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Palmas

"A administração do PT foi a primeira, na história de Palmas, que buscou atender as demandas da maioria da população"

JO- As críticas sistemáticas que Raul Filho vem sofrendo não desgasta o projeto do PT de reeleição do prefeito?

Rilton - Há críticas fundamentadas, verdadeiras, construtivas e até negativas, por falta de alguma ação do Executivo. Mas também há críticas sem nenhum fundamento, somente para tentar lograr êxito eleitoral. Muitas vezes, os parlamentares de oposição transformam a tribuna em palanque eleitoral. São críticas desqualificadas que não constroem nada; nem para a oposição nem para a situação. Mas a Câmara de Vereadores tem respaldado o prefeito. Todos os projetos enviados pelo prefeito ao Legislativo foram aprovados. Houve emendas e algumas alterações, mas o fundamental foi mantido. Acredito que, se existem divergências, é próprio do processo político democrático. A Câmara tem atendido as demandas do Executivo. As críticas estão sendo respondidas com obras e projetos. A população entende isso.

JO - Parece que Raul Filho está um tanto desanimado com o projeto da reeleição. Ou trata-se de uma estratégia para não apressar o processo sucessório?

Rilton - Raul Filho está fazendo o que é correto. Ele não pode se pronunciar sobre o assunto agora, porque ainda estamos muito longe das eleições. Nesse momento, ele deve pensar na administração da cidade. Tem que fazer exatamente o que está fazendo: buscar recursos para realizar as obras que a população demandou, através do Orçamento Participativo, ouvir o povo e acompanhar a movimentação das associações, dos sindicatos, das igrejas. O momento da campanha é o ano que vem.

JO - Mas o prefeito deve conversar reservadamente com seus aliados sobre sua sucessão.

Rilton - O prefeito está trabalhando para cumprir com o seu papel na administração. O trabalho com as lideranças partidárias, visando às eleições de 2008, deve ser feito pela direção dos partidos aliados, e nós, vereadores, devemos ajudá-lo nesse momento. No ano que vem é que o prefeito deve entrar em campo para definir a política de alianças e a estratégia da campanha.

JO - O que o PT tem feito nesse sentido?

Rilton - Estamos buscando definir o nosso trabalho para os próximos meses. Vamos trabalhar a questão das filiações e discutir critérios para definir os candidatos a vereador. Vamos iniciar também as conversações com os outros partidos da base do governo municipal: PDT, PC do B, PPS e o próprio PMDB.

JO - Não há certo distanciamento entre o prefeito Raul Filho e o governador Marcelo Miranda, embora o vice-prefeito Derval de Paiva seja do PMDB?

Rilton - Temos que trabalhar para que aquele relacionamento que existe entre o presidente Lula e o governador Marcelo Miranda seja o mesmo relacionamento entre o governador Marcelo e prefeito Raul. O que existe, hoje, é a dificuldade de se conseguir recursos para se fazer um trabalho em conjunto. Chegando ao final do ano, tem como o governador fazer uma reavaliação do orçamento do Estado e destinar mais recursos para a capital. Mas, do ponto de vista político, o relacionamento entre o governador Marcelo e o prefeito Raul está bom.

JO - O PT e o PMDB vão conseguir marchar juntos na eleição de Palmas no ano que vem?

Rilton - Acho que PT e PMDB estarão juntos no próximo ano. Vamos trabalhar para manter a base que apoiou a eleição do prefeito e ampliá-la. Temos alguns partidos que, na época, ainda não eram estruturados, a exemplo do PRB. Existem partidos que estão aliados com o presidente Lula e que poderão compor com a gente.

JO - Mas o PMDB já avisou que não vai abre mão da cabeça de chapa. Será possível contornar essa situação?

Rilton - Vamos ter que avaliar muito bem essa questão, porque, para nós, o melhor nome é o do prefeito Raul Filho.

JO - Dividida, a base aliada pode entregar facilmente a eleição para a União do Tocantins. Ou não?

Rilton - A União do Tocantins, realmente, tem apoio popular. E não é pequeno. Siqueira Campos perdeu a eleição no Estado por apenas 30 mil votos. Em Palmas, ele teve uma votação bastante significativa. Esse fato, logicamente, tem que ser levado em conta. Se, de repente, o PT e o PMDB forem para a disputa em campos opostos, isso pode facilitar a vitória do grupo da UT. O nosso papel é mostrar para a população que a administração do PT foi a primeira, na história de Palmas, que buscou realmente atender às reivindicações da maioria da população, principalmente executando obras nos bairros da periferia, o que antigamente não ocorria.

JO - Existe alguma pesquisa de consumo interno acerca da popularidade de Raul Filho? O senhor acha que ele ainda tem cacife para disputar a reeleição?

Rilton - Uma coisa é a ação da Câmara Municipal, que não é um bom termômetro para se avaliar a popularidade do prefeito. Outra coisa é o sentimento da população. Mas não tenho conhecimento de nenhuma pesquisa sobre a popularidade do prefeito. O que esperamos é que a população reconheça as ações do nosso prefeito, que não são poucas. Na área da moradia, Raul construiu casas no Aureny III, no Lago Sul e em outras regiões da cidade; está implantando as Escolas de Tempo Integral, nas regiões Sul e Norte; postos de saúde estão sendo construídos e outros reformados, sem contar que, na educação, houve uma sensível melhoria das condições salariais dos professores, que têm, hoje, o melhor salário do país. Diante disso, acreditamos que os moradores da capital farão uma boa avaliação do prefeito. Acredito que esse é um caminho para levar Raul à reeleição, em 2008.

JO - Há muitas reclamações sobre o novo sistema de transporte coletivo. Esse item não vai pesar contra o prefeito? O monopólio não contribui para um transporte coletivo ruim?

Rilton - Nós do PT somos contra monopólios, não apenas o monopólio no transporte, mas no setor de energia, de água, de telefonia. As estatais foram privatizadas e transformadas de monopólio público em monopólio privado, inclusive com aumento das tarifas acima da inflação, nos últimos 12 anos. Somos contra esse modelo de substituir o monopólio público pelo privado. O transporte coletivo realmente tem problemas, só que o antigo sistema também tinha. No antigo sistema, para se atravessar das Arnes para as Arses, por exemplo, não tinha linha de ônibus, a integração tinha que ser feita do outro lado da cidade. Às vezes, para ir a uma distância de três quilômetros, o usuário andava 20 quilômetros de coletivo. Acontecia também falta de veículos, atrasos. Quando se cria um sistema novo, a população demora a se adaptar e os problemas que antes estavam camuflados aparecem. Tenho buscado, como vereador, encaminhar as reivindicações da população, para que haja alteração no sistema, aumentando a frota de ônibus, que não está atendendo a demanda, principalmente nos horários de pico, e alterando as linhas que não atendem bem a população. Com o tempo, o sistema será bem avaliado.

JO - A população reclama que a taxa de esgoto equivale a 80 por cento do valor da água. O que pode ser feito?

Rilton - Já é o terceiro ano que apresento requerimento, solicitando a presença do presidente da Saneatins na Câmara para dar explicações ao Legislativo palmense sobre os serviços de água e esgoto na cidade e as tarifas praticadas. A população se revolta com a taxa de esgoto de 80 por cento do valor da água, somada com a tarifa da própria água, que já é uma das mais altas do Brasil. Existem famílias que gastam praticamente 10 por cento do salário mínimo com água e esgoto. Hoje, apenas cerca de um terço da população de Palmas conta com rede de esgoto, particularmente, a Vila União, o Jardim Aureny I, o II e o III, que são regiões com alta densidade populacional e de famílias de baixa renda. É preciso tomar uma série de medidas, como buscar apoio de deputados estaduais, para alterar a lei estadual, e conversar com a Agência de Regulação do Estado. A população também tem que pressionar, através das associações de moradores, de modo a baixar a taxa de esgoto, além de fazer uma reavaliação da conta de água. Cidades do mesmo porte de Palmas têm tarifas menores.

JO - Percebe-se que a prefeitura não está cuidando bem do ajardinamento da cidade, o que também gera críticas.

Rilton - A prefeitura está mudando o sistema de irrigação, que hoje é feito por carros-pipas, para um sistema mais moderno. Até o final deste ano, 70 por cento dos jardins serão irrigados com sistema próprio, inclusive os bairros da periferia, principalmente das avenidas que ligam o Jardim Aureny. Com a irrigação permanente, o gramado vai ficar melhor, porque será mais bem cuidado. Então, vai se acabar com a irrigação com carros-pipas, cujo gasto é bem maior. Estamos trabalhando nesse sentido, inclusive já encaminhei diversos requerimentos de bairros pedindo irrigação dos jardins e também o plantio de grama nas praças e áreas verdes.

JO - Gerou muita polêmica o que se convencionou chamar de indústria de multas, praticada pela Agência de Trânsito, Transporte e Mobilidade.

Rilton - A questão é que os condutores de veículos têm que diminuir a velocidade. Palmas foi, por vários anos, recordista em número de mortes em acidentes de trânsito no país. A segunda capital proporcionalmente ao número de habitantes. Com o uso de radares e controladores de velocidade, o número de mortes vem caindo e diminuiu o número de acidentes. O que tenho feito, como vereador, é solicitar que a prefeitura sinalize mais os radares, numa distância maior, para o motorista não ser surpreendido com o limite de velocidade. Agora, tirar os radares, a população não aceita, porque aumentaria o número de mortes e acidentes.

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