(sistema de posicionamento global). O sistema permite controlar todo o processo de produção, desde a preparação do solo até o transporte da cana às usinas. Segundo os responsáveis pela tecnologia, ela vai além de outras existentes, como a de mapeamento por satélite das áreas de cultivo.
A tecnologia do uso GPS foi desenvolvida pela australiana Trimble em parceria com outras empresas. A holandesa Foss foi a responsável pelo sistema de leitura à base de luz infravermelha.
Inicialmente, é feito um tratamento da área em que será plantada a cana-de-açúcar. O sistema, integrado a computadores nos tratores, permite fazer o terreno quase perfeitamente nivelado, com uma taxa de erro de apenas dois centímetros. "O trator é guiado pelo GPS, que corrige o rumo em tempo real. O operador da máquina não precisa fazer nada", explicou Doug Robbie, diretor da Davco Farming, detentora da tecnologia.
Para ter um sistema de irrigação padronizado em toda a lavoura, o solo é sistematicamente preparado com sulcos, pelos quais passarão as rodas da máquina na fase de colheita. Esse sistema reduziria em 18% a compactação do solo, aumentando a infiltração da água e diminuindo em 50% o custo de preparação da área para os próximos plantios.
"O produtor tem controle total do sistema", destacou o engenheiro mecânico Pedro de Assis, da P.A. SYS Engenharia e Sistemas, empresa responsável pela implantação da tecnologia no Brasil. Segundo Assis, a tecnologia é relativamente barata e permite um grande aumento na produtividade da lavoura.
Na colheita, a máquina é guiada pelo GPS para manter a mesma rota, compactando o solo somente nas áreas em que passam as rodas. O caminhão que faz o transporte da cana tem um dispositivo que mede o peso da carga e o envia para a base de dados. Ao chegar à usina, já se sabe a quantidade de cana no caminhão e em qual área ela foi colhida. Essas informações, aliadas ao controle de qualidade do produto, são essenciais para corrigir áreas de baixa produtividade.
Antes de ir para a primeira moagem, a cana-de-açúcar passa por um sistema que emite luz infravermelha e lê a reflexão feita pela planta. "Como o álcool, a fibra e as impurezas refletem a luz infravermelha de diferente forma. É possível calcular a quantidade de cada uma dessas substâncias na cana", explicou Assis. A leitura é feita em tempo real e, quando comparada aos estudos em laboratório, apresentou uma precisão de 99,3%.
O sistema permite fazer o controle de qualidade da cana e identificar as áreas de alta e baixa produtividade do plantio. Como se sabe de que local foi colhida a cana, pode-se fazer um mapeamento de todo o canavial. "Esse mapa de produtividade otimiza o uso de fertilizantes e herbicidas em áreas específicas da lavoura", disse Robbie.
O diretor da Davco Farming aponta um ganho de produtividade de 20%. Também haveria um aumento em 110% na capacidade de uso do maquinário agrícola e de 25% nos caminhões de transporte. "O sistema diminui ainda o trabalho do operador da máquina, permitindo que ele se preocupe com outros aspectos da colheita", disse.
Segundo Assis, a P.A.SYS está negociando com empresas para aplicar a tecnologia nas plantações brasileiras. "O tempo para começar a usar a tecnologia no Brasil depende de uma estratégica de aplicação, que pode se feita em fases", disse.
Agência FAPESP