhão já tinha sido objeto de roubo em duas oportunidades, sendo uma em 4 de março de 2021, em Paranaíba (MT), e outra em 4 de outubro do mesmo ano, em Jussara (GO).
Com o aprofundamento das investigações, os policiais civis do Tocantins descobriram que duas pessoas, sendo uma mulher identificada pelas iniciais C.M.S. e o indivíduo de iniciais R.S.L. se apresentaram como sendo os verdadeiros donos do caminhão e do semirreboque. No entanto, após ter acesso aos depoimentos que ambos prestaram em outro processo, na cidade de Alta Floresta (MT), foi possível constatar que eles haviam alegado, de forma muito semelhante, que tinham vendido o conjunto mecânico para uma transportadora no início de 2022.
Venda de fachada
Por meio das investigações, a equipe da 91ª DP também descobriu que a atual proprietária do caminhão e do semirreboque seria uma transportadora do Mato Grosso, a qual teve sua pretensão em relação ao seguro do semirreboque negada pela seguradora, uma vez que havia indícios de fraude.
As investigações também revelaram que o motorista que conduzia o caminhão-trator, supostamente roubado em Araguaçu, estaria envolvido em simulações de sinistros e pedidos de indenização fraudulentos, e que atualmente, responde a uma ação penal na Comarca de Goiânia (GO).
O delegado Bruno Boaventura, titular da 91ª DP e responsável pelo caso, ressalta que as investigações apontaram que tanto o homem quanto a mulher mentiram em depoimento ao alegarem que teriam vendido o caminhão-trator com semirreboque e também ao afirmarem que não conheciam o motorista envolvido na prática delituosa, sendo que o filho da mulher e o motorista possuem vínculos criminosos.
Indiciamentos
Com base nas investigações, o delegado afirma que C.M.S., R.S.L. e A.B.C. se uniram e fazem parte de uma associação criminosa estável e especializada na prática de simulações de furtos e roubos de veículos, com o intuito de obter ilicitamente vantagens indevidas, caracterizando o famosos golpe do seguro, onde a pessoa oculta o bem, simula um roubo e tenta receber o seguro.
Além disso, o contrato de seguro firmado pela transportadora, que era administrada por C.M.S. e tinha como motorista A.B.C., corrobora os fatos de que ambos estavam envolvidos na prática do ilícito, de acordo com a polícia.
Diante das evidências, o inquérito foi concluído e as três pessoas indiciadas por estelionato, falsa comunicação de crime e associação criminosa. O procedimento foi remetido ao Poder Judiciário e ao Ministério Público para a adoção das medidas legais cabíveis.
O delegado Bruno Boaventura destaca que as investigações realizadas pela Polícia Civil do Tocantins foram de grande importância para a total elucidação do caso. “Trata-se de um golpe já conhecido e muito aplicado em seguradores de todo o Brasil, onde as pessoas se unem com o único propósito de auferir lucro, mediante a ocultação do bem. Porém, dessa vez, a pronta intervenção da Polícia Civil do Tocantins fez com que a trama fosse descoberta e os responsáveis fossem indiciados na forma da lei”, conclui. (SSP/TO)