O deputado Márcio Junqueira (Dem-RR) denunciou que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o ministro da Justiça, Tarso Genro e o ministro de Planejamento de Longo Prazo, Mangabeira Unger, proibiram a entrada do General Eliéser Monteiro, Comandante da Brigada em Roraima, na reserva indígena Raposa Serra do Sol em Roraima.
A exigência teria partido do Conselho Indígena de Roraima e da Igreja Católica. "O que fizeram foi um absurdo. Mais uma vez Roraima, de forma cruel e irresponsável, é agredida pelo Governo Federal, por meio de seus ministros, que demonstram total insensibilidade e despreparo para os cargos que ocupam", declarou Junqueira, em pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados, na segunda-feira, (10/03).
Junqueira afirmou que o Governo federal deu mais uma demonstração de que privilegia ONGs (Organização Não Governamentais) estrangeiras. “Alguém já imaginou um dia, que em nosso País, ministros nomeados simplesmente entregariam a nossa soberania nacional? Ou que o ministro da Defesa diria que um general comandante de uma brigada, responsável pela segurança do próprio Governo naquele momento não poderia adentrar naquela reserva, porque a ONG não concordaria?”, questionou.
O deputado criticou a postura dos ministros, pois segundo ele, proibiram o Exército brasileiro de adentrar em área do nosso próprio País. “Isso é muito grave, isso é muito sério”, disse Junqueira, pedindo que a Câmara dos Deputados posicione-se sobre este acontecimento.
Assembléia dos Tuxauas
O embarque do ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, da 1ª Brigada de Infantaria de Selva para a terra indígena Raposa Serra do Sol foi conturbado, no sábado. No último minuto antes dos helicópteros decolarem, parlamentares estaduais e federais e até mesmo o general do Exército Eliéser Girão Monteiro, comandante da Brigada, foram proibidos de acompanhar o ministro na visita que faria na Assembléia dos Tuxauas, realizada no Surumu.
A visita do ministro, que incluía ainda passagens pelos pelotões do Exército em Uiramutã e Pacaraima, estava agendada para depois do encontro realizado pela manhã na Brigada, onde ouviu lideranças indígenas, militares e rizicultores.
Alegando uma determinação do ministro da Defesa, Nelson Jobim, corroborada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, Unger informou que apenas o administrador da Fundação Nacional do Índio, Gonçalo Teixeira, o bispo de Roraima, dom Roque Paloschi e parte de sua própria comitiva estavam autorizados a participar da assembléia no Surumu. Os demais poderiam ir somente até Uiramutã. Sua segurança pessoal também sairia da responsabilidade do Exército e seria feita pela Polícia Federal.
A decisão revoltou o senador petista Augusto Botelho, o deputado federal Márcio Junqueira e o deputado estadual Ivo Som (PTN-RR), que acompanhavam o evento. Eles se negaram a realizar uma visita parcial e foram embora.
O General Monteiro registrou o desconforto mesmo desconforto, "quero que fique registrado que estou chateado com toda essa situação, pois onde há necessidade da segurança nacional, o Exército sempre se fará presente", lamentou.
Em resposta, Mangabeira pediu calma e compreensão. "É preciso serenar os ânimos. Não é possível atender a duas vertentes de forma unilateral. Já ouvi diversos segmentos da sociedade. Agora é hora de ouvir os indígenas. Se eles querem apenas a presença de minha comitiva, assim será. Em um outro momento, eles [indígenas] disseram que conversarão com vocês", frisou.
Da redação com informações Folha de Boa Vista