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Opinião

Júlio César Cardoso é servidor federal aposentado.

Júlio César Cardoso é servidor federal aposentado. Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Júlio César Cardoso é servidor federal aposentado. Júlio César Cardoso é servidor federal aposentado.

A condenação e prisão de militares por tramas golpistas revelam uma questão emblemática: como oficiais de alta patente se deixaram seduzir pelos desatinos de um ex-capitão indisciplinado, praticamente expulso do Exército? 

Tudo indica que a rejeição histórica pelos militares ao Partido dos Trabalhadores (PT), simbolizado na figura controversa de Luiz Inácio Lula da Silva — que derrotou Bolsonaro nas urnas de forma democrática — tenha contribuído para tal. 

Apelidado de Cavalão na caserna, Bolsonaro fez da política um meio de vida, limitando-se a defender militares. Em três décadas como parlamentar, Bolsonaro não teve aprovado nenhum projeto relevante de sua autoria, mas abriu espaço na política para que familiares, ex-esposas e atual vivessem das benesses públicas. 

Durante a pandemia, desprezou milhares de vítimas, debochando que não era “coveiro” e esquiava em Santa Catarina com os seus aliados. 

Aceitou presentes em dinheiro, via Pix, e joias sem ver irregularidade, acumulando patrimônio expressivo apenas com a vida pública. 

A adesão de generais a um líder tão marcado pela indisciplina expôs a vulnerabilidade das Forças Armadas à lábia de um ex-capitão.

A tornozeleira eletrônica violada não encontra semelhança nem entre os bandidos mais perigosos e tornou-se símbolo de sua afronta à Justiça e da disposição em tensionar os limites institucionais. 

A história mostra exemplos semelhantes: Hitler convenceu militares a seguir ordens tresloucadas. O caso brasileiro repete o padrão — oficiais que comprometeram sua idoneidade ao se deixar levar por um líder de vocação autoritária. 

Os militares condenados e presos poderiam estar gozando a liberdade com suas famílias. Agora, por seguirem um desvairado, perderam não apenas os prazeres da vida, mas também a honra que juraram defender. 

Em resumo: a tornozeleira não foi apenas um objeto danificado: tornou-se símbolo de uma conduta que afronta a Justiça e confirma a disposição de Bolsonaro em tensionar os limites institucionais. Como ironizou a voz popular: “Depois de Jesus da Goiabeira, agora as vozes da tornozeleira”. 

*Júlio César Cardoso é servidor federal aposentado.