Não é apenas a crise internacional do trigo que surte efeito no bolso do brasileiro. Pesquisa divulgada pela Fundação Procon de São Paulo nesta terça-feira, 8 mostrou que a alta cotação da soja - motivada, principalmente, pelo advento do biodiesel - é responsável direta pelo encarecimento do óleo comestível feito do grão. Apenas para se ter uma idéia, em março o produto teve valorização de 4,48% no comércio paulistano.
Em nível nacional, a situação também é verificada. Segundo o coordenador do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal), Paulo Pichetti, nos 30 dias encerrados no dia 7 de abril, o produto já estava 8,27% mais caro, representando a sexta maior alta na análise por item do período.
Biocombustíveis
Em São Paulo, o recipiente com 900 mililitros do produto saía por R$ 3,03 no terceiro mês do ano, ante R$ 2,90 cobrados em fevereiro. Segundo o Procon, o preço do óleo de soja apresentou alta em praticamente todo o segundo semestre de 2007, sendo que, a partir de dezembro, as variações positivas foram mais acentuadas.
A preocupação a respeito do impacto dos biocombustíveis nos preços dos alimentos não é novidade. Diversas autoridades mundiais já se manifestaram sobre o assunto, como foi o caso do presidente da Nestlé, Peter Brabeck.
Vale lembrar que, a partir de 1º de julho, a proporção de biodiesel adicionado ao diesel aumentará de 2% para 3%. A medida virá sete meses depois de a mistura se tornar obrigatória. O consumo anual do combustível vegetal, feito a base de soja, passará de 840 milhões para 1,26 bilhão.
"A expectativa de que a China continue a comprar grandes volumes de soja fez com que as cotações disparassem. A alta dos preços do petróleo e o cenário de demanda crescente para óleos vegetais, por causa de seu uso nos biocombustíveis, também atraíram compras de especuladores e impulsionaram os preços", continuaram técnicos do Procon.
Bom momento
O fato é que o cultivo de soja vive um bom momento. A produção nacional de grãos do período 2007/08 já é superior em 17,7% o número do intervalo maior projetado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) no início desta safra, em outubro do ano passado.
Apenas para se ter uma idéia, a soja saiu dos 58,4 milhões toneladas da safra passada para 59,9 milhões de toneladas, um aumento de 2,7%.
Conforme o órgão, o principal motivo para a manutenção desse recorde está nas boas condições climáticas registradas nos últimos quatro meses e na melhor distribuição das chuvas em todo o País, principalmente no Nordeste. O aumento na produtividade da soja, impulsionado pelos "bons preços no mercado" e pelo uso de novas tecnologias, também contribui para esse crescimento.
Fonte: InfoMoney