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Meio Ambiente

O polêmico biólogo Marc van Roosmalen, acusado de biopirataria e de desvio de dinheiro público, vai apresentar na internet a descoberta de uma nova espécie de anta amazônica, a anta-anão, que ele está chamando de Tapirus Pygmaeus.

O animal é um dos novos 37 mamíferos que Roosmalen diz ter descoberto em apenas uma bacia do Rio Madeira, o principal afluente do Amazonas. Roosmalen afirma que, além de ter um tamanho significativamente menor, a anta-anão é marrom escuro ou preta, em vez do marrom avermelhado, como a da anta terrestre (Tapirus terrestris).

Embora diga já ter visto a anta-anão, Roosmalen nunca registrou imagens do animal e vai publicar uma reconstrução a partir do que viu e de um crânio. Segundo o biólogo, por sua distribuição limitada e aparente raridade, ele considera a anta-anão "altamente ameaçada".

Um porco-do-mato que seria o maior do continente americano, um boto roxo e uma onça preta de pescoço branco são outros exemplos de espécies que ele diz ter descoberto na Amazônia. O biólogo também diz ter encontrado pelo menos 100 novas espécies de árvores de grande porte, mas alega que não pode prosseguir com as pesquisas porque teve o seu material confiscado durante o processo judicial.

"Nós não sabemos absolutamente nada do ecossistema amazônico, é isso o que eu quero mostrar. Se ainda podemos encontrar elementos de megafauna e megaflora, o que sabemos desse escossistema?", disse o biólogo à BBC Brasil.

Segundo o cientista, todos os animais que descobriu servem de alimentos para os moradores locais. "Em vez de jogar os restos não comestíveis no rio, eu peço que eles guardem esse precioso material pra mim" escreve Roosmalen no seu site. Da anta-anão, ele conseguiu o crânio; da onça de pescoço branco, a pele.

Acusações

Roosmalen, holandês naturalizado brasileiro, vive há 20 anos na Amazônia e é reconhecido oficialmente pela descoberta de seis novas espécies de primatas.

O cientista foi demitido do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas) em 2003, acusado de enviar material genético para fora do Brasil. Em junho, ele foi condenado a 15 anos de prisão por crime ambiental e uso indevido de verba pública, foi preso mas conseguiu um habeas corpus e aguarda em liberdade a decisão sobre um recurso judicial.

O biólogo diz que a motivação das acusações é política porque ele teria ido contra os interesses de exploração econômica da Amazônia. O responsável pela fiscalização do acesso ao patrimônio genético do Ibama, Antonio Ganme, diz que respeita o trabalho de Roosmalen como biólogo, mas o condena por ter enviado material genético brasileiro para fora do país, sem autorização.

O material que Roosmalen levou para o exterior, amostras de plantas e insetos, segundo Ganme, tem grande potencial para a indústria farmacêutica. "O Brasil já perdeu uma quantidade absurda de dinheiro com medicamentos patenteados com esse tipo de material."

Ganme não questiona, porém, a possibilidade de Roosmalen ter descoberto tantas novas espécies em pleno século 21. Para Ganme, cientistas brasileiros só não descobrem mais porque falta financiamento para pesquisa.

Portal Amazônia