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Palmas

Deputado, qual a estratégia do PSB para as eleições municipais?

Nós vamos procurar ter candidatos a prefeitos na maioria das cidades do Tocantins. Agora, onde não for possível lançar candidato, vamos procurar algum partido da base do governo para conversar e tentar fazer uma coligação. Então, a intenção do partido é eleger um grande número de prefeitos e um grande número de vereadores para que a gente possa cada dia estar com o partido mais forte e mais representativo no Estado.

Em Palmas, o PSB, a princípio, lançaria pré-candidato, mas agora a idéia é apoiar um candidato de outra legenda e garantir a vice?

Ainda não definimos nada em relação a isso. Temos alguns bons nomes, pessoas em condições de disputar uma eleição para prefeito de Palmas, como, por exemplo, o professor Alan Barbiero, reitor da UFT, o vereador Vanderlei Barbosa, o Neilton Araújo, o Melquíades Neto. São pessoas preparadas para administrar Palmas e têm condições de fazer um bom trabalho, têm densidade eleitoral, Mas nós vamos primeiro conversar com os partidos para ver se a gente monta uma coligação para disputar a eleição de Palmas como cabeça de chapa ou apoiando alguma outra candidatura da base aliada. Mas, a princípio, defendemos a candidatura própria.

Em Gurupi, os socialistas têm predisposição de apoiar Josi Nunes, a candidata do PMDB?

Em Gurupi, o partido já está com conversações bem adiantadas com a deputada Josi Nunes, do PMDB. A tendência é apoiar a sua candidatura à prefeita de Gurupi porque entendemos que, hoje, o nome dela está bem respaldado, tem apoio da população e é da base do governo estadual e da base do governo federal. Então, a tendência do partido é marchar junto com a Josi.

E em Araguaína e Porto Nacional?

Em Araguaína, vamos ter um encontro do partido e fazer uma avaliação junto aos companheiros. Eles vão decidir o que é melhor para o município. É um município importante e nós podemos fazer coligação ou sair com uma chapa disputando a eleição. Temos lá o Zé Guimarães, que é um bom líder e está presidindo e conduzindo o partido de uma forma boa e vamos tentar fortalecer o partido. Em Porto Nacional, nós temos um grupo bom, estamos fazendo um trabalho e também faremos uma avaliação com os companheiros para definir. Hoje, nas três maiores cidades do Estado o partido aparece bem, pontua bem. Em Formoso do Araguaia, nós temos o Chico da Codeg, que hoje aparece em primeiro lugar nas pesquisas. É um forte candidato a prefeito. Formoso é um dos municípios importantes do Tocantins. Temos em Paraíso o ex-prefeito Hider Alencar que é do partido e tem todas as condições de disputar a eleição. Em Tocantinópolis, temos o ex-prefeito Evaldo Gomes, que aparece também em primeiro lugar nas pesquisas. São municípios importantes em que a gente percebe que temos candidatos competitivos. Vamos procurar incentivar da melhor forma possível a candidatura própria.

Em Araguaína, o pré-candidato do DEM, deputado Valuar Barros, está na frente nas pesquisas, mas existe uma celeuma entre o senhor e a senadora Kátia Abreu, por ter trocado o PFL pelo PSB. Esse problema já foi contornado?

É uma questão ideológica. O PSB é um partido socialista que trabalha com a mobilização das bases, que trabalha defendendo as pessoas mais humildes. Nós, socialistas, achamos que para resolvermos o problema do desenvolvimento do Brasil temos que ter uma política de melhor distribuição de renda. Temos que fazer com que uma camada maior da população passe a integrar o mercado consumidor e, para isso, é preciso fortalecer as camadas menos favorecidas do nosso Estado. Então, nossa questão com o DEM nada tem a ver com o fato de eu ter deixado o partido. Não temos nada contra a senadora. Trata-se de uma questão de ideologia, de doutrina partidária. Nosso partido entende que é outro caminho que nós devemos percorrer, e esse caminho não é o mesmo do DEM, um partido mais ligado aos grandes empreendimentos, à camada que tem poder aquisitivo melhor.

O senhor militou muito tempo no antigo PFL. Qual o motivo da opção pelo PSB?

Ideologicamente, comecei minha vida pública no movimento estudantil. Sou uma pessoa que venho de família tocantinense com muitas dificuldades e, na verdade, não fiquei muito tempo no DEM. Entrei lá no período da eleição. Na véspera, saí do PP, partido no qual militei por mais de 20 anos, quando o Estado do Tocantins foi criado. Comecei minha militância política no PMDB, mas houve a divisão do PMDB goiano. Um segmento ficou com Iris Rezende e Henrique Santillo e outro segmento, mais à esquerda, que era o do ex-governador Mauro Borges, fundou o PDC. Então, fui para o PDC. Depois da criação do Tocantins, veio a fusão do PDC com o PDS. Fui contra, na época. Defendi que o partido não devia fazer essa fusão, mas não teve jeito. Entendi que não devia mudar de partido e continuei no PP por muito tempo, até quando houve novo racha no Tocantins entre Siqueira Campos e Marcelo Miranda. O partido tinha o compromisso de ficar com o grupo do nosso governador Marcelo Miranda, mas a cúpula do partido foi em Brasília, negociou e deu o comando do partido para o deputado Darcy Coelho, que defendia a candidatura do ex-governador Siqueira Campos. Por isso, resolvi sair do partido e, como no tempo da criação do Tocantins o PP já tinha sido coligado com o PFL, achei que seria o caminho natural, para não ter atrito com minha base, até porque estava na véspera da eleição e eu entendo que em política é preciso ser objetivo. Como não dava para construir outro projeto em cima da hora, achei que o projeto que nos dava mais visibilidade era junto com o DEM. Só que eu não tive uma convivência boa no DEM, por questões ideológicas, devido a diferenças na maneira de pensar. Entendi que o partido não era o lugar em que eu deveria ficar. Passada a eleição, procurei um partido com o qual eu me simpatizo, que tem credibilidade, tem a confiança da sociedade brasileira, que é o PSB, um partido em ascensão. Analisando as últimas três eleições, percebe-se que o PSB tem feito mais deputados que na anterior, tem ganho eleição em municípios importantes do Brasil onde a consciência política é forte. Então, essas foram as razões que fizeram com que eu fosse para o PSB tentar construir um novo partido, um novo cenário na política do Tocantins. Entendo que é um dever nosso procurar levar o governo Marcelo Miranda para mais à esquerda, para mais junto do povo e dos movimentos populares.

O PSB não tem deputado estadual. A idéia é se fortalecer e em 2010 ter representação também na Assembléia Legislativa, é ampliar esse leque e ser um partido forte, um grande aliado do PMDB, do governo Marcelo Miranda?

Eu não tenho duvida disso. O partido hoje, inclusive, é a melhor opção para quem quer ser deputado estadual porque nós temos um partido com uma base boa, um deputado federal e um espaço muito bom, principalmente para quem quer disputar a eleição para estadual. Tenho certeza que iremos ter uma boa bancada na próxima eleição. Estamos trabalhando para isso e vamos nos fortalecer para que o partido tenha uma boa representação na Assembléia Legislativa, a partir da próxima legislatura. Queremos crescer, o PSB é um partido que busca o poder. Vamos lutar e hoje temos um forte candidato a presidente da República, o Ciro Gomes, um dos nomes mais respeitados desse país, um homem muito preparado. De todos os partidos de esquerda, ele é nome melhor posicionado e já tem apoio declarado do PC do B, do PDT, do PMN, PHS e vários partidos de esquerda, além do PT, que tem grande parte de aliados que defendem a candidatura do Ciro Gomes como ideal para representar os partidos de esquerda na próxima eleição.

O senhor é um parlamentar jovem e, por isso, deve ter pretensões de galgar postos maiores. O senhor pretende, por exemplo, postular a sucessão do governador Marcelo Miranda?

Comecei na política como vereador de uma cidadezinha pequena, Dueré, que tinha pouco mais de mil eleitores naquela época, e de lá pra cá, graças a Deus, tenho disputado muitas eleições e tenho tido sempre mais votos na eleição seguinte que na eleição anterior.

O senhor nunca foi reprovado nas urnas?

Graças a Deus, tenho tido boa votação, desde a primeira eleição que disputei. Minha votação só tem crescido e tem um fator que considero importante: sou um político que, onde o povo me conhece, sou bem votado. Na última eleição, talvez eu tenha sido o único deputado que, se nós tivéssemos distrito eleitoral, teria sido eleito pelo seu distrito porque eu tive uma boa votação onde as pessoas mais me conhecem. Isso me dá muita satisfação e a certeza de que nós, pelo menos, procuramos acertar porque ninguém melhor para referenciar o político que a população que o conhece de perto. No sul do Estado, onde já disputei várias eleições, sou sempre o mais votado da região. Isso me dá uma certa tranqüilidade em relação ao nosso trabalho, certeza de que nós estamos no caminho correto.

No próximo pleito, o senhor vai à reeleição, pode disputar uma das duas vagas de senador ou pode ser candidato a governador numa aliança com a base?

Nosso projeto é a reeleição. Estamos trabalhando para o fortalecimento do partido. Agora, nós sabemos a importância que é a cidade de Gurupi para uma eleição majoritária e defendemos uma presença da cidade na chapa majoritária. E evidente que não é necessário ser o nosso nome, pode ser o de algum companheiro que esteja melhor situado, e é evidente que isso vai ter peso. Não posso deixar de incluir meu nome como um dos possíveis para compor a chapa majoritária, apesar de eu trabalhar para minha reeleição de deputado federal. Esse é o meu objetivo: trabalhar para minha reeleição e ter uma grande votação na próxima eleição.

No primeiro ano de mandato, na condição de deputado federal, qual a sua posição no congresso?

Tenho me destacado no Congresso pelo trabalho municipalista. Consegui o que poucos parlamentares têm conseguido. No primeiro ano de mandato, já estou com 3 milhões de reais empenhados e com a perspectiva de conseguir emplacar, até o final do ano, mais 3 milhões de reais. Posso chegar ao final do ano com 6 milhões de reais empenhados para as nossas prefeituras. Isso vai trazer obras em diversas áreas, beneficio na área da saúde, na área de desenvolvimento rural, recursos para aquisição de retro-escavadeira para fazer cacimbas. Então, são várias as áreas em que nós estamos trabalhando, como saúde, educação, desenvolvimento rural, turismo. Estamos fazendo um trabalho no Estado inteiro, tentando desenvolver o Tocantins como um todo.

O fato de a senadora Katia Abreu criticar sistematicamente o presidente da República não complica a situação do governador Marcelo Miranda, que é um grande aliado do presidente Lula?

Entendo que ela está trabalhando contra os interesses do Estado do Tocantins, a partir do momento em que está priorizando seu partido em detrimento do Estado. O Tocantins é um Estado pobre, com muitas dificuldades e o presidente Lula é um aliado nosso, e um aliado que tem procurado ajudar o Tocantins da melhor forma possível, trazendo investimentos importantíssimos para o desenvolvimento do Estado. Cito como exemplo a Ferrovia Norte-Sul, além de ter liberado vários recursos para o nosso governador em várias áreas importantes para a nossa economia. Um Estado como o nosso não deve ir para a linha de frente da oposição. Até admito que as pessoas votem contra o governo federal, se acham que devem seguir orientação do seu partido, mas não ir para a linha de frente. Um Estado como o nosso tem que estar bem próximo do presidente Lula, até porque ele tem demonstrado muito respeito ao Tocantins e ao nosso governador.

O senhor começou na política como vereador.

Comecei na política como vereador. Na verdade, comecei na política estudantil. Fui estudar em Uberaba, onde fiz faculdade de Direito. Lá eu ingressei no movimento estudantil, chegando a ser presidente do diretório acadêmico. Quando retornei para o Tocantins, já entrei como candidato a vereador. Em 82, fui eleito vereador da minha cidade natal. Fui vereador durante seis anos e tive três mandatos de deputado estadual. Agora, estou cumprindo meu mandato de deputado federal. Faço política por vocação, é a atividade que escolhi porque entendo que é através da política que se pode ajudar na transformação da vida das pessoas, na transformação do seu Estado, da sua terra. Fico muito feliz quando chego à uma pequena cidade do nosso Estado e vejo que ela já tem alguma infra-estrutura, graças ao nosso trabalho. Isso nos dá muito orgulho e muita satisfação.

O PSB está preocupado com o segmento jovem. O que pode ser feito para que a juventude se interesse mais pela política partidária?

Acho que o jovem brasileiro, de uma forma geral, ainda participa muito pouco da vida política nacional. Entendo que a juventude deveria ter uma maior participação nos quadros da política nacional. Defendo uma maior iniciativa dos partidos políticos na criação de projetos para motivar esse segmento da sociedade. O projeto "Parlamento Jovem" da Câmara dos Deputados, por exemplo, que há quatro anos elege estudantes, entre 16 e 22, para vivenciarem a atividade no Parlamento e conhecerem sua importância para o exercício da cidadania de todos os brasileiros, é uma boa forma de incentivar a juventude a participar mais da política. O jovem tem de se envolver mais nas grandes decisões do país, assim como revigorar o quadro político com novas idéias. A criação do Parlamento Jovem contribui muito para o aprimoramento do conhecimento do jovem na política e conseqüentemente contribui para o Brasil. O Partido Socialista Brasileiro é exemplar por reunir na sua bancada o deputado federal mais jovem do país, Fernando Coelho Filho, de Pernambuco, eleito com 22 anos, e outros como Valadares Filho, de 26 anos, e Marcelo Serafim, eleito aos 29 anos. Seria importante que todos os partidos brasileiros incentivassem a juventude a preencher os quadros políticos de suas bancadas. Este é um anseio da sociedade.