O espetáculo “Minha Voz é Resistência”, do grupo Vozes de Ébano, finaliza a primeira etapa de espetáculos da segunda temporada com apresentação gratuita para a população de Paraíso do Tocantins. O evento será nessa quarta-feira, 10, às 19h30, no Teatro Cora Coralina. “Paraíso sempre é tão acolhedora com nossos projetos culturais, que não poderia ficar de fora já desse início da nova fase de shows do Vozes de Ébano”, afirma o diretor-geral do grupo, Mello Júnior.
A segunda temporada do espetáculo “Minha Voz é Resistência” vem ainda mais potente, com novas músicas, arranjos inéditos e cenas renovadas, mantendo a força cênico-musical que emocionou plateias com ingressos esgotados em 2024. “Já na preparação deste espetáculo, é visível que o que foi muito bom será ainda melhor”, garante a cantora e produtora Cinthia Abreu, que acrescenta: “É um reencontro com o público, mas com outras camadas, outras emoções”.
A temporada de 2025 traz músicas novas e cenas que nasceram de vivências da equipe após a primeira temporada. Segundo a cantora e produtora do Vozes de Ébano, Malusa, “o grupo volta ao palco com tudo o que aprendemos na caminhada. O espetáculo cresceu, está mais forte, mais emocionante e cheio de representatividade” e, segundo Fran Santos, voz que completa o trio e produção do Vozes de Ébano, “ cantar e contar histórias em voz alta é uma forma de mostrar resistência”.
A nova versão traz outros arranjos musicais assinados pelo diretor-geral Mello Júnior e o produtor musical Japa, além de trechos inéditos inspirados em textos e vivências de mulheres negras. E além de Paraíso, Porto Nacional e Palmas receberam o grupo nesta temporada.
Julho das Pretas
No Brasil, o “Julho das Pretas” surgiu em 2013, a partir de uma iniciativa do Instituto Odara, em Salvador-BA, que mobilizou mulheres negras a fazerem atividades durante o mês, para chamar a atenção, principalmente, sobre os problemas vividos por elas.
A ideia surgiu porque, desde 1992, o dia 25 de julho é comemorado como o Dia da Mulher Afrolatino-americana, Afrocaribenha e da Diáspora, marcado por um encontro histórico em Santo Domingo, na República Dominicana. Porém, a data ficou apenas no calendário, sem ações efetivas que evidenciassem o empoderamento negro.
A partir do movimento criado pelo Instituto Odara, como consolidação do Julho das Pretas, desde 2015 é realizada Marcha Nacional de Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver. Por todo o país, o “Julho das Pretas” mobiliza ações em diversas áreas, como cultura, educação, saúde, política, com o objetivo de promover a participação e a representação das mulheres negras em todos os espaços da sociedade.
Por que é preciso empoderar?
No Tocantins, por exemplo, cerca de 75% da população se identifica como negra - pretos(as) e pardos(as). No entanto, são minoria na ocupação de espaços representativos, a exemplo das prefeituras, em que apenas 7,3% dos eleitos no último pleito se declaram pretos.
Por outro lado, números negativos estão involuntariamente atrelados aos negros, especialmente às mulheres. O último levantamento do Disque 180 mostra que 71% das vítimas de denúncias de violência, recebidas do Tocantins, são de negras. Com relação às mortes violentas, as mulheres negras são 80% das vítimas do gênero, no Estado. “São números que demonstram porque o debate sobre racismo, sexismo, representatividade precisa acontecer e é por isso que colocamos a nossa arte para reforçar essa pauta”, diz a produtora e cantora Cinthia Abreu.
Equipe
Com mais de 50 profissionais envolvidos – cerca de 90% mulheres e 80% negras, incluindo pessoas trans e com deficiência – o projeto reafirma o compromisso com a inclusão, a equidade racial e a valorização de artistas negros no Tocantins. “A estrutura da primeira temporada continua, mas conseguimos amadurecer o espetáculo. Musicalmente, o público pode esperar surpresas. Cenicamente, temos elementos que tocam mais profundo. É um projeto com identidade, beleza e urgência”, afirma o diretor-geral e preparador vocal Mello Júnior.
Além de homenagear nomes como Elza Soares, Alcione, Leci Brandão, Iza e Liniker, a nova temporada também incorpora composições autorais e textos de autoras como Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Elisa Lucinda e Victoria Santa Cruz, dentre outras. As apresentações contam com banda ao vivo, iluminação cênica e forte apelo visual e sonoro.
Projeto
O projeto tem a cantora e produtora cultural Fran Santos como proponente, apresentação do Grupo Vozes de Ébano e é patrocinado pelo edital Edital nº 22/2024 - Projetos Culturais – Palmas, Categoria A - Área 6 – Música, via Lei Aldir Blanc (PNAB), da Secretaria Estadual da Cultura e Ministério da Cultura. A apresentação em Paraíso do Tocantins tem apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.