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Palmas

e tudo partiu da proposta inicial de montar na capital um espaço que pudesse colocar à disposição da população cursos de arte; música, fotografia, cântico e pintura. "As crianças que freqüentam hoje a escola, daqui a 10 anos serão os artistas ou as pessoas envolvidas com a arte em nossa cidade" pondera Pierre de Freitas, um dos idealizadores da escola.

O Atelier de idéias é a primeira escola particular e multidisciplinar de artes do Tocantins, composta por um grupo de professores que possuem experiência didática, vindos de diversas regiões do país como: Brasília, Goiânia, São Paulo, Rio Grande do Sul e do Tocantins. Os alunos também têm origens regionais diversas. Para Freitas, muitos chegam à escola com toda uma carga emocional e cultural influenciada pelo processo de mudança tanto de vida pessoal, quanto geográfica. "As múltiplas formações culturais são positivas para arte," completa Freitas.

Esta característica multicultural reflete no fato de Palmas ser uma cidade contemporânea, onde ainda não se tem uma tradição cultural. Para Tiago Beraldi, um dos componentes do Atelier de idéias, esta tradição ainda está em formação, "Brasília tem 40 anos e ainda não tem uma tradição Candanga, o que está acontecendo em Palmas é parecido com o que aconteceu lá, Brasília é uma torre de babel", completa.

Uma das preocupações dos integrantes do Atelier de idéias é que a arte no Tocantins não se transforme em uma esteira de produção no afã de se criar uma identidade cultural. "O Tocantins é muito mais capaz do que está se mostrando, tem muita gente hábil, que acaba se limitando à produção artesanal de capim dourado, como uma fórmula de bolo; não que eu tenha alguma coisa contra o artesanato, mas a profusão do lugar, o potencial étnico-cultural é muito forte" Diz Beraldi.

Já Pierre de Freitas diz que Palmas por sua estrutura organizacional e arquitetônica é muito diferente do resto do estado e o que se faz aqui tem que ser diferente. A produção daqui tem que estar mais à frente daquela que se faz no resto do estado, "uma proposta mais contemporânea não negando as influências regionais, porque não dá para negar o local onde você vive. Não podemos negar quem somos e onde estamos". Neste sentido, Freitas informa que em Palmas algumas bandas de rock começam a fazer um som com influências regionais.

Diante das colocações feitas pelos integrantes da escola de artes o que se percebe é que Palmas pode não ter uma tradição cultural formada, mas já tem sim, uma identidade cultural. A identidade de uma sociedade contemporânea inserida no seu tempo histórico.

Mas nem tudo é positivo neste processo de construção sócio-cultural. As artes ressentem de absoluta liberdade, Freitas diz que "aqui as pessoas tem medo de pensar com medo de desagradar A ou B", "para a arte isto é muito sem graça," completa.

Hoje o maior incentivo que o Atelier tem recebido é dos pais dos alunos que já perceberam como é gratificante ter os filhos em uma escola de arte onde se apresenta várias linguagens. Marcio Adriano Gomes Ferreira, um dos pais, diz que "além da criança desenvolver a socialização, ela obtém conhecimentos diferentes do que é passado na escola tradicional, aprende uma maneira diferente de ver o mundo trazendo benefícios para a vida futura."

A escola que já está a 5 meses funcionando, possui 55 alunos, distribuídos nos períodos matutino, vespertino e noturno de segunda a sábado.