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Opinião

Victor Missiato é professor de História e analista político.

Victor Missiato é professor de História e analista político. Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Victor Missiato é professor de História e analista político. Victor Missiato é professor de História e analista político.

O governo de Donald J. Trump firmou um acordo relevante com a China, voltado à melhoria das relações comerciais entre os dois países. Em troca da redução das tarifas impostas a Pequim, Washington busca recuperar espaço na venda de soja e no acesso aos minerais de terras raras do país asiático — elementos estratégicos para diversas indústrias de alta tecnologia. Trata-se de uma negociação crucial para a frágil estabilidade do comércio global, marcada por tensões e dificuldades de consenso entre as grandes potências.

Entretanto, no mesmo dia em que anunciou o entendimento com a China, Trump declarou a intenção de retomar os testes nucleares, prática abandonada desde o fim do século XX. Diante das incertezas geradas pela guerra entre Ucrânia e Rússia, pelos avanços tecnológicos de Pequim e pelas pesquisas nucleares iranianas, os Estados Unidos se preparam novamente para a hipótese de uma guerra total no século XXI.

Único país a lançar bombas atômicas contra outro, Washington conhece bem os dilemas éticos, políticos e estratégicos que esse tipo de decisão acarreta à complexa arena geopolítica internacional. O cenário poderia ser amenizado com novos tratados que visassem restringir o uso e os testes de armas nucleares. Contudo, tais iniciativas parecem inviáveis enquanto as três maiores potências militares — Estados Unidos, Rússia e China — mantiverem-se em estado de tensão ou conflito iminente.

Assim, enquanto Moscou se sentir ameaçada pela expansão da OTAN e Pequim interpretar o apoio norte-americano a Taiwan como provocação direta, a dissuasão nuclear continuará a ser um pilar estratégico na manutenção do equilíbrio global. Na pior hipótese, porém, esse mesmo equilíbrio pode se transformar em um gatilho para uma catástrofe de proporções apocalípticas.

 *Victor Missiato é professor de História do Colégio Presbiteriano Mackenzie, Tamboré. Analista político e Dr. em História